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Luciana Felicori fala da consagração do Sabor A Mi através da comida afetiva

A correria do dia a dia nos força a entrar em ‘modo automático’ e por muitas vezes esquecemos os pequenos prazeres da vida, mesmo que seja no mínimo, momentâneo. Não é difícil fechar os olhos e relembrar da nossa infância, quando frequentávamos a casa de nossos avós, por exemplo. Quando crescemos, esses momentos ficam apenas na memória, mas o cheiro e o gosto sempre aparecem juntos com a saudade desses momentos felizes.
Essas lembranças da infância, através de sensações imortalizadas na memória, nos traz um conforto inexplicável e são capazes de nos transportar a um passado, mesmo que distante, imediatamente, e chamamos a isso de memória afetiva.
Juntando a paixão pela cozinha e a vontade de oferecer o melhor para seus clientes, a chef empresária Luciana Felicori abriu o restaurante Sabor a Mi, há 25 anos. Através de seu talento gastronômico, Luciana desenvolveu um cardápio voltado para a sensação de ‘sabor de casa’, trazendo conforto e satisfação de seus fiéis clientes, e assim, incutindo a experiência de comida afetiva
Nascida em Minas Gerais, Luciana foi criada em São Paulo, onde cursou a faculdade de Letras. Após casar-se com um amazonense, mudou-se para Manaus. Assim que deixou seu emprego de bancária, a mineira começou a se arriscar na cozinha a pedido de parentes e amigos, que acreditavam e apoiavam seu talento gastronômico.
Com muito esforço e coragem, Luciana deu início ao projeto Sabor A Mi, que se consagrou como um dos melhores restaurantes da cidade. O empreendimento permanece há mais de duas décadas no mesmo endereço, na nobre região do bairro Vieiralves. Hoje, a chef empresária nos revela sua trajetória e fala de seus primeiros passos na cozinha e sobre como o restaurante virou o negócio da família e envolveu todos os integrantes, além de seus futuros planos para seu negócio.

Quando você começou a cozinhar? Você possui formação na área ou foi aprendendo no dia a dia?
A minha formação de gastronomia é no meu dia a dia, de quando eu comecei há 38 anos, que foi do ‘zero’, porque gostava de cozinhar. Tínhamos a tradição de cozinha na família e assim, fui desenvolvendo minha aptidão. Então, ao longo destes 38 anos, tive lanchonete e pizzaria, onde fui desenvolvendo e aprimorando minhas habilidades.
Quando surgiu o Sabor A Mi, há quase 26 anos, eu comecei a fazer cursos esporádicos. Eu ia para São Paulo e fazia os cursos no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), além de Fortaleza e Manaus, claro.
Participei de feiras e workshops, sempre em prol da minha paixão pela cozinha que existe até hoje, eu não deixo de cozinhar. Fui formando meu ‘pessoal’ na cozinha e tive grandes cozinheiros. Montamos uma boa equipe.

Qual é o perfil de seu cardápio e a quem se destina?
Nós misturamos um pouco o cardápio. Temos a comida regional, internacional e comida de casa, por isso que se chama Sabor A Mi’, que é um sabor todo próprio, é um sabor que você tem em casa.
Então, o cliente, quando chega aqui ao nosso restaurante, ele sente o sabor de sua casa. Muitos já me disseram assim: “Você aprendeu esse Strogonoff com minha avó? Está igualzinho”. Outro chegou e disse: “Esse purê está igual ao que minha mãe fazia”.
São coisas assim, de família, porque são as minhas receitas. O Sabor A Mi é bem eclético. Nós temos advogados, nós temos juízes, nós temos pessoas do dia a dia, de escritório, médicos. É bem eclético mesmo.

“Todos os dias são renovadores, porque eu gosto do que eu faço”

Quando a gastronomia passou a ser o negócio da família? Como você conseguiu envolver seus filhos e marido no mesmo sonho e projeto?
O projeto de criação do restaurante Sabor A Mi iniciou em 1996 e foi simplesmente, por gostar de estar na linha de frente da cozinha. Na época, meu marido observou meu potencial e disposição, e apostou em mim. Ele disse: “Você vai tocar um restaurante” e a partir deste ponto, já virou um negócio da família.
Meus filhos eram pequenos e ao chegarem da escola, já vinham almoçar aqui e já se sentiam parte do negócio, ao ajudarem me ajudarem. Assim, eles já ficavam um período comigo para não ir para casa e assistir televisão, enfim, para não ficar fazendo nada.
Depois de certo tempo, já iam para outras aulas como aulas de inglês e esportes. Dessa forma, foram sentindo o ‘gostinho’. Hoje, todos já são formados em Administração, Economia e Direito, cada um seguiu o que queria fazer, mas, depois de formados, voltaram para mim.
Minha filha comanda um outro negócio, um outro restaurante; hoje meu filho mais velho, Ricardo, está comigo, me ajudando a comandar o ‘’Sabor A Mi’’, e o Leonardo, que é o filho do meio, comandava comigo os outros dois restaurantes que nós tínhamos, mas hoje ele tem um portfólio de entrega de vinhos. Minha satisfação é ver que eu continuo fazendo o que eu amo e minha família está comigo me apoiando.

Como a pandemia impactou seu negócio? Como o restaurante enfrentou esse momento difícil?
No início, em 2020, foi um impacto muito grande. Nós ficamos sem chão, sem saber o que fazer. Com tanta experiência no mercado, mesmo assim, nós não sabíamos nada. Então, levamos uns dias de muito impacto, com funcionários em casa e o restaurante fechado. Porém, já tínhamos experiência de entrega em domicílio, pois dois anos antes já fazíamos isso.
Nos reunimos e decidimos que iríamos nos reinventar. Nós retornamos apenas com entregas, enquanto o restaurante permanecia fechado por cerca de três meses. A partir daí, decidi que teríamos um novo cardápio partindo deste serviço.
Nós temos uma lista de clientes com os telefones com quem começamos a compartilhar o novo cardápio, através de mensagens. Todo dia eu montava um menu para poder fazer a entrega. Além do ifood, nós colocamos o nosso WhatsApp à disposição do cliente, e assim começamos a ‘renovar’ as entregas.
Com um novo cardápio, chamei apenas três funcionários e fiquei na linha de frente da cozinha. Voltei ao meu passado inicial, de 25 anos atrás, e me juntei a eles para conseguir superar essa crise. Em junho de 2020, o restaurante reabriu e estávamos subindo com os atendimentos, quando no final do mesmo ano, tudo fechou novamente. Foi um outro sufoco.
Então, nós estamos ‘pulando muitas fogueiras’, como diz o ditado popular, mas estamos conseguindo nos reinventar e dar continuidade ao o que eu fiz anos atrás. Meus filhos estão juntos comigo, estamos tocando o barco e fazendo o possível.

Onde está sua assinatura no restaurante? Qual sua marca e legado?
Meu legado é a formação dos meus filhos que estão juntos comigo, eles também gostam do que fazem, eles vibram com o que eu fiz, com o que faço e que ainda vou fazer. Todos os dias eu renovo meu cardápio e todo dia eu aprendo algo novo.
Para mim, é uma grande satisfação estar sentada aqui e ver o bufê bem servido, o atendimento correto e meus clientes sendo bem atendidos, assim, saio daqui com a sensação de dever cumprido, mas amanhã é outro dia. Todos os dias são renovadores, porque eu gosto do que eu faço.
Uma curiosidade sobre a identidade visual do restaurante é que ‘língua’ da marca, foi uma sugestão minha para representar a ‘satisfação’, desenvolvida anos atrás. Mas, sobre o lado profissional, considero que minha marca é de muito trabalho e de muita vontade.

“Minha satisfação é ver que eu continuo fazendo o que eu amo e minha família está comigo me apoiando”

Quais os seus projetos futuros?
Eu tenho um projeto de revitalização do Sabor A Mi, desde antes da pandemia, que me fez dar uma pausa neles. É uma cara nova, dar uma ‘modernizada’ no salão, mobiliário e utensílios, além de uma repaginada no espaço.
No cardápio, nós teremos outro serviço. Vamos continuar com o que temos de tradicional, mas iremos acrescentar outros serviços, que não posso revelar agora, será uma surpresa. Eu espero poder realizar em 2022.

Pedro Côrtes

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