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“koutakusei contribuíram para a região” diz Masahiro Ogino

Na quinta-feira, 04, aconteceu uma sessão especial na Assembleia Legislativa do Estado, com a presença do cônsul-geral do Japão, Masahiro Ogino, para comemorar os 90 anos da imigração dos koutakusei para o Amazonas. A partir dessa imigração, outros japoneses vieram para a região e desde então, graças ao seu trabalho, tem contribuído grandemente para o crescimento da economia da Amazônia, em especial do Amazonas.

Nessa entrevista ao Jornal do Commercio, o cônsul-geral falou um pouco mais sobre a relação do país do Sol nascente com a terra das matas e dos rios.   

Quem foram os koutakuseis e por que o governo japonês os mandava para tão longe?

Masahiro Ogino: Há 90 anos teve início a imigração japonesa dos koutakuseis, em Parintins. Esta foi a imigração japonesa pioneira na região da Amazônia Ocidental. Instalaram sua sede na Vila Amazônia. Dentro da comunidade Nikkei, os koutakuseis foram pessoas diferentes, que se formaram na escola superior no Japão como líderes dos imigrantes japoneses. Eles contribuíram para o desenvolvimento desta região através do cultivo e comercialização da juta, como principal produto agrícola. Com base nesta confiança, a atual comunidade nipo-brasileira e as empresas japonesas no PIM (Polo Industrial de Manaus) têm desenvolvido e impulsionado suas atividades. Depois de 90 anos de sua chegada, ainda podemos ver o legado de sua passagem por Parintins, como as escolas Ryota Oyama, Tadashi Inomata e Tsukasa Uetsuka e o Jardim Japonês. Por ocasião do aniversário de 80 anos da imigração, foi aprovada uma importante resolução na Assembleia Legislativa, pedindo desculpas aos koutakuseis pelo tratamento injusto que receberam durante a Segunda Guerra. Graças às significativas atividades da Associação Koutaku do Amazonas, que representa as famílias dos koutakuseis, há dez anos o Curso de Língua e Literatura Japonesa foi criado na Ufam. Hoje em dia Manaus é considerada a cidade mais ativa no ensino da língua japonesa no Brasil.

JC: A Amazônia e o Amazonas devem muito aos japoneses que vieram para cá nas décadas de 1930 e 1950 (agricultura) e depois na década de 1970 (com suas fábricas), trazendo sua força de trabalho. 

MO: Os agricultores japoneses cultivaram juta, o que trouxe prosperidade econômica à região. E ainda se dedicaram ao cultivo de verduras ajudando na alimentação da população. Hoje muitos japoneses continuam a trabalhar na avicultura. Com relação às empresas, atualmente mais de 40 empresas japonesas atuam no PIM. Elas marcam uma presença forte, ocupando uma boa parte dos investimentos estrangeiros, e gerando empregos locais, com 14 mil empregos diretos, o que representa aproximadamente 16% do total do Polo.

JC: Além da forte presença japonesa no PIM, de que outras formas o Japão mantém laços com o Amazonas? 

MO: Atualmente vivem cerca de 30 mil japoneses e seus descendentes no Amazonas.

A aprendizagem de língua japonesa é muito ativa em Manaus. O Curso de Língua e Literatura Japonesa foi criado na Ufam, em 2011, como curso de ensino superior. O ensino de língua japonesa foi implementado na E.E.T.I. Bilíngue Prof. Djalma da Cunha Batista (ensino fundamental) em 2016, e na E.E.T.I. Bilíngue Profª. Jacimar da Silva Gama (ensino médio) em 2019. Este ano também começaram a ser ofertadas aulas do idioma na Escola Municipal Terezinha Moura Brasil. No setor privado, a Escola Profª. Josephina de Mello e a Escola Japonesa de Manaus têm aulas de língua japonesa em sua grade curricular e os cursos para crianças e adultos da Associação Nipo-Brasileira da Amazônia Ocidental são bastante populares. O Consulado-Geral do Japão em Manaus organiza anualmente uma exposição sobre a cultura japonesa. Em fevereiro de 2022, será realizada a exposição ‘A beleza do artesanato de Tohoku, Japão’, no Centro Cultural Palácio da Justiça.

JC: Atualmente o Japão ainda tem interesse em brasileiros para trabalhar lá?

MO: Em dezembro de 2019, a região onde residia a maioria dos brasileiros no Japão era a província de Aichi, seguida por Shizuoka. Existem cerca de 280 mil estrangeiros na Aichi, dos quais cerca de 60 mil, ou seja 20%, são brasileiros. Isto porque em Aichi há indústrias manufatureiras que aceitam estrangeiros. Além disso, a prefeitura está trabalhando em prol de uma coexistência multicultural onde as pessoas possam aprender e trabalhar juntos e viver tranquilamente. Outrossim, há cerca de 30 mil brasileiros na província de Shizuoka. A cidade de Hamamatsu, província de Shizuoka, foi registrada como uma cidade anfitriã de uma sociedade simbiótica (intercâmbios em esportes, cultura, educação e economia) nas Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio, realizadas recentemente, e têm feito vários trabalhos desde 2016. Estão aceitando um pré-acampamento para 388 atletas paralímpicos brasileiros de 14 jogos por 21 dias. A iniciativa mais recente é um intercâmbio online entre o time de paracanoagem e grupos de torcida da cidade.

JC: Tirando os executivos do Polo Industrial, existem japoneses, como no passado, dispostos a vir para a Amazônia, ou é mais interessante permanecer no Japão?

MO: O Japão e os japoneses possuem muito interesse pela Amazônia, por isso o governo japonês alocou o Consulado-Geral do Japão aqui em Manaus. À parte dos Consulados da Colômbia e Peru, o nosso Consulado é o único que atua em Manaus com diplomatas japoneses. Entre as missões do Consulado, destaco a colaboração à comunidade local, através do programa chamado ‘Assistência a projetos comunitários de segurança humana’. Nesse programa o governo japonês apoia financeiramente projetos vinculados com melhorias nas necessidades humanas básicas em áreas como educação, apoio às pessoas com deficiência, assistência médica e abastecimento de água potável. Nos últimos dez anos o Consulado ofereceu o valor total de aproximadamente 1,6 milhão de dólares ao povo do Amazonas por meio desse programa. Além do nosso Consulado, a JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão) também atua no apoio às necessidades da sociedade brasileira. Recentemente a JICA fez uma doação de equipamentos médicos, como ventiladores pulmonares e monitores, à maternidade Balbina Mestrinho, e o evento de entrega destes equipamentos será realizado no dia 8 de novembro na maternidade.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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