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Jardins produtivos revolucionam o mundo, mas em Manaus empresários ainda se questionam 

Jardins sempre serviram para embelezar ambientes, mas ultimamente estes espaços dedicados às plantas estão tendo uma utilização bem mais importante, a produção de alimentos. São os chamados jardins produtivos, bastante comuns em países desenvolvidos, mas que só agora começam a chegar ao Brasil. Os jardins produtivos, além de embelezar como os demais jardins, podem abastecer as cozinhas das empresas com legumes, e até reduzir o calor em seu interior.

O engenheiro civil Joaquim Gouveia é um naturalista amante das panc, que há algum tempo percorre uma jornada divulgando o quanto essas plantas, menosprezadas pela maioria das pessoas, são importantes para a nossa saúde. Há três anos ele desenvolveu o projeto de um jardim produtivo, um gigantesco jardim, para ocupar a fachada de grandes empresas.

“Infelizmente falta essa visão ecológica para os nossos empresários. Vivemos numa região com a maior biodiversidade do planeta e as pessoas não sabem explorar isso de forma sustentável. Um dos empresários chegou a dizer que o jardim atrairia pássaros e estes iriam fazer cocô no ambiente”, lamentou.

Em um dos projetos o jardim produtivo ocuparia toda a fachada da empresa. Seriam utilizadas 20 variedades de plantas comestíveis. No projeto para duas outras empresas seriam três andares cobertos pelo jardim produtivo.

“Meus projetos são todos para a área externa utilizando plantas comestíveis, trepadeiras, com isso o ambiente fica muito mais bonito, e quando os legumes e frutas começam a nascer, o prazer de ter o jardim fica ainda maior. Os ganhos com esse jardim vão bem mais além, pois impactam até no consumo de energia”, contou.

Cabos de aço

Joaquim informou que, pesquisas indicam a diminuição de temperatura entre sete e oito graus para os espaços, no interior dos prédios, que ficam por trás do jardim produtivo.

“Ou seja, haverá economia no consumo de energia e a cozinha da empresa será abastecida com frutas e legumes fresquinhos. Entre as plantas que indico nos meus projetos estão o maracujá, o pepininho e o quiabo.

De acordo com a Embrapa, o Brasil é o primeiro produtor mundial de maracujá e a cultura está em franca expansão tanto para a produção de frutas para consumo ‘in natura’ quanto para a produção de suco. O pepininho, ‘primo’ da abóbora e da melancia, é fácil de cultivar, além de ser saboroso e crocante. Já o quiabo é pobre em calorias e rico em fibras. Pode ser comido direto da planta.

Nos jardins projetados por Joaquim, são instalados cabos de aço no alto dos prédios. Estes cabos descem até o chão. Horizontalmente também são instalados cabos de aço.

“Mas a estrutura pode ser toda de ferro. O contratante é quem decide o material que quer que eu utilize”, esclareceu.

Ainda na parte de cima existe um sistema de irrigação que pode ser acionado quando necessário. As trepadeiras podem ser plantadas em vasos, ou jardineiras, mas o ideal é que sejam plantadas diretamente no solo. Feito isso é só aguardar alguns meses para que elas cresçam, tomem conta de toda a fachada e passem a embelezar o local e fornecer alimentos orgânicos.

“Em São Paulo os jardins produtivos já são bem comuns, mas aqui em Manaus os empresários ainda não conseguiram enxergar o retorno que eles podem trazer para as a suas empresas”, lamentou.

Remédio em casa

Os jardins produtivos podem ser feitos em pequenos espaços, preferencialmente na fachada de prédios. No Japão a Kyocera reveste todos os seus prédios com jardins produtivos de pepininhos. Lá, o pepininho é considerado uma iguaria. Ainda no país oriental existem várias esculturas metálicas com até 25 metros de altura totalmente revestidas com trepadeiras e comestíveis.

“Essas esculturas possuem vários degraus e plataformas para facilitar a colheita dos frutos, flores e folhas”, contou.

Outras trepadeiras que podem ser trabalhadas são abóbora, melancia, feijão de vagem, ervilha, tomate cereja e vários tipos de melão.

Além de seu trabalho com o jardim produtivo, Joaquim se tornou um defensor e divulgador do potencial das panc (plantas alimentícias não convencionais).

Pesquisas indicam que existem cerca de dez mil espécies de panc nativas, no Brasil, mas o que vemos no prato dos brasileiros são saladas à base de verduras e legumes vindos de muito longe: tomate (Andes), alface (leste do Mediterrâneo), pimentão (México) e pepino (Índia), depois que temos uma infinidade de plantas comestíveis em nossos jardins, quintais e sítios.

“Uma das panc que eu destaco é a chanana, comum em qualquer terreno de Manaus, mas que estão desaparecendo devido à ‘cimentalização’ dos quintais e calçadas. Essa planta possui qualidades antivirais poderosas, que bem poderiam estar sendo utilizadas principalmente agora contra esse vírus influenza, ou seja, as pessoas têm o remédio em casa e não sabem”, finalizou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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