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Indústria renova confiança em setembro

Indústria renova confiança em setembro

A indústria renovou a confiança em setembro, sendo maior do que a registrada 12 meses atrás, em 19 de seus 30 segmentos. O retorno do otimismo aos níveis pré-pandemia é mais forte entre as grandes empresas e a indústria de transformação. Empresas da região Norte estão entre as mais confiantes, mas segmentos que carreiam o PIM tiveram desempenhos divergentes. Os dados estão no mais recente levantamento da ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial), divulgado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

O ICEI da indústria de transformação atingiu 62,6 pontos, ficando acima das marcas de agosto de 2020 (57,5 pontos) e de setembro de 2019 (59,5), além de emendar a quinta alta mensal seguida e ficar bem acima do ‘fundo do poço’ apresentado em abril (34,3). A indústria extrativa (59,9), por sua vez, avançou na variação mensal (57,2), mas ficou devendo na anual (63). O índice da CNI é calculado em uma escala de 0 a 100, sendo que todos os valores acima de 50 pontos indicam confiança.

Para subsetores fortes no PIM – como os de equipamentos de informática e produtos eletrônicos (63 pontos); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (63,1); químicos (64,3); produtos de material plástico (65); e bebidas (60,1) –, a confiança não apenas cresceu em relação a agosto, como também já está maior do que a registrada no período pré-pandemia de 12 meses atrás. Já o segmento de “outros equipamentos de transporte” (duas rodas) está entre os menos confiantes: registrou apenas 55,8 pontos, tendo alta sobre julho de 2020 (50,8) e queda ante agosto de 2019 (56,4). 

O ICEI da indústria da construção civil alcançou 56,7 pontos, após o incremento de 2,7 pontos apresentado em agosto (56,7 pontos). É a quinta alta consecutiva do índice, que acumula expansão de 21,9 pontos, desde abril, embora o percentual tenha ficado abaixo do de 2019 (59,3). Tanto a construção de edifícios (59,1), quanto as obras de infraestrutura (52,7) e os serviços especializados para a construção (56,7) tiveram desempenhos mensal positivo. 

“É importante notar que a alta da confiança foi generalizada, alcançando todos os setores. E aqueles que tinham confiança mais baixa, até por terem sentido com mais intensidade os impactos da pandemia, mostraram em setembro as maiores altas da confiança”, declarou o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, no texto de divulgação da pesquisa.

“Natureza arrojada”

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, considera que a euforia no setor é um fato e ocorre em razão de resultados de indicadores que são interpretados como dinamizadores da economia. “Os empresários, por sua natureza arrojada, estão otimistas e dispostos em investir na perspectiva de que os bons ventos continuarão, com aumento de consumo e continuidade nas reformas, por isso o aumento da confiança”, assinalou. 

No entendimento do dirigente, parte dos empresários industriais ainda se mantém cautelosa em razão de “indefinições e problemas”, como o repique inflacionário em produtos básicos, o persistente déficit público, e as perspectivas negativas decorrentes do encerramento do auxílio emergencial em janeiro – um recurso que vem sustentando parte da demanda nos últimos meses. Para Antonio Silva, contudo, o “grande cerne da questão” para manter a economia ativa está em debelar a pandemia, 

“Se tivermos boas notícias com o andamento dos testes de vacinas, certamente teremos motivação para crescer, reativando o consumo e a produção, além de gerar empregos, fatores suficientes para alavancar uma arrancada promissora para 2021. As perspectivas são de um novo ano com boas chances de ser muito melhor que o corrente. Portanto, a grande incógnita ainda é a eficácia no combate da pandemia”, afiançou.

“Demanda reprimida”

Em contraste, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, Nelson Azevedo, já havia reforçado, em entrevistas ao Jornal do Commercio, que o momento é de “recuperação”, e não necessariamente de “crescimento”. O dirigente, que também é vice-presidente da Fieam, salienta que o Polo Industrial de Manaus enfrenta dificuldades operacionais de desabastecimento de insumos em algumas linhas de produção para atender a demanda, além de trabalhar em capacidade reduzida em alguns de seus segmentos.

Já o presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), José Jorge Nascimento Júnior, já havia assinalou que a produção do polo eletroeletrônico vem sendo mais significativa mês a mês, passados os dias mais duros da pandemia. Segundo o dirigente, o aumento da demanda vem ensejando um “otimismo no ar”, mas ainda pairam dúvidas se o crescimento é consistente ou pontual – especialmente diante do prazo de validade do auxílio emergencial e políticas de manutenção de emprego. 

“As empresas estão trabalhando com quase a carga máxima de produção e baixíssima capacidade ociosa. Estão até faltando insumos, como aço e plástico. Entendemos que isso pode ser efeito de uma demanda reprimida, além do Black Friday e do Natal. Não sabemos se a retomada do consumo é sustentável. Precisamos ver o que vai acontecer no primeiro trimestre de 2021. O ideal é que tivéssemos as políticas de fomento ao emprego e ao consumo também no ano que vem”, arrematou.  

A pesquisa da CNC foi feita com 2.312 empresas em todo o país, sendo que 904 delas são de pequeno porte, 848 têm médio porte, e 560 contam com grande porte. O levantamento foi realizado entre 1º e 14 de setembro. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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