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Indústria mantém nível de importações

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Instagram: @jcommercio

A corrente de comércio exterior do Amazonas mostrou recuperação em junho. As exportações e importações somaram US$ 1.27 bilhão, superando os patamares de maio de 2022 (US$ 1.26 bilhão) e junho de 2021 (US$ 1.25 bilhão). As exportações foram encabeçadas por manufaturados do PIM, a exemplo de concentrados e motocicletas. Com isso, a Argentina liderou o ranking de destinos de produtos oriundos do Estado, ultrapassando a Venezuela. Em paralelo, as importações de insumos para o PIM estagnaram em todas as comparações. É o que revelam os números do portal Comex Stat.

A base de dados alimentada pelo governo federal informa que as vendas externas do Estado totalizaram US$ 84.993 milhões no mês passado, indicando altas de 9,78% sobre o mês anterior (US$ 77.417 milhões), e de 24,06% diante da marca de 12 meses atrás (US$ 68.509 milhões). As importações (US$ 1.185 bilhão), no entanto, mal se moveram (+0,42%) em relação ao mesmo mês de 2021 (US$ 1.180 bilhão) e também ficaram estatisticamente estagnadas (-0,25%) na comparação com maio deste ano (US$ 1.188 bilhão) – embora com viés de baixa.

A análise por pesagem das mercadorias mostra impacto significativo da variação cambial e da inflação na balança comercial do Estado. As vendas externas não passaram de 21,993 mil toneladas, sendo 17,89% mais baixas do que as do mesmo mês de 2021 (26,786 mil). Já as aquisições no estrangeiro subiram 8,09% na mesma comparação, com 217,434 milhões de toneladas (2022) contra 201,156 milhões de toneladas (2021). Em seis meses, a queda foi confirmada nas exportações (-12,74% e 135,132 mil toneladas) e houve estagnação nas importações (+0,24% e 1,268 milhão de toneladas).

Insumos e China

As importações de junho foram encabeçadas por insumos para o PIM, além de alguns manufaturados industriais. A lista foi puxada por circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 267.338 milhões), “óleos de petróleo”/diesel (US$ 131.838 milhões), discos, fitas e suportes para gravação de sons (US$ 94.099 milhões), celulares (US$ 546.900 milhões), componentes para televisores, celulares e decodificadores (US$ 53.922 milhões) e partes e acessórios para veículos de duas rodas (US$ 48.563 milhões). Apenas o quinto item regrediu valores, na comparação com junho de 2021.

A China (US$ 432.518 milhões) voltou a liderar o ranking de países fornecedores para o Amazonas, embora tenha reduzido em 19,49% as vendas em relação ao sexto mês de 2021 (US$ 537.239 milhões). Os EUA (US$ 202.227 milhões) se mantiveram no segundo lugar, logo à frente do Vietnã (US$ 115.611 milhões). Foram seguidos por Taiwan (US$ 64.439 milhões), Coreia do Sul (US$ 90.69 milhões) e Japão (US$ 59.878 milhões). Entre as nações citadas, Taiwan e Coreia também mostraram números menores do que os de 12 meses atrás.

Em entrevistas anteriores, o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, enfatizou que as importações costumam vir em uma crescente ao longo dos primeiros meses do ano, em paralelo com o aquecimento do PIM. “Eu diria que isso se deu mais por fatores de mercado. Há uma crise de oferta de insumos oriundos da China, por causa da política de covid zero e dos lockdowns por lá. É o maior fornecedor do PIM e, com exceção dos Estados Unidos, todos os demais também são países asiáticos. A variação do dólar entra como fator secundário”, analisou. 

O dirigente também descartou eventuais impactos da crise do IPI e atribuiu a redução de volume e valores nas vendas externas gargalo no fornecimento de insumos industriais chineses e, em menor grau, às oscilações do câmbio. “Não acredito que essa questão teve qualquer impacto. Pode ser que isso aconteça dentro de quatro ou cinco meses, mas vai depender mais das eleições do que outra coisa”, opinou.

Argentina e PIM

A Argentina (US$ 16.212 milhões) liderou a lista de destinos das vendas externas amazonenses, com acréscimo de 163,35% nas compras, em relação a junho de 2021 (US$ 6.156 milhões). A Venezuela (US$ 11.541 milhões) ficou em segundo lugar, mostrando recuo anual. Vale notar que, quando se levam em conta também os produtos vendidos pelo Amazonas ao país vizinho, mas não produzidos localmente (como óleo de soja e açúcares), os papéis se invertem. A lista inclui também Colômbia (US$ 11.219 milhões), EUA (US$ 6.923 milhões) e Alemanha (US$ 6.149 milhões) – todos com incrementos na comparação com o mesmo mês do ano passado. 

Preparações alimentícias/concentrados (US$ 16.252 milhões) lideraram o ranking das exportações do Estado, com acréscimo de 32,18% sobre igual mês de 2021 (US$ 12.295 milhões). Motocicletas (US$ 11.891 milhões) também estiveram no pódio, sendo seguidas por extratos de malte (US$ 6.150 milhões) e ouro (US$ 6.026 milhões) – todos com números melhores na variação anual. O mesmo não pode ser dito de “ferro ligas”/nióbio  (US$ 3.360 milhões), que caíram para a sétima colocação. Como dito, produtos não originários do Amazonas, mas vendidos por atacadistas locais à Venezuela também se destacaram, como óleo de soja (US$ 11.069 milhões) e açúcares de cana e beterraba (US$ 6.059 milhões).

Apesar da presença dos concentrados e das motocicletas nas primeiras colocações da pauta de vendas externas do Estado, os próximos manufaturados do PIM presentes na lista só aparecem na quinta, sexta, 13ª, 14ª e 15ª: máquinas e aparelhos de escritório, como distribuidores de papéis-moeda (US$ 4.974 milhões), barbeadores e lâminas de barbear (US$ 3.952 milhões), celulares (US$ 1.724 milhão), aparelhos de TV (US$ 1.086 milhão) e canetas (US$ 1.054 milhão), entre outros. A lista inclui ainda diversos componentes fabris.

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, Marcelo Lima lembrou que as vendas de ferro-ligas/nióbio se destinam principalmente à China (US$ 2.615 milhões) – que neste mês foi secundada apenas pela Estônia (US$ 744.560). A redução do volume de compras, entretanto, pode indicar menor formação de estoques de matérias primas para a indústria chinesa. O dirigente lamentou também o fato de o minério ainda ser exportado in natura, sem a injeção de qualquer valor agregado nesse processo. 

Em síntese, o gerente executivo do CIN/Fieam avaliou que os gargalos nas cadeias globais de abastecimento também influenciaram no comportamento das exportações. “Com maior dificuldade para conseguir insumos, o Polo Industrial de Manaus tende a reduzir produção e também as vendas, principalmente as externas. Há também as questões ideológicas e de políticas internas, que podem até influenciar em uma eventual redução de compras do Brasil. Mas, acredito que a tendência das nossas exportações é de estabilidade para este ano”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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