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Indústria avança na linha da confiança

Indústria avança na linha da confiança

Passado o que parece ter sido o pior momento da pandemia até aqui, diversos setores da indústria começam se mostrar mais otimistas. Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) informa que 25 dos 26 segmentos da manufatura brasileira melhoraram sua percepção e oito cruzaram a linha divisória da confiança. Segmentos que carreiam o PIM – como eletroeletrônicos, duas rodas, químicos e bebidas – estão entre eles.

Lideranças da indústria incentivada de Manaus ouvidas pelo Jornal do Commercio se dividem quanto à percepção do momento. Algumas confirmam que a recuperação a níveis pré-pandemia já é uma realidade. Outras, apontam dificuldades, como desabastecimento de insumos, fábricas fechadas e baixo nível de atividade. Mas todas concordam que, a despeito da luz sinalizada no curto prazo, o túnel da crise da covid-19 ainda não terminou – especialmente para os Estados que concentram a clientela dos produtos ‘made in ZFM’.

Vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus), Nelson Azevedo, confirma estar na torcida por uma recuperação plena e rápida do setor, assim como da economia em geral, mas considera que o momento atual ainda é de incertezas para o Polo Industrial de Manaus.

“Grande parte do Distrito está trabalhando de forma reduzida e muitas fábricas estão fazendo uso da MP 936 para reduzir jornadas ou suspender contratos. O polo relojoeiro está com pelo menos três de suas dez fábricas ainda paradas, em decorrência da queda de demanda que veio depois da pandemia e da crise. As que estão funcionando, trabalham com 30% de sua capacidade instalada”, lamentou Azevedo, que também já presidiu o Sindicato da Industrias de Relojoaria e Ourivesaria de Manaus.

Outro fator preocupante para o PIM, segundo o dirigente, é que, em virtude das paralisações generalizadas da indústria em todo o país, em abril e maio, o nível de produção de fornecedores para o Polo sofreu um hiato que já está se manifestando em desabastecimento para alguns subsetores, especialmente para os fabricantes de componentes.

“Hoje, já há desabastecimento de partes e peças em fábricas de alguns segmentos do PIM. Isso está acontecendo principalmente nos segmentos metalúrgico, e metalmecânico, assim como de outros componentistas, mas vai acabar se estendendo para fabricantes de bens finais, pois trata-se de uma cadeia. Esperamos que as coisas melhorem e que não soframos retrocessos, mas ainda vemos a situação atual com muita prudência”, alertou.

Esperando a retomada

O presidente do Cieam, Wilson Périco, não confirma a questão do desabastecimento, mas concorda que o polo relojoeiro vem sofrendo bastante e que seu nível de atividade está muito baixo. O dirigente salienta que outros segmentos apresentam desempenho melhor, mas ressalva que a retomada do PIM depende da velocidade de recuperação dos Estados do Centro-Sul, que respondem pela base consumidora da indústria incentivada de Manaus e registram repique nos casos e mortes por covid-19.  

“O polo relojoeiro já sofria antes, com a concorrência dos importados, e teve atividade reduzida pela pandemia. Duas rodas e eletroeletrônicos estão caminhando para uma recuperação. Mas também, não é para todo mundo, pois existem empresas que estão melhores que outras. Vamos acompanhando, há um otimismo grande. O jeito é esperar que os outros Estados atinjam o patamar que atingimos em relação à contaminação e que a retomada do comércio acelere e reflita nos empregos e na economia”, ponderou.   

Nível pré-pandemia

O presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Jose Jorge do Nascimento Junior, diz que o abastecimento de componentes, como placas, memórias, motores e compressores, não apresenta problemas e lembra que o polo eletrônico tem mix variado de insumos, inclusive importados. Sobre o uso de capacidade instalada, aponta que as fabricas já retomaram o nível pré-pandemia.

“Estamos aí com 30% de capacidade ociosa e os outros 70% das fábricas trabalhando a todo o vapor. É algo muito semelhante aos números de março. Estamos em uma situação diferente da vivida por outros segmentos, como o relojoeiro. Estamos tendo uma produção significativa, em decorrência do aumento da busca por produtos eletroeletrônicos”, asseverou.

Por conta disso, o presidente da Eletros assinala que há “um otimismo no ar” e que a expectativa dos fabricantes é que o subsetor tenha um fim de ano bem mais positivo do que o pessimismo projetado nos dias iniciais da pandemia. O único receio, prossegue o dirigente, é que os números se devam a uma demanda reprimida.

“Temos visto que o empresário está mais otimista e tivemos números bem interessantes no segmento, mesmo que esses crescimentos tenham sido ruins quando comparados a períodos de outros anos. Estamos aguardando os dados de agosto e setembro para ver se realmente está havendo uma retomada da economia”, arrematou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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