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Comércio aberto não melhora a confiança do consumidor

Comércio aberto não melhora a confiança do consumidor

A despeito da reabertura das lojas e do aquecimento no varejo local, a confiança do consumidor de Manaus se manteve estagnada, na virada de junho para julho, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio). A manutenção do índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) em um patamar baixo foi novamente reforçada pela percepção dos consumidores de menor renda. O desempenho da capital amazonense, contudo, foi melhor do que a média nacional, que sofreu queda.

O ICF de Manaus se manteve nos 56,5 pontos, mesma marca de maio e bem abaixo do patamar registrado em julho de 2019 (101). Pela terceira vez seguida, o número se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos). Na média brasileira, o indicador acumulou a quarta retração mensal consecutiva (-4%), atingindo o menor nível desde 2010 (66,1 pontos). No comparativo anual, também registrou o quarto recuo seguido (-26,4%) e está abaixo do nível de satisfação desde abril de 2015.

Ao contrário do ocorrido o mês anterior, apenas dois dos sete componentes do ICF caíram em Manaus: Nível de Consumo Atual (-9,6%) e Perspectiva de Consumo (-7%). Todos os demais retomaram a trajetória de alta, com destaque para Momento para Duráveis (+14,1%). Compra a Prazo/Acesso ao Crédito (+6,1%), Perspectiva Profissional (+4,7%), Renda Atual (+2,2%) e Emprego Atual (-0,1%) vieram na sequência.  

A capital amazonense ficou novamente abaixo da média da pontuação da região Norte (68,2 pontos), que apresentou reduções mensal (-6,8%) e anual (-26,9%). A maiores quedas percentuais frente a junho de 2020 (-12,9%) e julho de 2019 (-34,1%) se deram no Centro-Oeste, que também amargou a menor pontuação (61,5). Pelo terceiro mês consecutivo, nenhuma das regiões brasileiras apresentou crescimento ou sequer encostou na zona de satisfação.

Renda e crédito

Em Manaus, a estagnação se deu pela percepção negativa a respeito do consumo atual (22,6 pontos) – 87% das famílias estão comprando menos – e das tímidas perspectivas de consumo futuro (108) – 44,6 acham que será menor do que no ano passado e 52,6%, maior. O pessimismo é puxado pelo consumidor que ganha menos de dez salários mínimos, no primeiro caso, e por quem recebe menos, no segundo. 

Em relação ao emprego (86,6 pontos), a maioria ainda se sente menos segura (30,9%) ou está desempregada (33,5%). O mesmo se deu nas perspectivas profissionais (44,6 pontos), onde a percepção majoritária (75,2%) é negativa. A renda atual (é considerada pior do que a de 12 meses atrás por 81,7% dos entrevistados. Nas três situações, a insatisfação é maior entre as famílias com renda abaixo dos dez mínimos. 

Em tempos de aversão dos bancos ao risco, 54,3% dos manauenses afirmaram que a situação atual de acesso ao crédito (80 pontos) está mais difícil. Em sintonia, 88,8% das famílias ouvidas pela CNC garantem que este não é o momento adequado para aquisição de bens duráveis (21,7 pontos). Novamente, são os que ganham menos que apontam os piores números.

“Os efeitos da pandemia e da crise se fizeram sentir em Manaus, a partir de maio e a situação se repetiu nos meses seguintes. Vale ressaltar que o índice mostrou estabilidade neste último levantamento. Isso mostra que a tendência desta queda no Amazonas está arrefecendo. E, pelas nossas projeções, a partir de agosto e setembro, vamos ter uma recuperação, embora em marcha lenta. Vamos aguardar”, ponderou o assessor econômico da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas) e coordenador da pesquisa, José Fernando Pereira da Silva. 

Risco de inadimplência 

Em texto distribuído à imprensa, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, considera que os dados do indicador apontam para deterioração no mercado de trabalho, renda e consumo. “A insatisfação com emprego e renda já está impactando as perspectivas em relação ao futuro profissional para os próximos seis meses. Já o resultado sobre intenção de consumo, o quinto negativo seguido, está ancorado em um comportamento mais precavido das famílias, em função das incertezas econômicas e seus efeitos no longo prazo”, frisou. 

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, assinala que, assim como os comerciantes, os consumidores ainda sentem os efeitos econômicos da pandemia, que obrigou muitos estabelecimentos fecharem as portas. “Em um momento de contenção da renda, aumenta-se o risco de inadimplência das famílias. Esse efeito restringiu o mercado financeiro”, concluiu, defendendo a necessidade de medidas mais efetivas que deem fôlego a empresas e consumidores – especialmente na concessão ao crédito.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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