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Inadimplência das MPEs do Amazonas cai no 3º trimestre

A taxa de inadimplência entre os micro e pequenos empresários amazonenses voltou a cair, no terceiro trimestre. A procura das MPEs e MEIs por crédito aumentou novamente, assim como as concessões. As idas periódicas aos bancos se tornaram mais frequentes, em sintonia com a inflação e as vendas fracas, mas na contramão da alta dos juros. É o que mostram os dados da 12ª edição da pesquisa “Impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios”, conduzida pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa), entre 27 de agosto e 1º de setembro.

A parcela dos microempreendedores individuais, micro empresas e empresas de pequeno porte com dívidas em atraso no Amazonas caiu de 48% para 42%, na comparação do estudo do terceiro trimestre com o do segundo. Na outra ponta, entretanto, a proporção dos adimplentes disparou caiu de 35% para 30, enquanto a fatia dos que afirmam não possuir qualquer tipo de pendência financeira avançou de 17% para 22%. Na média nacional, a distribuição seguiu mais equitativa (31%, 35% e 35%, respectivamente).

Em contraste, 59% dos empreendedores do Amazonas já buscaram crédito, até o começo de junho, para garantir a sobrevivência dos negócios. Foi uma taxa semelhante à apresentada na virada de maio para junho (60%) e novamente ficou acima da média brasileira (51%). O Estado está caiu da quarta para a 11ª posição do ranking nacional nesse quesito, sendo que o menor número está em Roraima (30%) e o maior, no Amapá (80%).

Em paralelo com a elevação no nível de procura por crédito, o percentual de empreendedores locais com pedidos de empréstimos bancários negados diminuiu de 60% para 47%. A quantidade de solicitantes que conseguiu o financiamento avançou de 35% para 46%, enquanto a fatia dos que ainda aguardam resposta dos bancos (4%) praticamente se manteve estável em relação à pesquisa anterior (5%). Os respectivos números nacionais foram novamente melhores: 42%, 53% e 5% – e mal se moveram, na comparação com o levantamento anterior.

Demanda e concessões

Tradicional parceira do Sebrae, a Caixa Econômica Federal se manteve na terceira posição no ranking de procura dos MEIs e MPEs por financiamentos, no Amazonas. A estatal federal respondeu por 27% da procura local, abaixo dos 33% contabilizados em junho, e empatado com Santander. A maioria (35%) recorreu a “outros” canais não informados – embora bem menos do dado precedente (53%) –, ou ao Bradesco (33%). As colocações seguintes foram ocupadas por Banco do Brasil (22%), Itaú (17%), Sicoob (7%), Banco do Povo (4%) e Banpará (3%). O Sicredi não pontuou demanda.

O ranking das concessões de crédito no Amazonas, seguiu dinâmica semelhante e, assim como ocorrido no âmbito da demanda, foi liderado por pela opção “outro” (37%), mas a segunda posição foi ocupada pelo e Bando do Brasil (27%), em detrimento do Bradesco (22%) e do Santander (17%). A Caixa Econômica seguiu em um distante quarto lugar, empatada com o Banco do Povo (ambos com 11%), à frente apenas do Itaú (8%) e do Banpará (5%). Sicredi  e Socoob apareceram zerados, no ranking amazonense do Sebrae.

A sondagem também buscou saber a frequência da demanda por crédito em todo o país e constatou que demanda se mostrou mais frequentes. A maioria dos empreendedores amazonenses buscou empréstimos pela última vez em agosto (22%), junho (21%) e julho (17%) de 2021. O estudo anterior havia apontado que a mais recente corrida aos bancos havia ocorrido em 2020 – fatia que respondeu por 17%, desta vez. Na sequência estão os grupos de micro e pequenos empresários que recorreram ao crédito em março (7%), maio (6%), janeiro (4%) e abril (3%) de 2021. Na média nacional, a maioria busca capital desde o ano passado (36%).

‘Calotes’ e ‘quebradeiras’

Na análise do coordenador de Acesso a Crédito pelo Sebrae-AM, Evanildo Pantoja, a nova edição da pesquisa mostra um cenário ainda “muito preocupante” para o Amazonas, visto que um “número elevado” de empresas ainda se encontra com obrigações em atraso. A situação mostra tendência de piora, conforme o executivo, dados os sucessivos  aumentos da Selic e, agora, a correção para cima da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), dois fatores que tendem a encarecer empréstimos, retrair a atividade econômica e trazer riscos de mais ‘calotes’ e ‘quebradeiras’. 

“Além disso, a elevação da inflação reduz o poder de consumo das pessoas, dificultando ainda mais a retomada da economia. Apesar de uma quantidade maior de empresas ter tido acesso aos recursos disponibilizados, o custo está mais elevado, o que poderá aumentar ainda mais o número de inadimplentes. Muitas empresas ainda não conseguiram acesso ao crédito e estas continuam com um risco muito elevado de encerrar as atividades, no curto prazo. É algo que agrava ainda mais a crise econômica, porque implica em mais pessoas sem renda ou com pouca renda”, frisou.

Para Evanildo Pantoja, o governo federal deve manter a política de liberação de crédito para os empreendedores, mas precisaria rever as taxas, em face de uma inflação que se mostra resiliente e indutora de novas elevações nos juros básicos da economia brasileira – que se materializam em novos reajustes para o tomador de crédito bancário. “Consequentemente, fica mais difícil para as empresas manterem seus compromissos em dia. É o caso do Pronampe, que iniciou com a taxa de juros de 1,25%, mais uma Selic de 2,5% ao ano. Hoje, já é de 6%, acrescida de uma taxa básica de 6,25% anuais. Isso encareceu bastante o credito por meio desta linha de crédito”, concluiu.

Saiba mais sobre os empreendedores do Amazonas

A sondagem do Sebrae ouviu representantes de 6.104 micro e pequenas empresas em todo o país, assim como MEIs (microempreendedores individuais), sendo que 87 deles estão no Amazonas. Entre os entrevistados no Estado, 55% são MEIs, 37% estão à frente de microempresas (até R$ 360 mil de faturamento bruto anual) e 8% respondem por empresas de pequeno porte (de R$ 360 mil a R$ 4,8 milhões). A atividade de serviços (49%) é a mais comum entre eles, seguida por comércio (42%), construção civil (4%) e indústria (1%). Os negócios costumam ter mais de 10 anos (28%), de 2 a 5 anos (26%), de 5 a 10 anos (21%), ou de 1 a 2 anos (20%), enquanto apenas 4% contam menos de 1 ano. As estatísticas apontam ainda que o empreendedor amazonense é majoritariamente do sexo masculino (65%), tem de mais de 35 anos de idade (73%), conta com ensino superior incompleto “ou mais” (58%) e se declara da etnia “negra” (69%).

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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