Condições de semi-escravidão dos funcionários das operadoras de telefonia, assédio moral nos call-centers e suspeita de irregularidades nos contratos com as terceirizadas, que fazem a manutenção do sistema, foram as principais denúncias levantadas pela presidente do Sinttel-AM (Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações do Amazonas), Lacy Rocha, nesta terça (29), na Aleam (Assembleia Legislativa do Amazonas). A presidente foi ouvida na 2ª Oitiva da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia que apura a realidade dos serviços de telefonia fixa, móvel e de internet no Amazonas.
Lacy Rocha foi enfática em dizer que as operadoras estão preocupadas apenas com o lucro e não com a qualidade do serviço e que, por isso, não investem em melhores condições de trabalho e nem no próprio trabalhador. “Os funcionários ficam 30 dias por mês trabalhando sem folgas. No caso dos call centers a orientação é para se livrar do cliente. Quem trabalha no atendimento é gente nova de 17, 18 anos e fica até os 25, porque não existe plano de carreira nas operadoras”, disse.
Questionada pelo deputado estadual Sidney Leite (PROS), relator da telefonia fixa na CPI, do que poderia dizer sobre a manutenção dos aparelhos públicos (orelhões), a presidente do Sinttel afirmou que “alguém lucra com o defeito dos aparelhos” e que acredita que os reparos são feitos para cumprimentos de metas e com peças que vão dar defeitos dias após o reparo.
Para Sidney Leite, a resposta de Lacy Rocha comprova o que a CPI da Telefonia vivenciou no interior do Amazonas. “Nós temos no Estado quase 6,5 mil comunidades rurais e indígenas e o que observamos é que em muitas localidades o telefone público -quando existe -fica de dois a oito meses sem funcionar. Então, pela resposta do Sindicato, fica claro que as empresas não estão fazendo a devida manutenção do sistema”, afirmou o deputado.
O vice-presidente da OAB-AM (Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas), Marco Aurélio Choy, disse que eram gravíssimas as denúncias de Lacy Rocha contra as operadoras, o que configuraria um regime de semi-escravidão no trabalho. Choy foi a segunda testemunha a ser ouvida pela Oitiva. Ele relatou que a OAB está preocupada em como será feito o atendimento nos processos do interior do Estado, uma vez que 60 Comarcas no Amazonas estão ampliando a virtualização dos processos pelo Tribunal de Justiça.
“Essas Comarcas farão uso dos links do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) e para garantir que os advogados do interior possam acompanhar esses processos virtuais, a OAB está aos poucos dotando-as de kits com notebooks, impressoras e scaners, linkados no mesmo sistema”, explicou.
Funcionários denunciam empresas por abusos
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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