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Financiamentos imobiliários no Amazonas crescem em janeiro

Os financiamentos de imóveis no Amazonas com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) começaram 2021 em desaceleração, mas seguiram acima do patamar do ano passado. No total, foram liberados mais de R$ 75,44 milhões, 66,61% a mais do que o contabilizado no primeiro mês do ano passado (R$ 45,28 milhões). O desempenho sofreu um tombo sazonal de 34,32%, no confronto com os números de dezembro de 2020 (R$ 114,87 milhões). O Estado, no entanto, saiu-se pior do que a média nacional, em ambas as comparações.

O crédito imobiliário sustentado pela caderneta poupança atingiu R$ 12,29 bilhões em todo o país, avançando 72% na variação anual, em janeiro, sendo o maior volume nominal mensal para o mês na série histórica iniciada em 1994. A retração mensal (-29,7%), por outro lado, também ficou abaixo da registrada pelo Amazonas. Os números são da base de dados da pesquisa mensal da Abecip (Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) e foram fornecidos pela assessoria da entidade à reportagem do Jornal do Commercio. 

Já os resultados em termos de unidades financiadas levaram o Amazonas a bater a média brasileira. Em sintonia com a alta do crédito imobiliário – e os juros ainda em 2% –, houve um crescimento de 152,72%, na comparação de janeiro deste ano (465 unidades) com o mesmo mês de 2020 (184). E, diferente do ocorrido no volume de capital movimentado nas operações, o saldo da variação mensal diante de dezembro de 2020 (432) foi positivo em 7,64%, em quantidade de produtos vendidos.

Em todo o país, a quantidade de unidades financiadas com verbas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo avançou 97,43% na variação anual de janeiro, ao passar de 27.883 (2020) para 55.051 (2021). As operações se concentraram mais em aquisição (34.206 unidades) do que em construção (20.845) de imóveis. Os agentes financeiros, contudo, encerraram do primeiro mês do ano com resultado 1,56% abaixo do contabilizado em dezembro de 2020 (55.925). 

Pandemia e juros

O segmento vem de um ano aquecido no Estado, com crescimento de 52,98% – R$ 948,80 milhões (2020) contra R$ 620,20 milhões (2019). A mesma base de dados indica que a média nacional saltou de R$ 78,7 bilhões (2019) para R$ 123,97 bilhões (2020) na mesma comparação de períodos, uma diferença de 57,5%. Segundo a entidade, a performance brasileira também bateu recorde no ano passado, superando a marca de 2014 (R$ 112 bilhões) – ano de boom imobiliário, impulsionado pela realização da Copa do Mundo, em solo brasileiro. 

“O volume de financiamentos imobiliários em 2020 apresentou um crescimento da ordem de 58%. A nossa melhor previsão é uma nova expansão de 27%. Os números de janeiro vieram bem fortes para o mês, que normalmente é sazonalmente fraco. Mas, o resultado veio muito em linha com nossa previsão”, destacou a presidente da Abecip, Cristiane Portela, por intermédio de sua assessoria de imprensa.

Em depoimento anterior, Cristiane Portela assinalou que o crescimento do crédito imobiliário em 2020 foi favorecido pela redução do preço dos imóveis, pela mudança de comportamento trazida pela pandemia e, especialmente, pela queda no custo do dinheiro. Mesmo diante do reajuste da Selic, de 2% para 2,75% ao ano, e da sinalização do Banco Central de que deve retomar aumentos do mesmo patamar na taxa básica nos próximos meses, a dirigente avalia que o mercado deve seguir com viés de alta de vendas e de financiamentos, no decorrer do ano. 

“Acreditamos que as taxas de juros nos patamares atuais, ainda que tenha algum tipo de ajuste, em função da subida da Selic, facilita muito a aquisição da primeira moradia ou a troca por um imóvel maior. Neste período de pandemia, o que a gente está vendo é que os preços dos imóveis ainda estão relativamente atrativos, com essas taxas, e uma maior valorização do fato de estar em casa, seja para trabalhar, seja para o lazer. Esses fatores nos fazem acreditar nesse índice de crescimento”, asseverou. 

Vendas e estoques

O presidente da Ademi-AM (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas), Albano Maximo, destaca que o índice da Abecip é muito importante ao mostrar a disponibilidade de crédito para o segmento e lembra que o ano passado foi um dos melhores períodos para construção, venda e aquisição de imóveis, com juros baixos. “Agora, os números refletem a oferta de crédito, mas não resultado de vendas do mesmo período. Essa concessão está vindo de financiamentos realizados no ano passado, e que foram liberados em janeiro”, ressalvou.

Na mesma linha, o diretor da Comissão da Indústria Imobiliária da Ademi-AM, Henrique Medina, reforça que, por esse mesmo motivo, o incremento registrado em janeiro não poderia sofrer nenhum reflexo da segunda onda, que começou sua escalada sobre o Amazonas justamente na virada do ano. “Esses números refletem as vendas de novembro e dezembro de 2020. Certamente, fevereiro ainda vai ter algum volume relevante, mas não sei se vai ser maior do que o do mesmo mês do ano passado. Até porque, os bancos estavam fechados. Mas, as vendas de janeiro foram muito ruins”, ponderou. 

Albano Maximo lembra que os lançamentos imobiliários do Amazonas ainda estão estancados, em função dos aumentos de custos de materiais, mas considera que a situação deve estabilizar no segundo semestre, com viés de retomada. O presidente da Ademi-AM acrescenta, entretanto, que o desempenho dos estoques, que era motivo de preocupação para a entidade, dado o fato de que era de produtos de padrão mais elevado, vem sendo positivo.  

“No ano passado, tivemos um aumento de vendas de 18% nos imóveis e uma diminuição de 12% nos estoques. É um número bastante significativo. O padrão econômico continua sendo campeão de vendas e sempre será, porque essa é a necessidade maior do mercado. Mas, temos conseguido diminuir o estoque de produtos de ticket maior, o que significa que logo teremos lançamentos nessa faixa”, arrematou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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