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Feira da Eduardo Ribeiro virou cartão-postal da cidade e continua fervendo

No próximo mês a tradicional Feira de Artesanatos da Eduardo Ribeiro completará 22 anos de existência só tendo parado de acontecer, nesse tempo todo, em períodos distintos durante a pandemia. Desde abril do ano passado, porém, a Feira voltou a acontecer e, enquanto alguns permissionários reclamam de as vendas já terem sido melhores, outros comemoram o aumento delas.

As irmãs Sandra e Selma Barros mantêm uma barraca na Feira há 14 anos e disseram que “as vendas já foram maravilhosas há uns dez anos, mas que nos últimos tempos isso tem decaído, principalmente no retorno pós-pandemia”. As duas comercializam objetos de decoração e utilitários feitos com MDF, tudo idealizado e produzido por Sandra.

“Eu sou professora de matemática aposentada. Pra não ficar sem fazer nada, aprendi artesanatos a partir de MDF e consegui essa barraca, aqui na Feira. Desde então produzo meu material durante a semana e, aos domingos, estou aqui, para vendê-los. O que posso dizer das vendas é que, nesses 14 anos, tiveram momentos altos e baixos, agora, por exemplo, estão em baixa”, lamentou.

Sandra não tem ideia de quantos itens produz: são caixas nos mais variados formatos para se guardar bijuterias, chás, maquiagem, remédios, chaves, puxa sacos de papel, puxa papel toalha, entre inúmeros outros itens.

De olho nos pets

O casal de paraenses Deuzanice Pereira e António Freitas começou na Feira há cinco anos. Na época da pandemia estavam no Shopping Sumaúma e com o retorno da Feira, ano passado, voltaram para a Eduardo Ribeiro. Eles produzem bolsas e bonecas de pano.

“Comecei fazendo bolsas e as vendas foram aumentando, então passei para as bonecas, que vendem muito bem”, contou Deuzanice.

O casal trabalha em harmonia. Ele é moto-táxi durante o dia, enquanto ela produz o material para a Feira. À noite os dois trabalham juntos nessa produção.

Como empreendedores visionários, o casal fica de olho nas tendências. Agora, por exemplo, estão produzindo redes para pets e já idealizam roupas para os pequenos animaizinhos.

“Tudo que temos feito para os pets têm boa saída. Além das redes, produzimos esses cachorrinhos, de pano, para serem brinquedos não de crianças, mas de outros cachorrinhos de verdade. Agora estamos trabalhando na futura produção de roupinhas para crianças”, adiantou António.

Deuzanice credita o sucesso nas vendas à qualidade de seus produtos, tão perfeitos que parecem ter saído de fábrica.

“Primo pela qualidade, principalmente nos pequenos detalhes. O cliente precisa ficar satisfeito para voltar e comprar mais e ainda indicar meus produtos para outras pessoas”, ensinou.

 Isaías de Souza idealizou uma máquina que serve água de coco geladinha (Fotos: Evaldo Ferreira)

Inventou uma máquina  

Outro feirante com visão de empreendedor é Isaías de Souza Oliveira, o Negão do Coco. Isaías também começou na Feira da Eduardo Ribeiro há 14 anos, em 2008, vendendo lanches, mas nesse mesmo ano percebeu que os cocos tinham mais saída e davam bem menos trabalho do que os lanches. E Isaías tem mais um mérito. Ele idealizou uma máquina que serve água de coco geladinha.

“As pessoas sempre pediam só a água do coco, então idealizei uma máquina onde eu despejasse a água do coco dentro dela e a servisse através de uma torneirinha. Mas a água precisava estar sempre gelada, e eu não queria misturar o gelo junto com ela, para o cliente não reclamar. Então criei uma parede interna onde o gelo fica acondicionado ao lado da água, sem contato direto com ela. Como a máquina é de inox, a água de coco está permanentemente gelada”, contou.

Isaías revelou que na época das chuvas as vendas diminuem, mas voltam a crescer durante o verão. Sempre foi assim. Ele chega a vender 150 cocos por domingo, nos dias bons. Durante a semana seu carro do coco pode ser encontrado próximo ao Mercado Adolpho Lisboa, na rua Miranda Leão. E dos cocos ele ainda vende a polpa, para quem quiser fazer doces ou simplesmente degustá-las.

Artesanato e arte

Wigson Azevedo da Silva é o presidente da AFMAPAAER (Associação da Feira Municipal de Artesanato e Produtos do Amazonas dos Artesãos da Eduardo Ribeiro). Para ele, os permissionários sentiram bastante terem ficado sem a realização da Feira durante meses.

“Cerca de 30% não voltaram mais, ou porque procuraram outro meio de vida, ou porque não tiveram condições financeiras mesmo. Hoje temos entre 190 e 200 feirantes, sem falar dos que ficam na calçada da avenida, mas já chegamos a ter 400, entre a av. Sete de Setembro e a rua 24 de Maio. Esperamos que, com o tempo, esse número de feirantes volte a crescer”, falou.

A Feira da Eduardo Ribeiro é dividida, pela ordem, a partir da Sete de Setembro, entre os setores de alimentação; cama, mesa e banho; confecções; artes em geral; arte indígena e sebos; bijuterias e acessórios; infantil; bolsas, cintos e acessórios; e novamente alimentação. Cada feirante paga R$ 45, por mês e Wigson adiantou que a Associação está aberta a novos interessados, de preferência que traga produtos ainda não comercializados pelos demais setores.

“Hoje a Feira é um Patrimônio Cultural de Manaus, por isso estamos interessados em criar um setor somente para artistas exporem e venderem telas, esculturas e desenhos, naquela área próxima ao Teatro Amazonas”, concluiu.           

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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