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Exuberância no meio da mata

Perto de completar oito anos, o lodge Mirante do Gavião continua como um dos mais belos hotéis ecológicos da Amazônia

Evaldo Ferreira: @evaldo.am

Pousadas e hotéis ecológicos são conceitos recentes de hospedagens turísticas. Tais construções, para poder utilizar esse título, precisam estar situadas em locais onde é possível ter contato com a natureza e toda sua estrutura deve obedecer às práticas de responsabilidade social e ambiental. Na Amazônia, devem estar na floresta e próximas a algum rio. É o caso do Mirante do Gavião, localizado na cidade de Novo Airão, mas numa área de mata nativa e com uma vista espetacular do rio Negro e do arquipélago de Anavilhanas, ao longe. Não bastasse a visão privilegiada, o próprio lodge é de uma beleza arquitetônica como poucos na Amazônia. O projeto é do Atelier O´Reilly, escritório referência em arquitetura e urbanismo sustentáveis no Brasil há mais de 20 anos. Inaugurado em 2014, o Mirante do Gavião surgiu por acaso. Ele é fruto da visão empreendedora do engenheiro paulista Ruy Carlos Tone. No ano anterior, Ruy já havia investido no turismo em Novo Airão ao colocar sobre as águas o restaurante flutuante Flor do Luar, o único com autorização dos órgãos ambientais para permanecer naquela área do Parque Nacional de Anavilhanas.

Aventureiro e ambientalista, em 2004 Ruy fez as primeiras expedições pelo rio Negro, a bordo do barco Awape, que pertencia à Expedição Katerre Ecoturismo. Nesse mesmo ano ele se tornou sócio de Kleber Bechara, proprietário da Expedição Katerre. Em 2010 o paulista construiu o barco ‘Jacaré Açu’ também para realizar passeios turísticos.

“O escritório da empresa ficava no alto de uma encosta, exatamente onde hoje está o Mirante do Gavião. Então pensei em construir um bar e uma piscina, onde os turistas poderiam relaxar após o passeio de barco e a subida da encosta”, recordou Ruy.

Se tudo der certo, o hotel deve ser inaugurado em dois anos após a aprovação”

Ruy Carlos Tone – Engenheiro

Mirantes são destaque

Da ideia do bar e da piscina para a construção de um hotel, foi um pulo. Engenheiro, não foi difícil para Ruy encontrar profissionais capazes de construir uma magnífica estrutura num terreno em declive.

À medida que o hotel foi sendo construído, o foco dos negócios de Ruy mudou das expedições de barco para o hotel, todo construído com madeiras certificadas de Novo Airão, idealizado para proporcionar o máximo de relaxamento para seus hóspedes, tanto que são apenas 13 quartos com capacidade para cerca de 40 pessoas.

O conjunto do hotel é formado por vários ambientes, sala de estar, redário e jogos, e espaço wellness. Destaque, sem dúvida, para os símbolos do hotel, dois mirantes com mais de 15 metros de altura, de onde se vê a mata ao redor e o belo rio. Um dos mirantes já estava no local quando Ruy adquiriu o terreno e chamam a atenção os altos troncos de acariquara que lhe dão suporte. Quem escolher ficar no apartamento Casa na Árvore terá um mirante privativo.

Ainda em 2014, tão logo foi inaugurado, o Mirante do Gavião começou a receber premiações pela sua ousada arquitetura. O bar, inicialmente imaginado, deu lugar ao restaurante Camu-Camu, também com estrutura surpreendente e com cardápio assinado pela chef Débora Shornik que, em 2016, se tornou sócia de Ruy no restaurante Caxiri, em Manaus.

Atualmente, mais de 40 funcionários atuam no hotel, todos moradores de Novo Airão e no restaurante a matéria-prima dos sofisticados pratos regionais é inteiramente adquirida na própria cidade, promovendo a geração de emprego e renda locais.

A piscina, esta foi mantida, bem ao lado do restaurante, porém, mais para aqueles hóspedes que não sabem nadar, pois quem estando no Amazonas pode se furtar ao prazer de nadar nas águas mornas do Negro? Descendo a encosta, chega-se a um deck de onde pode-se atirar nas águas e desfrutar ao máximo a natureza com kayaks e stand-up paddle sempre à disposição.

Novo hotel no Madadá

E as expedições pelos rios da região continuam no Jaú, Jauaperi e arquipélago de Anavilhanas através dos passeios Trilha Aquática, Contemplação do Pôr do Sol, Focagem de Animais Noturnos, Seja um Local: Arte e Educação Amazônida, Árvore Gigante e Comunidade Tradicional Ribeirinha, e Grutas do Madadá.

Falando em Madadá, o próximo projeto de Ruy é a construção de um novo hotel no Madadá, região que fica entre Novo Airão e Airão Velho, povoado, hoje abandonado de onde, segundo a lenda, as formigas fizeram com que seus moradores abandonassem o local e construíssem uma nova cidade, Novo Airão, em 1956, a 100 km do antigo povoado.

Uma trilha pela mata leva até dois conjuntos compostos por blocos de rocha entremeados por vegetação, formando um cenário surpreendente conhecido como Grutas do Madadá.

“Ainda preciso da aprovação dos órgãos ambientais responsáveis pela administração do Parque Nacional de Anavilhanas. Se tudo der certo, o hotel deve ser inaugurado em dois anos após a aprovação”, avisou.        

Junto com Kleber e Ruy, os guias turísticos Noé Costa e Tito hoje também são sócios do empreendimento que homenageia o Gavião Real, maior ave de rapina do Brasil e uma das maiores do mundo que, com alguma sorte, pode ser vista voando naquelas paragens.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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