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Exército de voluntários tenta preservar rios e igarapés em Manaus

Corrigir distorções em uma cidade cuja população explodiu com o advento do modelo ZFM não é tarefa fácil. Manaus se expandiu de forma desordenada, impactando em poluição nos mananciais de rios e igarapés que cortam a cidade, que antes floresciam saudavelmente, mas que hoje estão tão contaminados, deixando um aspecto extremamente negativo para os visitantes.

Paralelamente, embora os esforços institucionais, grande parte dos habitantes não atende aos apelos por uma cidade mais limpa e conservada. Diariamente, são toneladas de entulhos que se acumulam nas correntes de água, gerando um odor fétido para quem passeia pelas proximidades.

São todos os tipos de descartes, desde animais mortos, garrafas pets, fogões, entre outros utensílios domésticos descartados. “Não adianta, a população não ajuda. Nem todos têm consciência de que despoluir igarapés e rios dá milhões de prejuízos aos cofres públicos, alimentados pelos contribuintes”, afirma a professora Magna Laísa, que ministra aulas no ensino básico. “É um desafio muito grande. Infelizmente, o problema se agrava a cada dia”, acrescenta ela.

Outra polêmica são as lixeiras viciadas a céu aberto em certas áreas de Manaus. A fiscalização da prefeitura tem fechado o cerco às irregularidades, mas algumas continuam recorrentes, sendo alvos de intensas reclamações por parte da população.

Porém, existe um exército de voluntários que buscam despoluir nascentes verdes em áreas da capital, sem ter nenhuma contrapartida governamental. São pessoas que percorrem lugares por onde passam córregos, rios, igarapés, catando lixo, e todos os tipos de entulhos que contaminam esses locais.

“Todos deveriam ter essa preocupação com o meio ambiente. Infelizmente, ainda há pessoas que não têm a menor preocupação em preservar”, diz Raulete Brito, técnica ambiental, que participa de um grupo de voluntários na capital. “É uma falta de educação total. Não há a menor sensibilidade”, lamenta ela.

A secretaria municipal que trata da demanda em Manaus garante que se empenha em manter a cidade limpa, salubre, e higienizada, mas a falta de conscientização é o maior problema para a efetivação dos trabalhos.

Alta dedicação

Para eles não importam adversidades quando a questão é lutar pela preservação do ambiente. Saem levando sacolas, luvas, botes e caiaques e pranchas. São os grupos de coletes verdes que se lançam em mais uma ‘Remada Ambiental’, reunindo pelo menos 160 voluntários para mais uma ação de limpeza na região da Marina do Davi, no bairro Tarumã, hoje em litígio na Justiça para retirada de flutuantes.

O local sofre com constantes ameaças com o descarte incorreto de resíduos. Segundo Jadson Maciel, fundador do projeto, a ação já dura sete anos, recebendo cada vez mais voluntários no Estado.

“A atividade já tem apoio da Fundação Amazônia Sustentável, além de patrocínio da Whirlpool e do Instituto Consulado da Mulher, ação social da marca Consul, Semulsp e muitos estudantes. Em sete anos, já contabilizamos cerca de 6 mil voluntários”, disse. “Quem vem, vem mais de uma vez”, acrescenta ele.

Na Betânia, bairro da zona sul de Manaus, os catadores recolhem diariamente garrafas pets, latas de cerveja, entre outros materiais reaproveitáveis, para vender a empresas de reciclagem.

Os catadores estão presentes em todas as áreas da capital, tanto no centro como nos bairros centrais e periféricos da cidade, contribuindo para a preservação do ambiente, embora sejam remunerados pela venda de embalagens descartadas.

“É assustador o quanto as pessoas não se preocupam em descartar latinhas, garrafas, nas lixeiras e nos locais apropriados”, diz o catador Emerson Silveira, que fatura alguns trocados vendendo o que recolhe diariamente para reciclagem. “Precisa de maior conscientização”, avalia.

Os catadores estão presentes em todas as áreas da capital

Expansão desordenada precipita desastres

Sem dúvida, a expansão desordenada coloca Manaus no topo das áreas urbanizadas com assentamentos precários no País, segundo estudo da rede de ONG MapBiomas.

Os dados apontam que a ocupação, sem a menor orientação por parte dos órgãos públicos, trouxe problemas ambientais graves, como a ocorrência de desastres naturais e outros processos de degradação causados pela ação do homem na capital do Amazonas.

Claro, em termos de desastres naturais, o problema não está restrito somente a Manaus, que reúne, hoje, uma população já superior a 3 milhões de habitantes, segundo estimativas do último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Regiões do Sul, Sudeste e Nordeste também sofrem intensamente com as adversidades climáticas, exigindo a intervenção do poder público (estadual e federal), inclusive do exterior, para auxiliar as vítimas das intempéries severas.

Marcelo Peres

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