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Escritora Danielle Soares lança o livro ‘Meninos-Árvores’

Acontece hoje, 15, às 10h, mais um lançamento da Editora Valer. Numa live a escritora Danielle Soares irá apresentar seu novo livro, ‘Meninos-Árvores’, infanto-juvenil, com ilustrações de Alessandra Veccia. Durante a live Danielle promoverá um bate-papo com alguns convidados, como o escritor Tenório Telles, a filósofa Neiza Teixeira e Paulinho Soares.

Escrito entre 2019 e 2020, o livro é uma homenagem à avó de Danielle que, sentada em uma cadeira de balanço, reunia os netos e contava uma infinidade de histórias acontecidas, ou ouvidas, no interior onde ela morou. Na ‘boca’ da noite, principalmente quando faltava luz, dona Joaquina sentava na cadeira de macarrão vermelha e narrava os causos que ultrapassaram gerações.

“Meninos-Árvores porque o fecho do livro são os meninos que tinham como ‘punição’ por transgredirem a uma regra ancestral, designada pelo guardião do povoado, a transformação em árvores. Então, resumindo essa metamorfose, e para que o título não fosse comprido, condensei em Meninos-Árvores”, explicou a autora.

Dona Joaquina contava essas histórias para os netos, entre eles Danielle, e certamente seus filhos também as haviam ouvido. Ela, por sua vez, herdara o hábito de sua mãe, conforme confirmou, histórias acontecidas na região do paraná do Limão do Meio, localizado no município de Parintins.

“Meus tios recordam das suas contações que, por vezes, comentamos uns aos outros, e agora ela conta para os bisnetos”, falou.

Histórias, por vezes assustadoras, como a do boto que saía do rio para encantar as mocinhas do interior isolado, de almas penadas, da cobra-grande, da morte misteriosa do seu pai, que era pescador, e tantas outras que mexiam com o imaginário e a emoção das crianças.

Importância da avó

“Hoje, consigo perceber que a minha avó jogou sementes da magia, da fantasia, do folclore e até do mito na minha mente. Agora adulta, tenho a consciência do seu enorme contributo para a minha formação como escritora infantojuvenil”, revelou.

O livro tem apenas uma história que é a dos ‘Meninos-árvores’. Danielle foi buscar o hábito da avó, não contando, mas escrevendo, sendo que a história escrita no livro não foi uma das ouvidas de dona Joaquina, tratando-se de uma criação da autora. O centro é uma rede sagrada, que começa quando uma avó, sentada na sua cadeira de balanço, narra a história dos Meninos-Árvores.

O livro tem apenas uma história que é a dos ‘Meninos-árvores’
Foto: Divulgação

“Eu não conto histórias, e sim, escrevo-as. Não tenho o talento para a oralidade, e, também, ninguém mais da família tem esse costume. Trocamos histórias sim, mas contá-las como a minha avó conta, é muito difícil. Quem nos dera dar continuidade a esse gesto tão rico e bonito”, declarou.

Em ‘Meninos-Árvores’, Danielle transfigura-se, por intermédio do fantástico fenômeno revelador da memória latente ou criada no fluir da escrita, em criança pequena, atenta às contações de causos da avó, que ela ouviu, quando adolescente, morando em Manaus. Para a escritora, a avó é uma sábia e carismática senhora que ensina a arte de viver antenada aos movimentos da natureza.

“Indico o livro para todos os que se sentirem convidados à leitura. É claro que foi escrito para um público específico, mas quando o leio, constato que ele não tem qualquer limitação de tempo, lugar ou faixa etária”, afirmou.

Paixão pela escrita

Danielle Soares nasceu em Parintins, mas atualmente mora no Porto, em Portugal. É graduada em filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Quando de sua estada na Holanda, escreveu seu primeiro livro, ‘Guri, o garoto que amava a lua’. No Porto, ela é professora de yoga e se dedica a escrever, uma de suas paixões.

Sobre as avós, doces velhinhas do passado, ela não sabe se as de hoje ainda tem a magia das de antigamente. Considera a questão bem complexa, principalmente porque não tem contatos com tantas avós para responder a 100%.

“O que posso dizer é que a figura da avó já não tem tanta importância como no meu tempo de menina. Os avós eram, para mim, para os meus irmãos e meus primos, as pessoas que devíamos respeito e até um certo receio, pois sabíamos que se não fizéssemos como o devido, o resultado não seria positivo e haveria punição”, recordou.

Durante a infância e a adolescência, Danielle foi criada com os avós, por isso considera normal que a figura deles tenha uma dimensão significativa em sua vida.

“Não sei se antes as avós eram melhores ou piores, mais ou menos presentes, só sei dizer que, de um jeito ou de outro, devemos respeitá-los, pois eles também são responsáveis por estarmos aqui”, revelou.

Para a escritora, ‘Meninos-árvores’ é um livro para ser lido em voz alta, de preferência utilizado em rodas de conversas entre leitores iniciantes e iniciados, porque é importante e necessário à formação de novas gerações de leitores, porém, “sem que se tire dele o lugar propício, também para a imersão em águas silenciosas e profundas do leitor mais introspectivo”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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