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Empregos formais aumentam no Amazonas em setembro

O saldo de empregos formais no interior do Amazonas voltou ser positivo, entre agosto e setembro, além de aumentar em relação ao levantamento anterior. Na série com ajuste, o número de contratações (+1.253) superou de longe o das demissões (-844), com a criação de 409 postos de trabalho com carteira assinada – em resultado superior ao de agosto (+384 vagas). Como de hábito, no entanto, o desempenho perdeu de longe para Manaus (+3.863 e +0,95%) – que voltou sustentar a alta do Estado (+4.302 e +0,97%). 

O número de cidades amazonenses com mais admissões do que desligamentos na variação mensal foi de 30, patamar inferior à estatística apresentada em julho deste ano (40). Ao menos 13 foram na direção contrária e as 18 restantes estagnaram – contra 11 e 10 no mês anterior, respectivamente. Os dados são da edição mais recente do ‘Novo’ Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). 

No acumulado do ano, o desempenho do interior na geração de vagas celetistas se manteve no campo positivo, em sintonia com o Estado e a capital. Enquanto Manaus conseguia gerar 27.065 vagas com carteira assinada entre janeiro e setembro de 2021, correspondendo a 93,19% do total do Amazonas (29.044), os demais municípios amazonenses responderam pela fatia restante, ao criar 1.979 postos de trabalho formais, dado o predomínio das admissões (+9.553) sobre os desligamentos (-7.574).

Em 12 meses, os municípios do interior do Amazonas apresentam acréscimo de 1.433 empregos com carteira assinada, graças a um total de contratações (+12.124) também acima dos desligamentos (-10.691) – mas com uma folga menor do que no acumulado do ano. Em paralelo, a capital amazonense já acumula 36.184 postos de trabalho formais a mais em relação ao período precedente, correspondendo a 96,19% do total gerado pelo Estado (37.617), no mesmo período.

Estoques dos municípios

Entre as 30 localidades amazonenses que conseguiram contratar mais do que demitir, seis tiveram saldo de dois dígitos no número de vagas registradas na variação mensal, outras duas registraram acréscimos de três dígitos na série sem ajustes. Os melhores resultados vieram de Iranduba (+141 vagas e e alta de 7,19% ante agosto) e Itacoatiara (+103 e +2,10%), seguidos de longe por Presidente Figueiredo (+44 e +1,33%). Em contraste apenas Boca do Acre (-17 e +1,10%) e Tabatinga (-17 e -0,62%) tiveram saldos negativos de dois dígitos.

Em nove meses, 44 municípios do interior amazonense ficaram no azul, 17 no vermelho e nenhum estagnou – contra 43, 16, e 2 no mês anterior. Presidente Figueiredo (+455 e +15,64%), Itacoatiara (+323 e +6,90%), Humaitá (+238 e +11,82%), Iranduba (+168 e +8,68%) e Manacapuru (+148 e +4,89%) lideraram com folga a lista de criação de empregos formais. No outro extremo, as Santo Antonio do Iça (-28 e -19,58%) Codajás (-18 e -23,38%) e Alvarães (-15 e -20,55%) responderam pelos poucos cortes de dois dígitos.

Em termos de estoque de empregos com carteira assinada, excluída a capital (414.745), o somatório dos seis maiores municípios do Amazonas responde por quase metade de todo o volume de empregos com carteira assinada contabilizados no interior (38.196). A lista inclui Itacoatiara (5.027), Presidente Figueiredo (3.372), Manacapuru (3.168), Tabatinga (2.725), Parintins (2.511) e Humaitá (2.241). 

Indústria em alta

Assim como ocorrido nos cinco meses anteriores, todos os cinco setores econômicos pelo “Novo Caged” conseguiram saldos positivos no Amazonas, na passagem de agosto para setembro. Desta vez, o interior conseguiu acompanhar o Estado. A indústria saiu de meses seguidos no vermelho para registrar o maior saldo de setembro (+196) – depois de eliminar 130 vagas, em agosto. A performance foi puxada pelas indústrias de transformação (+143), extrativas (+15). Os serviços (+114), por outro lado, voltaram à segunda posição e desbancaram a agropecuária (+45), enquanto comércio (+35) e construção (+19) ocuparam as colocações seguintes.

No acumulado dos nove meses iniciais deste ano, a indústria em geral (+45) também trocou de sinal, mas se manteve entre as últimas posições, empatada com a construção (+45). O setor de serviços (+843) continuou sendo a maior oferta de postos de trabalho celetistas no interior do Estado – com destaque para o grupo que reúne informação, comunicação e as atividades de financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+445) e pelo segmento de transportes e correio (+108). Comércio (+611) e agropecuária (+435) vieram na sequência.

Os municípios líderes de crescimento voltaram a ter dinâmicas econômicas diferentes entre si. Na variação mensal, Iranduba (+141) foi alavancado especialmente pela indústria (+126) – com destaque para a indústria alimentícia (+7o) e na divisão de coleta, tratamento e disposição de resíduos (+54). Já Itacoatiara (+103) teve sua geração de empregos com carteira assinada sustentada também pela indústria alimentícia (+65), mas com ajuda da construção de edifícios (+29) e comércio varejista (+22), em detrimento dos serviços em geral (-16). 

O mesmo se dá no acumulado de janeiro a setembro. As contratações de Presidente Figueiredo (+455) tiveram amparo no desempenho da agropecuária  (+343) – principalmente pelo cultivo de soja em lavouras temporárias (+341). Em menor grau, a indústria extrativa de minerais metálicos (+113) e não metálicos (+35) também ajudou. No mesmo período, Humaitá (+238) criou mais empregos formais em obras de infraestrutura (+90), na administração pública (+50) e no comércio (+54), especialmente o varejista (+44).

Dependência e sazonalidade

Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), professor universitário e consultor empresarial, Francisco de Assis Mourão Junior, reforçou que a dependência dos municípios do interior é crônica, em que pesem as estruturas e vocações diferenciadas. Para o economista, tirando Itacoatiara, Coari, Tefé Parintins e Humaitá, as demais localidades ainda carecem de políticas de desenvolvimento para criar empregos e acabam gerando saldos pontuais e aquém do crescimento vegetativo das localidades. 

Também em conversa anterior com a reportagem do Jornal do Commercio, o presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas) e consultor empresarial, Marcus Evangelista, apontou que o aquecimento do último trimestre pode ajudar a atenuar um quadro em que boa parte das localidades ainda depende dos contracheques da prefeitura. Mas, o economista avalia que a maior parte da oferta deve se dar na Região Metropolitana de Manaus, especialmente em pequenos negócios de comércio e serviços. A exceção seria Humaitá, graças à força do agronegócio. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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