27 de julho de 2024
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Em busca do valor econômico sustentável

Pesquisas buscam escalabilidade, novos produtos e desenvolver potencialidades da Amazônia

 Por Lilian D’ Araujo 

@lydcorr

No coração da floresta amazônica, um movimento inovador está ganhando força, impulsionado pela união entre tecnologia e sustentabilidade. Institutos de pesquisa, desenvolvimento, fomento e inovação estão cada vez mais apostando no potencial econômico que a floresta amazônica tem, quando conservada e mantida em pé. Na vanguarda da atuação a partir de Manaus, estão CBA (Centro de Bionegócios da Amazônia), InUEA (Incubadora de Empresas da Universidade do Estado do Amazonas) e FAS (Fundação de Desenvolvimento Sustentável), em comum, esses órgãos têm o olhar para o interior e para as empresas de base inovadora ou projetos de bioeconomia na região.

CBA

O órgão que já foi alvo de polêmicas e entraves jurídicos, o CBA hoje aproveita sua mudança de foco, anteriormente um centro de biotecnologia, agora voltado para os bionegócios, e marca uma transformação significativa que promete gerar impactos duradouros na região.

A base dos projetos do CBA está enraizada na sustentabilidade, valorizando a biodiversidade e promovendo o compartilhamento de benefícios com as populações tradicionais e os povos originários. Segundo a Diretora de Bionegócios do órgão, Andrea Lanza, o plano de ação atualmente foca em pesquisas para transformar as descobertas científicas em produtos comercializáveis. O objetivo, segundo ela, é criar uma cadeia produtiva eficiente e escalável, trazendo inovação para o mercado de bionegócios. “Todos os projetos que atualmente estão sendo desenvolvidos, que foram desenvolvidos ou as pesquisas que estão sendo trabalhadas, estão buscando essencialmente essa vertente, de trazer para o mercado uma escalabilidade, através das pesquisas, trazer também para o mercado novos produtos, transformar as pesquisas em produtos, qualificando até mesmo a cadeia produtiva”.

Um dos focos é a compreensão das cadeias produtivas locais, com a ambição de expandir esse entendimento para toda a Amazônia Legal. A análise dessas cadeias produtivas não só busca melhorar a eficiência e a escalabilidade dos produtos, mas também contribuir para a formulação de políticas públicas que valorizem e movimentem essas cadeias. Andrea ressalta que o desenvolvimento sustentável é uma ideologia central do CBA. “Temos desenvolvido aqui, inclusive, pesquisas com a utilização de resíduos, para indústrias, quer seja na confecção de novos produtos, embalagens, partes dos produtos que são realmente industrializados, comercializados, inclusive, enquanto oferta para o próprio polo industrial.

Bioeconomia como nova matriz econômica

O governo federal já definiu a bioeconomia como uma nova matriz econômica dentro de sua política industrial, e os projetos do CBA estão alinhados com essa direção, segundo Andrea Lanza, a começar pela prospecção nas cadeias produtivas existentes nos mais variados pontos da Amazônia. “Hoje a economia é voltada para os produtos biológicos, em princípio. Mas não só isso, principalmente em se tratando de Amazônia, a nossa biodiversidade sendo inserida nesse contexto. Estamos tentando entender um pouco dessa questão da cadeia, não somente do ponto de vista do meio para o final, que a gente fala de mercados, de produtos, mas também já da base, das comunidades. O foco são os mercados da biodiversidade, os mercados realmente voltados para os bionegócios, que é o nosso grande fundamento”.

FAS

A busca por soluções inovadoras também mira o interior do Estado. A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é a principal janela de observação, pesquisa, desenvolvimento comunitário, empreendedorismo social e tecnológico focado no interior da região.

Em 2023, os trabalhos socioambientais da FAS beneficiaram mais de 80 mil pessoas na Amazônia e 130 jovens foram formados em 15 oficinas de audiovisual e educomunicação.

Os programas e projetos da FAS, que se estendem pelas frentes de educação e cidadania, saúde, empreendedorismo, entre outras, têm como foco a conservação da floresta em pé e a valorização dos povos amazônidas.

“O Relatório de Atividades 2023 apresenta um retrato do fazer sensível e sistêmico da FAS, que se traduz em resultados concretos para a Amazônia, da educação à conservação ambiental”, resume o superintendente-geral da FAS, Virgilio Viana.

Resultados

No ano passado, a FAS desenvolveu 47 ações educativas, que envolveram 8.647 pessoas na Amazônia, incluindo estudantes, docentes e moradores de municípios, bairros periféricos e comunidades ribeirinhas e indígenas. No segmento da saúde, em 2023, no estado Amazonas, 633 consultas médicas, em enfermagem e psicologia, e 621 orientações a profissionais de saúde foram realizadas através do sistema de telessaúde.

No turismo de base comunitária, protagonizado por associações e famílias em Unidades de Conservação na Amazônia, a FAS oferece assessoria técnica, acesso a linhas de crédito e investimentos em formação e estruturas de hospitalidade em comunidades ribeirinhas. Em 2023, os negócios nessa modalidade turística apoiados pela FAS tiveram um faturamento de R$ 5.453.473 milhões.

O órgão investe em infraestrutura comunitária, adequadas às realidades de comunidades e aldeias indígenas na Amazônia. Estruturas como o Solar Community Hub, formado por contêineres com conectividade de internet e movidos à energia solar para mais 1,6 mil pessoas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Amapá. O sistema oferece cursos de formação profissionalizante e, em 2023, envolveu 140 jovens e adultos da reserva em mais de 770 horas de capacitação.

Conservação Ambiental

Em 2023, o Programa Guardiões da Floresta expandiu suas atividades para 28 Unidades de Conservação no Amazonas, chegando a 591 comunidades e localidades e a mais 11 mil famílias no estado. A política pública é uma iniciativa do governo estadual, através da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA-AM) com implementação da FAS. Além do pagamento por serviços ambientais prestados, os moradores das Unidades de Conservação recebem capacitações e investimentos em fortalecimento comunitário e cadeias da bioeconomia amazônica.

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Com 16 anos de experiência em programas e projetos de conservação e desenvolvimento sustentável na Amazônia, a FAS segue ampliando sua atuação e contribuindo com soluções em pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil e em países pan-amazônicos. A fundação integra um movimento para o estabelecimento de uma área de proteção ambiental em El Mismi, no Peru, onde está a nascente do Rio Amazonas. A região atualmente sofre os impactos da crise climática com o derretimento das geleiras. Em outubro de 2023, foi apresentada ao governo peruana a proposta de criação da área.

InUEA

Inovação hoje, tanto a tecnológica quanto à ambiental e de saúde, é de suma importância para o nosso país, principalmente em busca do desenvolvimento econômico. A InUEA vem desempenhando um papel importante no fomento e desenvolvimento de projetos, negócios e pessoas”, explicou o novo coordenador do órgão, Neuler André.

O coordenador explica que, atualmente, as empresas que se desenvolvem dentro da incubadora são voltadas para inovação na saúde animal, saúde humana, alimentação, energia, entretenimento e desenvolvimento de fintechs. “Hoje temos mais de 20 empresas incubadas. Já tivemos cases de sucesso, de empresas que saíram por alcançar a maturidade, tração e conquistando o espaço no mercado. Atualmente, estamos atuando forte na prospecção de novos parceiros, financiadores e potenciais investidores para os projetos”, garantiu.

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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