As declarações feitas pelo deputado federal, Francisco Praciano (PT) de que, no Amazonas, existe um “mensalão institucionalizado’, com envio de dinheiro para entidades ligadas a deputados, caíram como uma bomba na ALE (Assembléia Legislativa do Estado). Deputados reuniram-se para protestar sobre a atitude do parlamentar, a qual, consideram ‘lamentável’, segundo o deputado Marco Antônio Chico Preto (PP) que declarou: “O que acontece, em Brasília, está em outro paralelo”.
Para Chico Preto, a afirmação do deputado Praciano tem a intenção de “pegar carona” no lamentável episódio do governador de Brasília, José Roberto Arruda, para fazer denúncias contra o governo estadual, a Assembleia Legislativa, o TCE (Tribunal de Contas do Estado), o MPE (Ministério Público Estadual), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ONGs e a igrejas.
Chico Preto defendeu as instituições amazonenses que prestam serviço à sociedade e disse que esta atitude de Praciano está longe de ser exemplar. “Ele foi pouco prudente e pouco sensato”, comentouressaltando que também repudia o fato ocorrido no Distrito Federal e registrado pela imprensa, mas que é preciso ter cautela com o assunto. “Entendo que o deputado está querendo externar seu sentimento de repulsa pelo que está ocorrendo em Brasília. Acho que o episódio no governo do DF, fragiliza o Legislativo e a relação do político com o Poder Executivo, mas precisamos ter cautela. Acho que é uma forma leviana dizer que no Amazonas tem a ‘institucionalização do mensalão’, com instituições constituídas para prestar serviço”, disse ele.
Francisco Praciano declarou que existem entidades ligadas a políticos e que recebem recursos públicos do Estado. Ele criticou a inércia da OAB-AM diante de tantos casos de corrupção e cobrou para que a Ordem, que acaba de ganhar nova diretoria, exerça seu papel de autoridade e ajude a população a repudiar crimes de corrupção no Estado.
Praciano ainda acusou a Assembléia de não fiscalizar o Ministério Público e de compactuar com o crescimento da corrupção no Amazonas.
Sabá Reis defende colegas e diz que Praciano não estava sóbrio
O presidente da Casa, deputado Belarmino Lins (PMDB), fez questão de repudiar a denúncia classificada por ele como “leviana e irresponsável”.
“A Assembleia tem pautado suas ações dentro dos parâmetros constitucionais. Portanto, quero repudiar e protestar contra notícias que tentam macular a imagem da Assembleia e dos deputados. Aqui não houve, não há e nem deverá existir mensalão e nem mensalinho”, assegurou o presidente.
Deputados da base aliada também fizeram protestos veementes da tribuna. Sabá Reis (PR) disse que “Praciano cometeu desatino e que não estava sóbrio ao fazer a denúncia, porque quando está sóbrio age dentro da normalidade. “Lamento profundamente”, disse ele, assegurando que Praciano tem muito ‘gogó’ e que esse discurso é idêntico ao que faz na cachaçaria do Dedé.
Carlos Alberto (PMN) também desclassificou a denúncia. “Não dá nomes, não apresenta provas nas suas acusações. Estou surpreso e sem entender. É lamentável essas denúncias”, disse.
Para o deputado Nelson Azedo (PMDB), o deputado federal ataca instituições sérias como MPE, OAB, Apae, igreja católica e coloca tudo numa vala comum. “O deputado federal foi infeliz ao atacar instituições que são sérias”, assegurou.
Base aliada ameaçada
O líder do PT e do governo, Sinésio Campos, colega do deputado federal Praciano, também criticou o parlamentar afirmando que ele não teve prudência como teve o presidente Lula nas suas colocações quanto ao episódio de corrupção, em Brasília. O que o deputado federal petista fez, na avaliação de Sinésio, provocou um ‘trincamento nas relações institucionalizadas na base aliada do governo’. “Não temos o direito de fiscalizar e não achincalhar os poderes”, afirmou, demonstrando ainda mais a tendência de ‘racha’ dentro do partido do Presidente Lula.
A única voz destoante nos discursos sobre as denúncias de Praciano, foram as do deputado Luiz Castro (PPS), que compôs uma chapa junto com o deputado federal para concorrer às eleições de 2008 em Manaus. Castro apenas discordou da expressão ‘mensalão institucionalizado’, porque dessa forma, o deputado generalizava a denúncia e afirmou não ter percebido nenhuma crítica à nenhuma igreja.
“Ele coloca que elas precisam ser objetivas e se fazer mais presentes”, garantiu ele, assegurando que Praciano denunciava entidades relacionadas especificamente a deputados.
“Nesse ponto ele é bem contundente. E interessante, ele critica veemente a OAB, e em relação ao Ministério Público e Tribunal de Justiça é lento, como a Justiça é lenta em todo o Brasil”, explicou.