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De jornaleiro a empresário

De jornaleiro a empresário

Com 14 anos de idade, o garoto Leocário Lopes começou a sentir vontade de ter seu próprio dinheiro. Naquela época, há quase 30 anos, vender jornais ainda dava para ganhar uns bons trocados. E foi o que ele fez, indo trabalhar como jornaleiro pelas ruas da Cidade Nova, onde morava.

“Eu trabalhava para um senhor que tinha uma banca no bairro. Depois de mais ou menos um ano, evoluí, pois passei a ficar na banca, fazendo as vendas. Até hoje a banca está lá, no mesmo lugar”, disse.

Quando Leocádio tinha uns 15 anos, padre Pedro, da igreja de São Bento, o convidou para trabalhar na paróquia, como secretário, e com pouco mais de um ano o encaminhou para o Pró-Menor Dom Bosco, projeto da Igreja Católica que ajuda jovens em vulnerabilidade social. Pelo projeto o garoto foi contratado como Menor Aprendiz, pelos Correios.

“Lá evoluí bastante, pois fiz vários cursos, inclusive de marketing, e fui o único Menor Aprendiz a integrar o coral dos Correios, formado só por funcionários”, lembrou.

Quando completou 18 anos, Leocádio teve que sair dos Correios. Também saiu de casa, e casou.

“Fui procurar emprego numa loja de azulejos e tinha vaga para vendedor, mas eu? (pensei), sei falar dois idiomas (olha a pretensão). Não aceitei. Três meses depois, ainda desempregado, voltei à loja. Agora só tinha vaga para vendedor externo. Aceitei. E saía pelas ruas, no sol quente, levando o pesado mostruário de azulejos”, riu.

Vendedor nato

Seis meses depois Leocádio desistiu de vender azulejos e conseguiu outro emprego de vendedor, porém, de produtos bem mais leves: embalagens plásticas, sacolas, sacos de lixo e afins.      

“Aí eu ganhei dinheiro. Com um ano comprei meu primeiro carro e o dinheiro sobrava, ficou melhor ainda quando, com 21 anos, saí dessa empresa e fui para outra, vender café para as redes de supermercados”, contou.

“Um dia, uma gerente da empresa para a qual eu vendia embalagens plásticas, lá de São Paulo, me ligou. Falou que as vendas das embalagens haviam caído assustadoramente, em Manaus, desde que eu saíra da empresa. Disse para eu dar um jeito de ir a São Paulo, participar da Fispal, maior feira de alimentos, bebidas e embalagens da América Latina”, completou.

Leocádio comprou a passagem no cartão de crédito de um amigo, para pagar de doze vezes, e dois meses depois estava em São Paulo, visitando os estandes da Fispal, junto com a gerente que o chamara para ir até lá.

“Desde quando eu comecei a vender embalagens plásticas, descobri que tinha facilidade para conversar e convencer, sem falar que eu gostava muito de vender. Só na Fispal consegui a representação da empresa de embalagens plásticas, para a qual eu trabalhara como vendedor; de uma empresa de filmes de embalagens, estas de São Paulo; e de outra de sacos de lixo, da cidade de Cabedelo, na Paraíba”, revelou.

Seis meses depois o proprietário da fábrica de embalagens veio a Manaus para saber como Leocádio vendia tanto o seu produto, como nunca havia acontecido antes. O rapaz chegava a vender toneladas de embalagens. Leocádio se empolgou tanto com as representações, que chegou a ter 22 delas, mas logo percebeu que era melhor representar poucas, que vendiam muito, do que muitas com vendas menores.

Uma cadeira na Câmara

Em 2004, com apenas 24 anos, Leocádio abriu sua primeira empresa, a Leoplast Representações Ltda. e manteve apenas as duas maiores representações: a de sacolas impressas e a de filmes para embalagens, cada uma destas com dezenas de itens que a Leoplast distribui para as grandes redes supermercadistas de Manaus.

“A partir de 2010, muitas fábricas de São Paulo começaram a vir para Manaus, e eu passei a, também, ser o distribuidor delas”, informou.    

Há cinco anos o empresário resolveu investir na área gastronômica, inaugurando o ‘Espetinho & Chopp’, servindo somente os famosos espetinhos, porém, com um diferencial em relação aos espetinhos encontrados nas esquinas de Manaus, com preços bem populares e carne de terceira.

“Os nossos são servidos num ambiente diferenciado, com os espetinhos gourmetizados, preparados com filé, língua, cupim, picanha, lombo e linguiça suínos, e outras carnes especiais”, listou.

O sucesso foi tanto que, menos de um ano depois, Leocádio inaugurou o segundo ‘Espetinho & Chopp’. Ano passado, nova investida do empresário, agora no ramo hoteleiro, quando se tornou diretor executivo do Tropical Business, na Ponta Negra. Atualmente Leocádio enfrenta mais um desafio na vida, e como homem de negócios: conquistar uma cadeira na Câmara Municipal de Manaus.

“O segredo do sucesso é você não ter medo de investir e ter foco no seu empreendimento, aprendendo com os erros. Todas as experiências que tive na vida, desde quando comecei como jornaleiro, moldaram o empreendedor e empresário, que consegui me tornar em menos de 20 anos”, ensinou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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