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Corrente de comércio exterior do AM retrai pelo quarto mês consecutivo

Corrente de comércio exterior do AM retrai pelo quarto mês consecutivo

Os impactos econômicos da pandemia brecaram a corrente de comércio exterior do Amazonas pelo quarto mês consecutivo, em julho. Por um lado, as exportações esboçaram recuperação e avançaram em todas as comparações, inclusive com melhor posicionamento de manufaturados do PIM no ranking. A má notícia é que as importações voltaram a andar para trás, em sintonia com o menor nível de atividade da indústria incentivada de Manaus. A conclusão vem dos dados do governo federal disponibilizados pelo portal Comex Stat.

Em julho, as vendas externas do Amazonas totalizaram US$ 72.07 milhões e foram 29,83% melhores do que as de junho (US$ 55.51 milhões) e 30,18% acima do registro de exatos 12 meses atrás (US$ 55.36 milhões). O Estado ainda conseguiu sustentar uma alta de 5,92% no acumulado dos sete meses do ano (US$ 408.88 milhões), frente ao patamar do mesmo período de 2019 (US$ 386.01 milhões).

Já a contabilidade das compras do Estado no estrangeiro foi de US$ 743.94 milhões em julho de 2020, correspondendo a um acréscimo de 20,51% frente a junho de 2020 (US$ 617.30 milhões). O comparativo com o mesmo mês do ano passado (US$ 930.06 milhões), por outro lado, foi novamente na direção inversa e apontou para piora de 20,01%. Os valores também caíram no aglutinado até julho e passaram de US$ 6.07 bilhões (2019) para US$ 5.39 bilhões (2020), uma diferença de 11,20%. 

As importações do Estado foram encabeçadas por circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 129.24 milhões), partes e peças para televisores e decodificadores (US$ 120.95 milhões), celulares (US$ 73.04 milhões), máquinas e aparelhos de ar condicionado (US$ 27.47 milhões) e platina em formas brutas ou semifaturadas (US$ 25.05 milhões). Apenas o primeiro e o terceiro item expandiram volume em relação a 12 meses atrás. 

A China voltou a encabeçar a lista de países fornecedores para o Amazonas, no mês passado, mas com queda de US$ 347.92 milhões (2019) para US$ 327.49 milhões (2020). Na sequência, vieram Vietnã (US$ 83.16 milhões), Coreia do Sul (US$ 59.95 milhões), Estados Unidos (US$ 49.88 milhões) e Taiwan (US$ 44.27 milhões) – os três últimos com retrações frente a julho do ano passado.

“A pandemia, que começou afetando o PIM pela falta de insumos, ainda está prejudicando o nível de produção do Distrito, mas pelo lado da demanda. Ainda há muitos Estados em que o comércio ainda não abriu ou teve de voltar a fechar por motivo da pandemia. Mas, em que pese os efeitos da crise, os números são compatíveis com padrões mundiais e não preocupam”, ponderou o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima. 

Concentrados e motocicletas

Preparações alimentícias/concentrados (US$ 14.38 milhões) voltaram a liderar a lista de exportações do Estado, embora tenham voltado a atingir valor ao de 12 meses atrás (US$ 18.20 milhões). Na sequência vieram motocicletas (US$ 9.25 milhões), óleo de soja (US$ 6.28 milhões), açúcares de cana (US$ 5.15 milhões), ferro-ligas (US$ 4.44 milhões) e extratos de malte (US$ 4.12 milhões) – com queda apenas para este item e o primeiro. Os próximos manufaturados do PIM nessa lista foram aparelhos de TV (US$ 3.10 milhões) e barbeadores (US$ 2.38 milhão) – na oitava e 11ª posições do ranking, respectivamente.

Venezuela (US$ 23.64 milhões) e Colômbia (US$ 13.12 milhões) lideraram a lista de destinos das vendas externas amazonenses – ambas com crescimento sobre o ano passado. Estados Unidos (US$ 7 milhões), Argentina (US$ 5.69 milhões) e China (US$ 4.02 milhões) vieram na sequência, sendo que apenas o país vizinho não veio com números mais fortes do que no ano passado. 

O gerente executivo do CIN-AM disse que o incremento entre junho e julho era esperado, mas ficou surpreso com a intensidade da alta, embora nem tanto com a liderança da Venezuela e com a nova queda de posições da Argentina. Em relação ao reposicionamento da Colômbia, o executivo avalia que a tendência é que o país vizinho se torno mais importante para a balança comercial amazonense, em razão de seu apetite por manufaturados do PIM e por contar com uma economia mais balanceada.

“As vendas de itens como óleo de soja e açúcares se devem a um acordo entre supermercadistas do país vizinho e atacadistas com sede em Manaus e contemplam produtos que não são fabricados por aqui. No caso da Argentina, o país já vinha de uma crise antes da pandemia e só piorou, por isso as oscilações. Já a Colômbia vem comprando muito por aqui, não apenas concentrados, como também motocicletas, e sinaliza interesse por eletroeletrônicos”, analisou.

Recuperação lenta

De acordo com Marcelo Lima, a tendência de curto prazo é que os efeitos da pandemia nas importações do Amazonas comecem a perder força no final deste mês ou, mais tardar, em setembro, em razão do calendário da indústria e da aproximação das datas festivas do fim de ano. Há, no entanto, menos certezas em relação ao ritmo de expansão das exportações.

“A emissão de certificados está crescendo e vejo uma tendência de que os países vizinhos comecem a, gradualmente, comprar mais manufaturados do PIM. Mas, a pandemia ainda está em curso e, apesar de vermos demanda reprimida, nem todos os produtos estão aptos às vendas online do e-commerce. Acredito que as exportações devem continuar aumentando e fechar com saldo positivo. Não sei se será significativo ou apenas vegetativo”, concluiu. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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