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Continente esquecido

Dando continuidade ao tema abordado na coluna de ontem, outro acontecimento recente digno de destaque no que toca ao desenvolvimento dos países latino-americanos foi o livro “Forgotten Continent: The Battle for Latin America´s Soul”, de autoria do jornalista britânico Michael Reid, ex-correspondente da revista “The Economist” no Brasil.
O livro, recém-lançado pela Yale University Press e ainda não editado em português, retrata a experiência de 25 anos cobrindo a região, 15 dos quais na condição de correspondente da revista no México, Peru e Brasil. A obra pretende ser uma reflexão dessa vivência, com informações de primeira mão sobre os esforços regionais para construir sociedades mais democráticas, justas, prósperas e competitivas.
Em recente entrevista, Reid afirmou que há na América Latina “um processo de avanço social e de construção democrática que, embora tenha alguns problemas, está progredindo”. Disse ele “Embora tenha havido muitos sobressaltos nos anos 1980 ou 1990, a inflação foi vencida, as economias foram abertas, o ambiente mundial melhorou e agora são vistos os frutos. Para muitos países latino-americanos é o melhor momento em toda uma geração”.
O livro, fruto de longos anos de reflexão, começou a ser escrito quando as perspectivas eram mais negativas e o jornalista acha que agora é “um bom momento para lançá-lo porque a figura do presidente venezuelano Hugo Chávez e a chegada de governos de esquerda após as últimas eleições despertaram o interesse pela região”.
Na opinião de Reid, “Embora em alguns países tenham surgido governos de esquerda radical-populistas, a grande maioria tenta um caminho de reformas democráticas que incorpora muitos aspectos do Consenso de Washington mesmo sem chamá-lo por esse nome, mas incluindo elementos novos de políticas sociais e industriais”, acrescentando: “O Consenso de Washington se equivocou em não reconhecer o papel que corresponde ao Estado em educação, pesquisa e desenvolvimento, atividades necessárias para conseguir uma economia dinâmica e competitiva. O grande problema da América Latina é que o Estado não foi reformado e as políticas públicas têm baixa qualidade”.
Para Michael Reid, os países da região tiveram três grandes desafios: 1) estabilizar suas economias, dominando a inflação e abrindo-as ao mundo; 2) domar os militares; e 3) enfrentar três décadas de urbanização superacelerada que superaram a capacidade do Estado de prover serviços básicos. Avançou-se muito em todas essas frentes e agora os países enfrentam a tarefa de fornecer aos cidadãos educação de qualidade. Também é preciso oferecer segurança contra o crime organizado, em boa parte culpa do tráfico de drogas, e elevar a competitividade, o que tem a ver com educação, infra-estrutura e capacidade de inovação. 

Panorama político
Muito bem informado, o jornalista Michael Reid não deixa escapar nada sobre as raízes da formação da estrutura dos governos dos países latino-americanos. Sobre a caótica estrutura das organizações políticas em quase todos, apresenta o Uruguai e a Costa Rica como exceções. Em uma análise da democracia na região, apenas esses dois países possuem partidos políticos fortes. Junto com o México, o Brasil tem um dos sistemas políticos mais caóticos da América Latina, com partidos sem representação política significativa. São cerca de 20 partidos que desperdiçam valiosas oportunidades de promover as reformas essenciais para o futuro do País.

Futuro da AL
Apesar das teias de aranha ideológicas incompatíveis com o desenvolvimento dos países latino-americanos, referidas na recente entrevista do presidente do Peru Alan Garcia, dada ao jornal El Pais, o livro de Reid tem uma visão otimista sobre o futuro da região. Considerando as adversidades e a baixa eficiência da máquina estatal, as instituições não pararam de evoluir, expandindo a representação de grupos sociais com os mais variados interesses. Embora sem acompanhar a velocidade com que as mudanças sociais estão o

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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