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Consumidores comemoram proibição de medidores

Os novos medidores de energia suscitaram muita polêmica no Amazonas. Por duas vezes, a Justiça interveio sobre a questão –ora liberando a instalação, depois derrubando a liminar que autorizou a continuidade do serviço em Manaus. Por fim, foi aprovado o projeto de lei na Assembleia Legislativa do Estado que proíbe a Amazonas Energia de instalar a nova infraestrutura operacional, considerada extremamente nociva aos consumidores.

A população foi às ruas. Criou verdadeiros escudos humanos para impedir que trabalhadores da concessionária levassem adiante a nova estrutura. Os aparelhos são instalados no alto dos postes, impedindo clientes de confrontar a medição do consumo mensal contido nas tarifas que chegam a cada mês. Aí está a razão do problema que desencadeou uma reação coletiva na cidade, reunindo inclusive órgãos de defesa, políticos das duas casas legislativas e até lideranças empresariais na região.

 “Pagamos absurdos por um serviço sem que a empresa dê a contrapartida adequada. Falta luz todos os dias, a conta sempre vem com um consumo irreal. É um despropósito para o consumidor final”, protesta a dona de casa Margarida Silva, que chega a pagar até R$ 2 mil mensais pela tarifa.

O comerciante Adriano Gonzaga também reclama dos serviços da concessionária. Para ele, os órgãos de defesa deveriam ser mais rigorosos com uma empresa que não presta um serviço de qualidade. E tampouco cumpre as regras de concessão. “Somos obrigados a pagar tarifas altas que não correspondem ao nosso consumo. Tem que acabar com essa farra. Os clientes são tripudiados constantemente”, protestou ele.

Tanto na Câmara Municipal como na Assembleia Legislativa a gritaria foi geral. Foi instalada até uma CPI no legislativo estadual para investigar as contas e os serviços prestados pela Amazonas Energia. A comissão realizou reuniões itinerantes, ouvindo consumidores dos mais diversos segmentos nos outros 61 municípios do Estado. Não houve sequer uma declaração favorável aos serviços da companhia.

O próprio Ipem (Instituto de Pesos e Medidas) constatou irregularidades nos aparelhos que medem o consumo, tanto em Manaus como nas cidades ribeirinhas. Mesmo assim, a concessionária alega que há um entendimento equivocado sobre a nova ferramenta. E o objetivo é combater as ligações clandestinas que sangram profundamente as contas da empresa, garante.

Irregularidades

Pelo menos 57 medidores de consumo apresentaram irregularidades, segundo o Ipem, algo que sustentam os argumentos da CPI cujo relatório final, apresentado à Justiça do Amazonas, aponta cobrança abusiva de tarifas, panes constantes no abastecimento e expansão dos serviços sem as mínimas condições para atender a toda a demanda do segmento no Estado

“Na realidade, a Amazonas Energia faz um gato invertido ao cobrar a mais por um serviço que não presta ao consumidor final”, diz o deputado estadual Sinésio Campos (PT), que presidiu a CPI instalada na Assembleia Legislativa.

Segundo Sinésio Campos, a concessionária não respeita os clientes. “A empresa trata a gente como se devêssemos favores a ela”, acrescentou o parlamentar, antes da votação do projeto que acabou sendo aprovado pelos deputados estaduais.

A aprovação da matéria foi comemorada com gritos efusivos de alegria. Presentes na Assembleia, centenas de consumidores comemoraram (aos delírios) mais uma derrota da empresa, defendendo, inclusive, a contratação de uma outra companhia para operacionalização do serviço no Amazonas.

Ao saber da aprovação da matéria na Assembleia, a direção da concessionária se limitou apenas a divulgar uma nota, veiculada pela imprensa. “Tomaremos as medidas necessárias para promover a defesa do consumidor regular, do fornecimento de energia alinhado à regulamentação federal e às normas técnicas brasileiras”, ressaltou.

Marcelo Peres

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