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Conjuntos residenciais crescem e aparecem no mercado

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A princípio criados para moradia de funcionários públicos, trabalhadores de construtoras, concessionárias de serviços ou para dar dignidade a enfermos, migrantes ou deslocados de áreas perigosas, alguns conjuntos residenciais de Manaus, há muito passaram a atender a outros públicos, a se reinventar, ganhar cara nova e, para alguns, status de área nobre ou comercial. Com o tempo, estes residenciais perderam suas características originais, mas ganharam em infraestrutura e qualidade de vida, tornando-se alvo do mercado imobiliário e espaço para a verticalização da cidade.

Dos anos JK

Um dos mais antigos de Manaus é o conjunto residencial Juscelino Kubitschek, inaugurado em 1957, na gestão do governador Plinio Coelho, na Cachoeirinha (zona Centro-Sul). Formado por 10 blocos de quatro apartamentos cada, o residencial teve planejamento do engenheiro italiano Mauro Lippi (que tem no currículo a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na Praça 14). Dos 40 apartamentos, 36 foram comprados pelo extinto DER-AM (Departamento de Estrada de Rodagem do Amazonas) e revendidos aos funcionários da autarquia, com financiamento de 20 anos.

Já no dia da inauguração, o então governador sorteou entre os moradores do bairro, quatro apartamentos, começando assim a abertura a novos moradores, disse o jornalista e publicitário, Simão Pessoa. “No final do conjunto Kubitschek havia um pequeno terreno baldio, que ora se transformava em campo de ‘pelada’, ora em parque de diversões. Mais tarde, o terreno baldio foi transformado em um parque infantil implantado pela prefeitura. Hoje o conjunto tem outra cara e os primeiros moradores fazem parte da história do bairro e ajudaram na valorização do espaço”, afirma.

Distante, mas não isolado

Na zona rural de Manaus, o bairro Colônia Antônio Aleixo (zona Leste), há tempos vem perdendo o estigma de ter servido como abrigo aos hansenianos transferidos de Paricatuba (comunidade em frente a Manaus no lado direito do rio Negro) na década de 1940. Hoje com um comércio em crescimento, igrejas, escolas, hospitais e maternidades, o bairro tem poucos dos antigos moradores ainda vivos. Para estes e familiares, o governo do Estado do Amazonas, por meio da Suhab (Superintendência Estadual de Habitação) lançou em 2013 o Lar dos Hansenianos (blocos habitacionais de apartamentos mobiliados e adaptados às necessidades das vítimas da hanseníase), que devolveu a dignidade às vítimas da hanseníase. O projeto foi ampliado um ano mais tarde e reconhecido nacionalmente com os prêmios de Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohabs (Companhia de Habitação) por duas vezes.

Há tempos o bairro foi tirado do isolamento pela estrada, mas outro modal como o de transporte coletivo fluvial já foi pensado, o que desafogaria o trânsito de Manaus e ainda ajudaria no escoamento da produção agrícola. Infelizmente a ideia não vingou, conta o catraieiro Raimundo Souza, há nove anos fazendo pequenas travessias em um dos portos improvisados da Colônia Antônio Aleixo. “Quando anunciaram a novidade e fizeram as primeiras viagens de lancha daqui ao Centro, houve interesse geral, a comunidade comemorou, mas ninguém pensou que era preciso ter portos para atracagem, estrutura para receber novas linhas e principalmente preços baixos”, disse Souza.

Planejado para ser grande

Fundado em 1996, como parte de um projeto do ex-governador Amazonino Mendes de oferecer moradias de baixo custo a funcionários do Estado e abrigar migrantes vindos de outras regiões do Brasil, o Nova Cidade foi um dos poucos que contou com planejamento urbano desde o início. A comunidade tem largas avenidas que permitem o fluxo fácil de veículos. As primeiras unidades habitacionais entregues seguiam um padrão: dois quartos, sala, cozinha, varanda e área para expandirem o imóvel. Hoje poucas mantêm o formato original.

O conjunto, grande como um bairro, conta com uma feira coberta e um forte mercado que abriga diversos segmentos como supermercados (grandes redes), material de construção, pet shops, postos de gasolina, restaurantes e outros. Em suas largas avenidas transitam várias linhas de ônibus e para o deslocamento mais veloz, pontos de mototáxi são facilmente encontrados.

A proximidade com a Cidade Nova garante aos moradores o acesso aos serviços deste bairro, como o Hospital Francisca Mendes, o mais próximo da região, além de contar com o Caic (Centro de Assistência Integral à Criança) e o Posto de Saúde Nova Cidade na própria comunidade.

História

Um dos primeiros atos do Governo Militar, em 1964, foi a criação do BNH (Banco Nacional da Habitação), extinto em 1986. O BNH teve como destaque, o Programa COHAB, criado em 1966, para a construção de casas em áreas livres, para formação de conjuntos habitacionais servidos de infraestrutura e destinados, inicialmente, às famílias que possuíssem renda de até três salários mínimos, sendo, posteriormente, estendido às famílias com renda de até cinco salários. Por volta de 1965, foram construídos os Conjuntos de Flores no bairro do mesmo nome e o Costa e Silva no bairro da Raiz, que se destinavam a abrigar os moradores retirados de aproximadamente 700 moradias da Cidade Flutuante localizada no rio Negro.

Em 1969, foi construído o conjunto Castelo Branco no Parque 10 (zona Centro-Sul), numa área cercada de balneários, chácaras e clubes, que o tornaram muito valorizado, principalmente por estar cercado por condomínios de classe média, o que aumentou nos anos de 2000 com o intenso processo de verticalização da cidade. Atualmente o preço médio por metro quadrado no bairro é de R$ 2.935,07. Inaugurado em 1970, o Conjunto 31 de março, na (zona Sul), próximo ao PIM (Polo Industrial de Manaus), deu origem ao bairro do Japiim, a partir da instalação de outros conjuntos habitacionais populares, concomitantemente a diversas ocupações espontâneas. O valor médio do metro quadrado no Japiim é de R$ 1.249,15.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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