27 de julho de 2024
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Conab e IBGE apontam elevação da safra de grãos do Estado para 89.800 toneladas em maio

A Conab revisou novamente para cima sua projeção para a safra de grãos do Amazonas 2023/2024. Em seu oitavo levantamento, divulgado na primeira quinzena deste mês, a Companhia de Abastecimento Nacional calculou que a produção deve saltar de 55.100 para 89.800 toneladas, e escalar 63%. As projeções para área de plantio e produtividade também foram fortalecidas. A expansão é sustentada pela soja e o arroz se mantêm em alta, enquanto as apostas para milho e feijão – que é predominantemente de agricultura familiar – ainda são de estabilidade.

O prognóstico da Conab é mais reforçado do que os anteriores. A estimativa anterior dava conta de um incremento de 15,1% para o cultivo de grãos no Amazonas, somando 63.400 toneladas. Caso confirmado, será o maior patamar produtivo atingido pelo Estado nos últimos seis anos. O Amazonas saiu de uma safra de 38.700 toneladas, registrada entre 2018/2019, e só registrou recuo na colheita de 2021/2022 (47.800), sob os impactos do rescaldo da pandemia e do choque de oferta no mercado global proporcionado pelo começo da guerra na Ucrânia.

No ranking da Conab, o Amazonas comparece entre as oito unidades federativas com projeções de crescimento e, desta vez, com a maior taxa de crescimento de produção em todo o país. O indicador é muito melhor do que o prognóstico negativo para a média nacional (-7,6%) e a elevação mais modesta para a média da região Norte (+6,7%). Em números absolutos, no entanto, o Estado ainda representa pouco mais de 0,03% da produção brasileira, que está estimada 295,45 milhões de toneladas para a presente safra e parte de uma base de comparação forte.

Outro diferencial do Estado é a concentração de apostas em um único item de uma cesta de apenas quatro culturas. Oriunda do Sul do Amazonas, a soja se destaca com expansão reajustada para 172,4% (54.200) – contra +39,7% (27.800 toneladas) nas estimativas anteriores. A expectativa ainda é de alta de 2,4% (16.900 toneladas) para o arroz sequeiro, que até dois anos atrás carreava a safra amazonense. O milho, que até março ensaiava mais um ano de queda, deve repetir a safra anterior (16.500 toneladas). Espera-se que o cultivo familiar do feijão caupi (2.200 toneladas) – que vem principalmente de Lábrea e Boca do Acre – emplaque mais um ano de estagnação.

Área e produtividade

O Estado deve usar uma área 55,6% maior para o cultivo da atual safra de grãos, que se encerra em setembro. A estimativa é que ela passe de 19.800 para 30.800 hectares. Essa também é, de longe, a maior taxa de expansão do país. Na média brasileira, a área de semeadura deve ser 0,7% (79,12 milhões de hectares) maior. Três das quatro culturas de grãos listadas no Amazonas devem acompanhar esse movimento, especialmente a soja (+156,5% e 17.700 ha), mas também o feijão (+4,3% e 2.400 ha) e o arroz (+2% e 5.100 ha). O prognóstico para o milho (5.600 ha) ainda é de estabilidade. 

O Amazonas também deve ganhar produtividade, que passará de 2.783 (2022/2023) para 2.916 (2023/2024) quilogramas por hectare, um acréscimo de 4,8%. Entre as culturas, o arroz (+0,3% e 3.314 kg/ha) tende a praticamente não sair do lugar, assim como o milho (2.952 kg/ha). A soja deve avançar 6,3% (3.060 kg/ha), enquanto o feijão (-3% e 915 kg/ha) sinaliza marcar o único retrocesso da lista. Em todo o país, apenas cinco unidades federativas figuram com ganhos de produtividade, sendo que a expectativa de produtividade da safra brasileira de grãos é de uma queda de 7,9% (3.229 kg/ha).

Em sua análise climática para o texto de divulgação do levantamento, a Conab aponta uma previsão de chuvas “acima da média”, neste mês, para a Região Norte, em áreas do Sul de Roraima, Oeste e Nordeste do Amazonas, Noroeste do Pará e Amapá. “Nas demais áreas, os volumes de chuva podem ficar próximos ou abaixo da média histórica, o que pode reduzir os níveis de umidade do solo nos próximos meses, principalmente no sul da região amazônica”, avaliou.

Sobre a soja, é informado que o início da safra foi marcado por uma “severa estiagem” em todo o Estado, ocorrendo replantios em diversas áreas. “Apesar de toda a dificuldade climática, tivemos um avanço muito significativo nas áreas plantadas, consequência da flexibilização no sistema de licença para o cultivo desta cultura e a consolidação de áreas pioneiras”, salientou. Nada foi mencionado sobre as demais culturas. 

“Retomada de investimentos”

O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, disse à reportagem do Jornal do Commercio que, embora a participação amazonense na produção nacional de grãos ainda seja comparativamente pequena diante da produção nacional, a atividade se mostra promissora e âmbito local. O dirigente ressalta que o Sul do Estado vem se destacando no segmento, principalmente pelas áreas de campos naturais, com “vocação e potencial para a produção mecanizada e tecnificada de grãos”.

“Esses dados de crescimento da produção de grãos são importantes e resultam da retomada de investimentos de produtores rurais no plantio de grãos, nos campos naturais de Humaitá e em outros municípios, como Boca do Acre. Não nos surpreendem totalmente, por estarmos acompanhando essa trajetória junto aos agentes privados. Os fatores preponderantes para esses resultados são o mercado interno e externo demandante e as condições favoráveis dos campos naturais para produção dessas culturas agrícolas”, arrematou.

Boxe/coordenada: IBGE aponta queda para quase todas as culturas do Amazonas  

O levantamento do IBGE tem metodologia diferente, analisando produção por ano e não necessariamente pelos calendários diferenciados das safras de cada cultura. Mas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – que ainda não contabiliza a soja em seus levantamentos – confirma também a preponderância de um único produto, que também consegue trazer a safra amazonense de cereais e leguminosas para o campo positivo. Todos os demais, incluindo fruticultura, amargam recuos de produção. 

“O arroz apresentou perspectiva de crescimento de 258% passando de 1.700 em 2023, para 6.300 toneladas em 2024. No mesmo grupo, feijão (-54%) e milho (-35,1%) tiveram quedas significativas. O dado veio através de consulta aos produtores e gestores agropecuários municipais. Todos os outros produtos do plantel amazonense estão com previsão de queda, sendo as mais destacadas as de cana de açúcar (-54,5%) e laranja (-53,6%), mas também café (-39,4%) e mandioca (-22,3%) e banana (-2,6%)”, encerrou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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