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Centenário de Mário Guerreiro, legado de um empreendedor

Centenário de Mário Guerreiro, legado de um empreendedor

Completar 100 anos de idade é para pouquíssimas pessoas, ainda mais quando se tem o sobrenome Guerreiro. No próximo dia 8 o advogado e empresário amazonense Mário Expedito Neves Guerreiro completará 100 anos de existência e, lógico, com muitas histórias vividas e conquistas alcançadas. Ainda lúcido, ele contou ao Jornal do Commercio alguns fatos de sua trajetória na capital amazonense. Uma curiosidade: Mário Guerreiro é o último dos cerca de 160 amazonenses que foram lutar na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, que ainda está vivo.

Mário Guerreiro nasceu no dia 8 de outubro de 1920, na casa do avô, na rua Salvador, Vila Municipal, atual Adrianópolis, numa Manaus economicamente empobrecida, pois menos de dez anos antes a Amazônia perdera a hegemonia mundial no comércio da borracha, produto que tornara a cidade rica e naquele ano, não mais.

Por isso, em 1940, o jovem estava na cidade de São Paulo, então a cidade que mais se desenvolvia no país, e onde ele queria cursar a Faculdade de Medicina. Lá, conseguiu seu primeiro emprego na Companhia de Seguros Prudência e Capitalização na qual outro amazônida, o paraense Adalberto Ferreira do Vale, começou trabalhando como inspetor e chegou a diretor-presidente.

Assim como Adalberto Vale, Mário Guerreiro galgou várias promoções na Prudência e Capitalização e, apenas quatro anos depois já era gerente geral na empresa. Nesse mesmo ano, 1944, o Brasil entrou na Segunda Guerra e Mário Guerreiro, com apenas 24 anos foi convocado pelo Exército para integrar a FEB (Força Expedicionária Brasileira). No dia 30 de junho daquele ano, integrando o 1º escalão de pracinhas, Mário Guerreiro partiu para a Itália onde permaneceu, como os demais colegas de farda, por um ano.

Em sua história, também há o capítulo da guerra, em 1944

O começo do empresário

Terminada a guerra, Mário Guerreiro voltou para o Brasil e para o seu emprego na Prudência e Capitalização.

Dois anos depois, em 1947, o rapaz retornaria a Manaus para dar início à jornada que o tornaria um dos grandes empresários do Amazonas.

Na capital amazonense, Mário Guerreiro assumiu a gerência da filial da Prudência e Capitalização e ficou sendo o responsável pela construção do, até então, mais espetacular hotel da cidade, o Hotel Amazonas, pertencente à Prudência.

A edificação teve sua pedra fundamental lançada em 29 de abril de 1947 e por quatro anos foi construída sendo inaugurada em 7 de abril de 1951 com quatro andares e 49 apartamentos. Nesse tempo ele casou (1948) com Therezinha do Nascimento Guerreiro, e viriam ter sete filhos.

Mário casou com Therezinha do Nascimento Guerreiro, em 1948

Com a inauguração do hotel, Mário Guerreiro assumiu a função de diretor superintendente. Nesse mesmo ano, de 1951, Adalberto Vale fundou a Companhia Brasileira de Fiação e Tecelagem de Juta, a Brasiljuta, e Mário Guerreiro se tornou diretor comercial da nova empresa. Era tanta a confiança do empresário paraense em Mário Guerreiro que este acumulou as funções de gerente da Prudência e Capitalização, diretor superintendente do Hotel Amazonas e diretor comercial da Brasiljuta. E Mário ainda encontrou tempo para cursar a Faculdade de Direito, concluída em 1954, na Jaqueira.

Em sua formatura como advogado em 1954

Pelas décadas seguintes, Mário Guerreiro acumulou uma série de cargos e funções no meio empresarial amazonense e abriu outras empresas.

Ele foi acionista fundador e membro do Conselho Fiscal da Copam (Companhia de Petróleo da Amazônia), 1955/56; presidente do BEA (Banco do Estado do Amazonas), 1965/67; presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), 1968/70, 1970/72 e 1978; sócio-fundador da Cerman (Cervejaria de Manaus), 1970; primeiro presidente e depois diretor da Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), 1979/81; vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) por diversos períodos, apenas lembrando de algumas instituições, sem citar as inúmeras outras onde atuou como conselheiro fiscal e consultivo, entre outras funções.

Escritório da Brasiljuta, 1970

Lembranças da guerra

Atualmente, Mário Guerreiro é sócio-proprietário da administradora de imóveis Guerreiro Administração e Participações Ltda., membro do Conselho Superior da ACA e da diretoria do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado do Amazonas. O empresário esteve à frente da Brasiljuta por 40 anos, de 1951 a 1991, quando a empresa cerrou as portas. A Brasiljuta chegou a ter cerca de dois mil funcionários. Instalada no Educandos, a indústria produzia tecidos e sacos de juta vendidos para todo o Brasil e até alguns países da América do Sul. Mantinha prensas em Itacoatiara, Manacapuru, Codajás, alto rio Negro e Castanhal/PA.

Mário Guerreiro acumula uma série de homenagens e condecorações recebidas ao longo da vida. O mais antigo é o Diploma da Medalha de Campanha, de 1952, por ter integrado a FEB; e o mais recente, apesar dos inúmeros reconhecimentos pelas suas atividades empresariais, é a Medalha da Vitória, de 2017, também por ter participado das ações da FEB.

“Mário Guerreiro é uma referência para nós que investimos em nossa região. Em sua longa trajetória liderou e somou esforços para o fortalecimento das entidades empresariais, inclusive com a fundação do Cieam. Como brasileiro, deu exemplo ao servir na Segunda Guerra Mundial”, lembrou Antônio Silva, presidente da Fieam.

“Um pioneiro na industrialização das fibras na Amazônia, juta e malva, um dos itens que ajudou a gerenciar a economia do Amazonas depois da Segunda Guerra. Em 2012, então com 92 anos, ele retomou a produção de juta e malva no Estado. Todas as homenagens que lhe forem prestadas serão justas e devidas, tão grande é seu merecimento”, disse Nelson Azevedo, vice-presidente da Fieam. 

“Todas as homenagens prestadas ao centenário do dr. Mário Guerreiro são dignas, justas e oportunas. Nele estão as raízes históricas da indústria amazonense, desde épocas anteriores à Zona Franca. Dr. Mário é um ícone da vitalidade, determinação e comprometimento cívico”, falou Wilson Périco, presidente do Cieam.

“As entidades de classe aplaudem e parabenizam o grande líder empresarial dr. Mário Guerreiro pela sua longevidade, lucidez e exponencial trabalho em prol da economia e do desenvolvimento do Amazonas”, concluiu Aderson Frota, presidente da Fecomércio.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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