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‘Não vou perder meu pescoço’ diz Alfredo Nascimento

‘Não vou perder meu pescoço’ diz Alfredo Nascimento

Alfredo Nascimento diz ser o único candidato com experiência para governar Manaus pelos próximos quatro anos. Conhece como ninguém os problemas da cidade. Já foi prefeito por três vezes, ministro dos Transportes do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, superintendente da Suframa, interventor.

Enfim, são tantos cargos e um currículo extenso com 37 anos de vida pública que, em tese, o colocam como um dos potenciais candidatos a vencer as eleições municipais deste ano, junto com Amazonino Mendes (Podemos) e David Almeida (Avante).

Ele afirma estar preparado para administrar novamente uma cidade tão problemática como a capital do Amazonas. E promete dar continuidade ao trabalho do atual prefeito Arthur Neto, seu grande aliado na chapa PL/PSDB na disputa pela prefeitura.

Em relação aos outros candidatos, Alfredo ressalta reconhecer somente a competência, a vasta experiência, de Amazonino, mas faz uma ressalva –o velho cacique, hoje com 80 anos, diabético e cardíaco, não tem mais condições de assumir o cargo tão importante, como em outras épocas.

“Só voltei a ser candidato porque Amazonino não pode mais pôr em prática um trabalho que exige muito vigor, saúde, disposição. Experiência ele tem de sobra, mas a idade o limita a seguir adiante”, avalia. “Ele quer governar de casa, pela internet. Vai ditar as ordens pelo google, face e instagram. Como isso é possível. Não tem cabimento”, contesta.

Nascimento também critica o vice de Amazonino, Wilker Barreto (Podemos), a quem considera inexperiente e sem as mínimas condições para exercer a função. “Corremos o risco de ter um Wilson Lima no governo e um Wilson Lima na prefeitura”, alerta, referindo-se ao atual governador do Amazonas.

“Ele (Wilson Lima) não é uma pessoa do mal. O problema é que ele não tem competência, é inexperiente, sem o menor preparo para governar um Estado como o Amazonas”, afirma o candidato.

Alfredo Nascimento garante que vai resgatar o programa Médico da Família. E ainda recriar um banco social em apoio aos microempreendedores, tirando da informalidade muitos trabalhadores, medidas que foram criadas durante as três vezes em que foi prefeito de Manaus.

Segundo ele, uma das primeiras ações de seu governo na prefeitura será na saúde, educação, na geração de empregos. Irá também viabilizar uma parceria com as empresas do Distrito Industrial para absorver a mão de obra de jovens com formação técnica em várias especialidades, além de medidas para fortalecer o turismo com foco nas potencialidades da rica biodiversidade regional.

O candidato falou com exclusividade ao Jornal do Commercio.

Jornal do Commercio – O sr. tem uma carreira política muito acentuada. Já foi prefeito, ministro dos Transportes, superintendente da Suframa, interventor. Como recebeu essa convocação para disputar a prefeitura, já tinha decidido parar?

Alfredo Nascimento -Achei que tinha resolvido parar porque fazer política hoje não é simples. Político é sinônimo de coisa ruim, de desonesto, mentiroso, sem-vergonha. As pessoas veem dessa forma.

Naturalmente, toda atividade profissional tem o bom e o mau profissional. O Arthur me convidou e eu aceitei. Com exceção do candidato do PT, todos procuraram o apoio do prefeito, e como não conseguiram, começaram a atacá-lo.

Arthur equilibrou a cidade, a prefeitura tem equilíbrio econômico, fiscal, paga em dia os fornecedores, os salários dos servidores. Isso tudo com o prefeito enfrentando  uma crise econômica grave, que começou no governo Dilma e continuou com Michel Temer. E agora essa pandemia.

Jornal do Commercio – Quem assumir a prefeitura a partir do próximo ano terá condições de fazer realmente um bom trabalho?

AN – O Arthur teve muita competência. Hoje a Prefeitura de Manaus está avançada, organizada, avançou muito. Isso dá possibilidade para um bom prefeito dar continuidade às ações.

As pessoas não podem esquecer que o Arthur recebeu, em 2013, a prefeitura de Amazonino numa situação extremamente difícil. O Amazonino já não tinha paciência para governar. Incentivou a compra de ônibus em dólar para melhorar o sistema de transporte.  A moeda subiu e muita empresa quebrou.

Eu e Arthur conversamos muito sobre isso. Ele disse não posso entregar a prefeitura para qualquer pessoa. Já fui três vezes prefeito. Deus já me deu muito mais do que eu preciso e mereço.

Para se ter uma ideia, a previdência do município de Manaus tinha um rombo de R$ 3 bilhões, o que significava não pagar mais salários dos aposentados e de outros que iriam se aposentar.

Arthur recuperou a previdência que hoje é a primeira colocada entre as 27 capitais brasileiras, com um superavit de R$ 1,5 bilhão.

O setor educacional evoluiu. Quando recebeu a prefeitura de Amazonino, nós éramos o vigésimo terceiro colocado na área entre as capitais. Hoje, estamos entre as dez melhores em educação básica do país.

JC – Como será realizado esse trabalho. Existe orçamento suficiente para pôr em práticas essas medidas?

AN – É óbvio. Assumindo a prefeitura com essas condições, vou poder fazer um trabalho muito ligado ao social como foi na minha época. Claro, agora de forma mais moderna.

Por exemplo, o programa Médico da Família não poderia ter acabado. Se estivesse funcionando, não teria morrido tanta gente, tenho certeza. Eu implantei 168 casinhas daquelas. E o médico ia ver o doente em casa e entregava os remédios.

Agora imagine se essas casinhas ainda existissem. Muita gente teria sido salva nessa pandemia. Eu perdi amigos porque foram para o hospital. A pessoa chega debilitada, é infectada por vírus, bactérias. E nem sai, saindo normalmente dentro de um caixão.

JC – Essa situação de grave crise na saúde foi uma das questões que o motivaram a tentar ser prefeito de novo?

AN – Sim, tudo isso me motivou a querer ser prefeito de novo. Quando eu estava no cargo, não vivia na prefeitura. Dava só meio expediente. Saía com meu carro para ver os problemas nas ruas e tentar resolvê-los.

Então, vi que o Arthur me dá grandes possibilidades para que eu faça muita coisa em Manaus.  Temos hoje mais de 130 áreas de invasão sem nenhuma infraestrutura, sem asfalto, sem escola, sem energia.

Você não pode só ter experiência. Por exemplo, a população elegeu o governador do Estado, mas ele até hoje não aprendeu a ser governador. A população acaba pagando um pouco a conta dessa bronca toda.

Um prefeito precisa ter vigor. Meu estilo é muita calma. Aguentava aborrecimentos de moradores. Eles têm direito de xingar porque precisam da presença do poder público.

JC – Em 2010, o sr. disputou o governo do Estado e perdeu para Omar Aziz. Em 2018, sofreu outra derrota para o Senado. O que essas derrotas recentes nas urnas trouxeram de aprendizado para a sua candidatura em 2020?

AN – Normalmente, quando se perde alguma coisa, a gente tenta culpar alguém. Mas eu penso diferente. Eu errei porque eu perdi a eleição para o Senado por dar um passo em falso. Eu estava junto com o Arthur, depois fomos para o lado do Amazonino. Ele saiu e eu continuei. Perdi o apoio que tinha da prefeitura. Tanto que eu tive mais do dobro dos votos que tive para o governo do Estado.

O erro, a perda, faz a gente aprender coisas. Acho que para ser prefeito de Manaus você precisa não só conhecer a cidade, mas também conhecer os problemas que as pessoas têm. E a cidade de Manaus tem muitos problemas

JC – Alega-se muita falta de políticas públicas para questões sobre segurança. Qual a sua avaliação para essas demandas?

AN – O tráfico de drogas está pesado. Vou criar a Guarda Municipal armada em Manaus. Fui conhecer de perto em outros Estados e funciona muito bem.

O interior de São Paulo não tem mais nem a polícia, só a Guarda Municipal.

Sobre assaltos a ônibus, as empresas sabem onde é a maior incidência. Em Belo Horizonte, são 18. A cidade reduziu em 63% o número dessas ocorrências.

Os guardas vão ficar dentro dos ônibus.

E eu vou colocar em prática essas medidas. Por exemplo, o Médico da Família  eu copiei de  Cuba, o SOS Funeral de uma cidadezinha do interior de São Paulo que ainda funciona.

JC – Das últimas eleições para cá tem crescido a importância da opinião pública através da internet. Isso vem se refletindo nas urnas. Como o senhor avalia o fato de ser apontado como representante da velha política?

AN – Eu nunca tenho uma infraestrutura de internet.  Mas aqui em Manaus as pessoas não acreditam no político velho e nem no novo. Votaram recentemente no atual governador e agora a bronca está com a população. Não que ele seja uma pessoa do mal. Não sabe como fazer. Não se aprende a administrar uma cidade ou um Estado tão rapidamente.  

Tenho muitos amigos que adoro, mas jamais votaria neles para prefeito porque seria um desastre, não iriam fazer nada.

Tem que olhar quem está por trás dos candidatos. Eu sei e a população devia olhar isso. O governador Wilson Lima tem dois candidatos que ajuda de forma escondida, atrás da porta.

Tenho apoio do Arthur, que fez um trabalho legal, mas ficou devendo no transporte coletivo. Ele disse claramente para eu resolver esse problema.

O problema é que estão fazendo loteamento da prefeitura, ninguém governa fazendo loteamento. Cada partido é dono de um pedaço, vai virar uma bagunça.

Quem se eleger prefeito desse jeito (já vivi isso), não vão deixá-lo governar direito.

Estou apostando na prefeitura, mesmo tendo menos tempo e inserção na TV. Mas não vou perder meu pescoço depois de velho.

Sofri uma denúncia quando era ministro. Fui inocentado, então eu não tenho folha corrida como muitos têm. Tenho atestado de bons antecedentes. Então, as redes sociais têm muita importância. Tenho 37 anos de vida pública.  A política é a arte de ficar destruindo os outros. Eu estou me oferecendo para ser prefeito porque sei que posso fazer muito pela minha cidade.

JC – Já assistimos brigas do vice com o governador, do vice com o prefeito. Como será com Alfredo e Conceição, vão se dar muito bem?

AN – Fiquei muito feliz porque eu sou padrinho de casamento da Conceição. A nossa relação é ótima, é próxima, é uma mulher experiente, já foi secretária da Ação Social, casa com que eu me alinho.

Vou trazer de volta programas para crianças, jovens, idosos. Todos os segmentos vão estar representados.  Publiquei todos os livros dos escritores de Manaus que não tinham como bancar as despesas.

JC – E os Esportes?

AN – Só tem uma coisa que vou recriar, que é a Secretaria dos Esportes. É uma forma de você desenvolver a juventude, que está entrando na droga muito cedo. Vou encher a periferia de campo, quadras cobertas. Construí 180 campos de futebol em Manaus.

A educação também vai se fundamental. Pode-se modificar a vida se fizer investimentos pesados no setor educacional. Na minha época, a merenda escolar tinha cardápio e vou trazer isso de volta.

JC – Temos um país governado pelo presidente Jair Bolsonaro que tem uma visão política totalmente diferente do PT. Como viabilizar projetos para Manaus em um governo que não se alinha com essas propostas?

AN – Eu via no Lula a única esperança de ter um Brasil melhor, mas errei. Na última eleição, votei no Bolsonaro porque sabia que o PT não tinha mais condições de governar.

Renunciei à presidência do PL para votar pelo impeachment da Dilma.  Estou torcendo para que Bolsonaro dê certo, discordo de muita coisa. Não adianta ficar contra. Torço para ele fazer a BR-319.

Mas não é fácil. Tem a questão do licenciamento ambiental. Se acabarem esses entraves, as obras devem durar no mínimo quatro anos para serem concluídas.

A recuperação da estrada vai custar perto de R$ 2 bilhões. Ser prefeito da cidade não tem muito a ver com programas do governo federal. Tem que mudar é a filosofia do atendimento. Criar o projeto e fazer o credenciamento. E uma hora vão liberar as verbas.

Não importa se é do PT, PSDB ou de qualquer outro partido. Apoiei o PT, servi o PT, mas me arrependo. O país cresceu muito com Lula, gerou muito emprego, mas depois ele errou, principalmente ao escolher a Dilma para ser presidente e não tinha condições para isso.

JC – Qual vai ser a primeira medida do prefeito Alfredo Nascimento?

AN – A primeira coisa é saúde, estamos vivendo uma pandemia, não sabemos o que vai acontecer ainda. Independente do surgimento da vacina, a pandemia estragou muita coisa

Não tem segredo. Temos 25% das pessoas que utilizam planos de saúde e 80% dependem do SUS. A prefeitura evoluiu nessa questão, fazendo 64% do sistema de entrada funcionar hoje muito bem.

Marcelo Peres

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