Cenários das eleições 2010

As decisões tomadas na direção nacional do PSB e no encontro estadual do PT vão influenciar na dinâmica do processo eleitoral em âmbito regional. Pelas decisões tomadas, Ciro Gomes deixa de concorrer às eleições presidenciais e, Alfredo Nascimento é o candidato preferencial de Lula ao governo do estado.
O impacto dessas decisões resulta em situações contraditórias em âmbito regional. Primeiro, serve para definir um campo de gravidade na candidatura de Alfredo Nascimento, em torno do qual poderão se adensar outros partidos, inclusive alguns que pareciam querer seguir por fora do eixo governista, como é o caso do PSB. Segundo, precipita o lançamento de Omar Aziz (PMN), que reivindica não só o espólio do governo Lula, quanto também a continuidade do governo de Eduardo Braga (PMDB).
O desdobramento desse processo só pode ser visto no campo das hipóteses e das probabilidades, uma vez que os partidos e suas lideranças ainda estão contabilizando as possibilidades no campo eleitoral e pesando o êxito de algumas composições e alianças.
Entretanto, é possível prever um cenário geral das eleições que pode se desdobrar em distintas variáveis. O cenário geral é a disputa de três frentes pelo governo estadual, duas reivindicando o governo Lula e uma unindo diferentes tendências de oposição. Nesse quadro geral, é provável que possa ocorrer situações distintas que influenciarão o desempenho eleitoral tanto positiva quanto negativamente.
Numa situação, em que permaneça a composição que tem sido desenhada até aqui, de chapas encabeçadas por Alfredo, Omar e Serafim, mesmo que haja um peso considerável das chapas governistas, dada a sua relação com o poder central, o bloco de oposição estaria ainda em boas condições em termos de potencial eleitoral.
Numa outra situação em que os dois blocos governistas sejam tonificados realizando alianças poderosas, como a possibilidade de a chapa encabeçada por Alfredo atrair o PSB para uma composição e, Omar Aziz conseguir o apoio real de Braga e Amazonino, necessariamente haverá um enfraquecimento do bloco de oposição que além de ter que buscar uma nova cabeça de chapa, teria que se desdobrar para conseguir a reeleição de Arthur Neto.
Em todos esses quadros hipotéticos haveria perdas e ganhos em praticamente todos os níveis de candidatura. Com as decisões tomadas nesses últimos dias pela direção nacional do PSB e pelo encontro estadual do PT, está colocada como hipótese mais provável, a apresentação de duas fortes candidaturas do bloco governista, sendo uma mais afinada com o poder central, na qual estaria Alfredo Nascimento. Essa hipótese deve preocupar tanto o PSDB, pelo lado da oposição burguesa, quanto o PCdoB, que vem colocando como horizonte político fazer um senador e um deputado federal.
Mas o potencial de cada frente em disputa não poderá ser avaliado unicamente em face das coligações e da estrutura econômica, certamente outros fatores que passam às vezes por fora dos acordos formais, podem muito bem determinar as condições das distintas candidaturas.