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CASO HUMAITÁ

A Funai publicou no “Diário Oficial da União” de sexta-feira (10) a exoneração do coordenador regional que postou, no blog da Fundação Nacional do Índio, um texto apontado como incentivador da tensão entre moradores e índios da região de Humaitá, no sul do Amazonas.
Retirado do ar após os conflitos, o texto do então coordenador da Funai na região do Madeira (AM), Ivã Bocchini, lamentava a morte do cacique Ivan Tenharim. No texto, publicado no final de dezembro, o ex-dirigente levantava dúvidas sobre a versão da polícia, que acredita em acidente de carro. Segundo moradores, o texto incitou os índios Tenharim.
A Funai do Madeira atende a região de Humaitá, que vive uma onda de conflitos e tensão envolvendo moradores e índios. Moradores incendiaram a sede da Funai e veículos do órgão em Humaitá. Ameaçados, cerca de 150 índios buscaram proteção do Exército, onde ficaram alojados num batalhão. Só voltaram para seu território, escoltados, dias depois.
O coordenador regional do Cimi-Norte (Conselho Indigenista Missionário), Guenter Francisco Loebens, disse não conhecer o motivo da exoneração de Bocchini, mas criticou a atuação da fundação durante os recentes episódios. “Não sei o que motivou a exoneração, mas percebemos uma ausência muito grande da Funai em relação aos últimos acontecimentos. Inclusive no sentido de apoiar os tenharins. Só depois que o Ministério Público a acionou, a Funai fez algo para garantir a segurança da comunidade. Esperávamos uma ação mais ativa da fundação nessa questão da proteção aos índios, já que o contexto era de extrema violência e os índios estavam vulneráveis”, disse Loebens.
Com o auxílio de cães farejadores, a PF, a Força Nacional e o Exército fazem buscas para localizar três pessoas desaparecidas na região da aldeia Taboca, próxima a cidade Humaitá, no Amazonas.
A Fundação não justifica a exoneração de Bocchini. Os próprios índios afirmaram, mais tarde, que a Funai se precipitou. Eles disseram ainda acreditar na versão de que o cacique simplesmente caiu da moto em que pilotava. Procurado hoje pela reportagem, Bocchini não foi localizado.
Alguns moradores dizem que o desaparecimento de três homens (o funcionário da Eletrobras Aldeney Salvador, o representante comercial Luciano Ferreira e o professor Stef de Souza) ocorreu por retaliação à morte do cacique.
Os três sumiram no dia 16 de dezembro ao passarem pela rodovia Transamazônica, em trecho que atravessa a reserva indígena Tenharim. As buscas por eles continuam na região. A Polícia Federal aguarda o resultado de laudo que pode comprovar se o veículo incendiado localizado é o mesmo em que estavam os três homens.

Acompanhamento
A Presidência da República já havia determinado que o ministro Celso Amorim (Defesa) fizesse o acompanhamento da situação dos índios Tenharim no Amazonas. O governo federal não descarta eventual intervenção do Exército na área de tensão.
A região, que fica a 130 km do município de Humaitá, está no centro das buscas da Polícia Federal por três desaparecidos desde 16 de dezembro. A decisão foi tomada por Dilma em reunião que também teve a participação da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça), além do vice-presidente Michel Temer.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) diz que não há omissão na garantia de segurança aos índios. No dia 28 de dezembro, a Justiça Federal concedeu liminar determinando que tanto a entidade quanto a União elaborassem um plano para garantir a integridade física dos indígenas. A Justiça determinou ainda envio de cópia do processo a OEA (Organização dos Estados Americanos), para avaliação de possível violação de direitos.
A fundação diz ainda que já foi feito o translado de volta às aldeias dos 140 índios que estavam abrigados no 54º Batalhão de Infantaria de Selva de Humaitá, uma outra determinação da liminar, com a escolta de forças de segurança, com as quais mantém “constante articulação”.
A Funai informou que está em contato com a Secretaria Especial de Saúde Indígena, vinculada ao Ministério da Saúde, e a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para o envio de medicamentos e cestas básicas aos índios. Segundo a Funai, a entrega dos alimentos deve ocorrer ainda nesta semana, pois a Conab tem estoques disponíveis e o envio depende apenas de logística. A Funai informou ainda que iniciou um processo paralelo de compra emergencial de comida para atender à demanda da região.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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