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Brasileiros estão saindo da poupança

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Aplicações sofisticadas crescem mais que depósitos e poupança em bancos

O volume de recursos captados pelos bancos por meio de instrumentos mais sofisticados, como letras de crédito (LCI e LCA) e emissões externas, cresceu em um ritmo muito maior que as captações tradicionais -depósitos e cadernetas de poupança.
Levantamento feito pelo DCI aponta que o estoque de recursos captados por meio de depósitos (à vista, a prazo e de poupança) nos quatro maiores bancos de capital aberto do país aumentou em R$ 6,55 milhões (alta de 0,6%) no primeiro trimestre de 2015, na comparação anual, para R$ 1,11 trilhão.
No mesmo período, o caixa levantado através de emissão de títulos (que inclui as letras e as captações externas) cresceu R$ 90,65 milhões (28,7%), para R$ 406,05 milhões.
As captações, feitas por meio da oferta de aplicações financeiras para os clientes e o mercado, são a forma de os bancos levantarem recursos para realizar os empréstimos e financiamentos.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, um dos motivos para os investimentos financeiros mais tradicionais estarem crescendo em marcha lenta -ou até decrescendo no caso de algumas instituições -são as pressões do cenário macroeconômico atual.
“As pessoas estão saindo da poupança e do CDB [um dos tipos de depósito a prazo] porque estão precisando de dinheiro para pagar as contas”, afirmou Paulo Dutra Costantin, professor de finanças do Mackenzie.
De acordo com ele, os consumidores estão preferindo se desfazer dos investimentos a entrar em linhas de crédito rotativo, como o cartão de crédito e o cheque especial.
Para Ricardo Couto, mestre em finanças internacionais do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), os juros pagos pelas letras também estão tornando esses instrumentos muito mais atrativos que a poupança, que está rendendo menos que a inflação -até abril, a poupança pagou juros de 2,36%, enquanto os preços avançaram 4,6%. “Muitos investidores, inclusive pessoas físicas, começaram a migrar para as letras que, assim como a poupança, são isentas de imposto de renda e protegidas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), mas estão pagando 90% do CDI”, analisou o professor.
Os especialistas apontaram ainda que a recente popularização dos instrumentos mais sofisticados, principalmente as LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e do Agronegócio (LCA), reduziu o tíquete de entrada dessas aplicações e permitiu que mais consumidores tivessem acesso aos investimentos. “Hoje, existem instituições financeiras que oferecem LCI a partir de R$ 1 mil”, observou Constantin, da Mackenzie.
Dados dos balanços trimestrais dos bancos pesquisados mostram que o Bradesco ampliou 48,1% o estoque de recursos de letras, para R$ 80,1 bilhões (sendo R$ 14,3 bilhões de LCI e R$ 55,1 bilhões de Letras Financeiras).
No Itaú, as letras cresceram 45,2%, para R$ 22,2 bilhões, no Santander 35,8%, para R$ 69,4 bilhões, e no Banco do Brasil 38,9%, para R$ 148,55 bilhões.
Captações externas
Apesar da alta do dólar no período, as captações internacionais dos grandes bancos aumentou até março, quando comparado com o trimestre imediatamente anterior -segundo dados do Banco Central, a moeda norte-americana avançou 19,12% frente ao real entre o início de janeiro e o final de março deste ano.
Os especialistas explicaram que, mesmo com a depreciação da moeda brasileira no período, as emissões internacionais continuam sendo vantajosas, por conta dos baixos juros pagos na captação externa (principalmente nos países europeus) e as altas taxas cobradas nos empréstimos feitos no mercado doméstico. De acordo com Couto, o Ibmec, os ganhos com o spread (diferença entre as taxas de captação e empréstimo) é maior que as perdas com a compensação cambial.
“Para o estrangeiro, melhor que o 7 x 1 [do jogo entre as seleções do Brasil e da Alemanha, na Copa] é só o 13 x 1 [diferença entre os juros da captação externa e empréstimo doméstico]”, brincou. Ele apontou ainda que muitos bancos fazem hedge (proteção) cambial, o que torna as operações ainda mais seguras.
Os números dos balanços apontam que a instituição que mais cresceu o estoque de recursos por emissão externa foi o Itaú, com alta de 12%, para R$ 18,01 bilhões, seguido por Santander (9,5%), para R$ 12,91 bilhões e Banco do Brasil (9,2%), para R$ 33,99 bilhões. O Bradesco reduziu o saldo em 7,9%, para R$ 8,07 bilhões.
Segundo Constantin, o cenário de captações bancárias, com foco nos instrumentos mais sofisticados, deve se manter no curto prazo (12 meses), até que os ajustes sejam feitos e os consumidores tenham recursos para poupar.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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