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Boa hora para deslanchar mineração

As grandes jazidas de potássio existentes no Amazonas ganham maior importância e visibilidade nesse momento em que o maior fornecedor de fertilizantes para o Brasil, a Rússia, trava uma guerra contra a Ucrânia, ameaçando toda a cadeia produtiva do agronegócio brasileiro que se utiliza do insumo.

O programa Visão JC AM reuniu um time de peso para debater as consequências do conflito no Leste Europeu, obrigando o governo brasileiro a buscar outros fornecedores da matéria-prima para não prejudicar as atividades no campo, que respondem, hoje, por aproximadamente 45% de todo o PIB do Brasil.

Sob o tema ‘Potássio e a importância para o agronegócio brasileiro em tempos de guerra’, o programa teve a participação do geólogo Daniel Nava, professor universitário e articulista do Jornal do Commercio; do ex-deputado estadual Luiz Castro, ex-secretário de Produção, e de Guilherme Pessoa, representante do Ministério da Agricultura no Estado do Amazonas.

Os debates foram mediados pelos jornalistas Caubi Cerquinho e Fred Novaes, diretor de redação do JC. O advogado e consultor Luiz Castro criticou a excessiva burocracia que trava a exploração da jazida de potássio no município de Autazes, onde há possibilidade de geração de milhares novos empregos e renda à população. E serviria ainda como um novo viés econômico que se somaria às atividades da ZFM (Zona Franca de Manaus), principalmente agora em que a distribuição do IPI beneficia outros Estados, reduzindo as vantagens comparativas usufruídas pelas empresas instaladas no Amazonas.

“Temos uma jazida tão grande que se estende até o Pará. Estamos adormecidos em berço esplêndido com tanta riqueza. Há soluções. O potencial existente em Autazes poderia muito suprir as demandas por fertilizantes no País, situação agravada com a guerra entre Rússia e Ucrânia”, avalia o deputado. Segundo ele, é equivocada a narrativa de que esses minérios estão localizados em terras indígenas. “O governo federal, o presidente, deveriam ser melhor assessorados sobre essa questão”, disse o ex-deputado.

O geólogo Daniel Nava também referenda essa informação. Segundo ele, as minas estão fora das áreas indígenas, o que preservaria as terras demarcadas. Nava disse que vem estudando a jazida de potássio em Autazes há pelo menos 18 anos. Uma empresa foi autorizada a fazer a exploração, mas o Ministério Público conseguiu suspender as atividades por pressões de órgãos ambientais.

“Foi o melhor estudo de impactos realizado na região, avançando intensamente nas pesquisas, com todos os detalhes técnicos. Mesmo assim, a legislação ambiental travou a implementação do projeto”, afirmou. “Temos o olhar do mundo para a Amazônia. E o potencial mineral abre grandes oportunidades para a captação de novos investimentos, mas infelizmente o excesso de burocracia continua sendo um grande gargalo para viabilizar empreendimentos”, acrescenta ele.

Preservação

Segundo Daniel Nava, o Amazonas continua com 95% das florestas preservadas. As jazidas de potássio em Autazes, aponta ele, podem captar recursos da ordem de US$ 4 bilhões em novos investimentos, abrindo mais postos de trabalho e fomentando as indústrias em vários setores das atividades econômicas no Amazonas, aumentando a arrecadação estadual. Ele afirmou que a empresa ainda não desistiu de explorar o projeto no Estado, esperando a solução do impasse ambiental que paralisou suas atividades.

De acordo com Guilherme Pessoa, o governo brasileiro está muito preocupado com a falta de fertilizantes que alimenta toda a cadeia produtiva do agronegócio. Agora, o Ministério da Agricultura se mobiliza para trazer a matéria-prima do Canadá e de outros países produtores.

“A ministra da Agricultura (Tereza Cristina Correa) declarou, recentemente, que é um erro estratégico do Brasil aceitar ser tão dependente desses insumos do exterior. Temos grandes jazidas no País, principalmente em Autazes, onde o minério se estende até o Pará. Infelizmente, temos uma burocracia muito rígida que impede a exploração de todas essas riquezas”, disse ele.

Para Guilherme Pessoa, o conflito no Leste Europeu está sendo oportuno para o Brasil repensar a importância de explorar as suas próprias jazidas de potássio. “Na próxima semana, reuniremos com a empresa que foi autorizada a explorar a mina em Autazes, mas que até hoje espera a consulta feita com os povos jazidas para a retomada do projeto”, acrescentou.

Só no ano passado, o Brasil importou 45 milhões de toneladas de fertilizantes, a maioria oriundos da Rússia e de outros países do Leste Europeu, representando 85% de toda a matéria-prima importada pelo País. O volume de negócios correspondentes a essa importação atingiu US$ 1 bilhão. A produção nacional do insumo foi de apenas 6 milhões de toneladas, o que equivale a menos de 23% da demanda nacional.

O Brasil é o terceiro maior importador de fertilizantes do mundo. E as jazidas encontrados no município de Autazes têm condições de suprir a demanda nacional por aproximadamente 200 anos ininterruptos. Em Autazes, está uma das maiores minas mundiais de potássio, mas que não pode ser explorada pela excessiva burocracia dos órgãos ambientais.

Outros fatores que conspiram para o sucesso da exploração do potássio de Autazes é a logística das hidrovias, que permitem aos barcos transportar a matéria-prima pelo rio Madeira com muita facilidade e tranquilidade, seguindo outros trajetos para abastecer o mercado nacional. E até exportar o excedente para outros países.

Marcelo Peres

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