A balança comercial do PIM (Polo Industrial de Manaus) acumulou um déficit de US$ 2.6 bilhões entre janeiro a abril. O saldo é 42,3% maior que o verificado em igual período de 2009 (US$ 1.5 bilhão). Apesar do déficit, os dados divulgados pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) mostram que a corrente de comércio (soma das exportações e importações) atingiu US$ 3.3 bilhões, de janeiro a abril, o que representa um incremento de 61% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado (US$ 2.05 bilhões).
As exportações deste ano somam US$ 343 milhões, um aumento de 37,04% ante a média do período em 2009 (US$ 250 milhões). As importações totalizam US$ 2.9 bilhões, um aumento de 64,28% em relação à média registrada no mesmo período do ano passado (US$ 1.8 bilhões).
A dependência amazonense de bens intermediários sempre causou desequilíbrio na balança comercial. O déficit comercial é resultado do aumento das importações para atender a demanda do PIM. Segundo dados do Mdic (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), a importação de componentes de televisores registrou aumento de 225%, de US$ 198 milhões em 2009 para US$ 643 milhões em 2010; os dispositivos de cristais líquidos (LCD) aumentaram de US$ 49 milhões para US$ 232 milhões, um incremento de 373%; a importação de componentes para motocicletas e ciclomotores saltou de US$ 73 milhões no ano passado para US$ 77 milhões (0,05%).
O presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Maurício Loureiro, afirma que por não ter uma política industrial definida, o Brasil acaba sendo subordinado aos outros países que fizeram esse investimento e que, hoje, detêm a tecnologia. “Japão, China e Coréia investiram em educação, tecnologia e pesquisa. Agora, esses países dominam toda a cadeia de componentes eletroeletrônicos. Para o Brasil e o Amazonas atenderem suas próprias demandas é preciso definir uma política de infraestrutura, educação e energia, os principais pontos fracos do país e da região”, ressaltou Loureiro.
O principal fornecedor das indústrias do PIM é a China, que aumentou seus investimentos em 85% do ano passado pra cá. Em 2009, o país ultrapassou os US$ 565 milhões e em 2010 essa marca chegou a US$ 1.05 bilhão. Em seguida, a Coréia do Sul aparece com US$ 540 milhões acumulados, 151% a mais que no ano passado (US$ 215 milhões). Japão e Estados Unidos vêm logo depois, com US$ 324 milhões e US$ 191.6 milhões, e incremento de 22,2% e 21,65%, respectivamente, em relação aos quatro primeiros meses de 2009.
O diretor do Cieam, Ronaldo Mota, diz que as indústria procuram comprar em território nacional, mas ressalva que em toda a América Latina não se produz componentes para televisores e computadores. “Há uma cadeia produtiva local que atende a indústria local. Os industriais substituem o que pode ser substituído. O polo de duas rodas, por exemplo, traz parte da tecnologia para cá, aquilo que pode ser produzido aqui, mas as tecnologias para televisores ainda não estão disponíveis”, concluiu.
