Auditores-fiscais paralisam mais uma vez. Durante a manhã de ontem, a categoria se reuniu em três pontos diferentes da cidade com faixas que diziam: “Respeite a Constituição, reponha a inflação”. A previsão é que a mobilização se repita hoje. De acordo com o representante da DS (Delegacia Sindical) Amazonas, Eduardo Toledo, o recado é direcionada à presidente da República, Dilma Rouseff.
A manifestação foi feita fora da repartição, sem assinatura de ponto, respeitando apenas a exigência legal de se manter 30% dos serviços. Na zona primária, manteve-se a operação-padrão.
Estrategicamente, os servidores federais se dividiram entre o centro de Manaus, Aeroporto Internacional Eduardo Gomes e Delegacia Federal. “A paralisação de 48 horas é o alerta decisivo para o governo e tem como objetivo reforçar que será bem mais fácil para o Executivo apresentar uma proposta de reajuste que corrija as perdas inflacionárias”, destaca Toledo.
O auditor-fiscal Luiz Fernando Nogueira garante que apenas medicamentos, alimentos perecíveis, explosivos, armamentos e urnas funerárias estão sendo liberadas pelos fiscais da Receita.
A paralisação
Segundo o Sindifisco Nacional, a paralisação mobiliza o setor administrativo (chamado de zona secundária) do órgão. A estimativa do sindicato é de que a adesão está em torno de 80% dos servidores.
O diretor de estudos técnicos da DEN (Diretoria Executiva Nacional), Luiz Benedito, explica que o movimento tem se agravado devido ao fracasso nas negociações com o governo. “O sindicato tenta o diálogo há mais de um ano e quando ele (o governo) apresenta uma proposta, quer impor a sua vontade”, alfineta.
Caso um acordo não seja firmado até a próxima sexta-feira (31) -prazo exigido pela LOA (Lei Orçamentária Anual)-, o representante do Sindifisco no Amazonas alerta que a categoria deve continuar mobilizada por tempo indeterminado. “Os reflexos disso já têm trazido consequências para a economia do Estado e do país”, diz.
Em busca de um aumento de 30,18%, os auditores mantêm a operação-padrão há dois meses e doze dias.
O comunicado
O Sindifisco Nacional encaminhou na última semana um documento à RFB (Receita Federal do Brasil), em Brasília, que oficializa a decisão de interromper as atividades nos dias 28 e 29 de agosto. O conteúdo da correspondência diz respeito à paralisação das atividades na zona secundária e a manutenção da operação-padrão na zona primária.
Na carta, o Sindicato tenta esclarecer o motivo das ações. “O governo não apresentou uma proposta à nossa reivindicação. O reajuste oferecido não corresponde à inflação dos últimos anos”, destaca Nogueira. Segundo o representante, os auditores-fiscais não tiveram revisão geral anual de seus vencimentos.
Apesar da manifestação, o Sindifisco lembra na carta que será mantido o percentual de 30% dos auditores na zona secundária, com manutenção das atividades.