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Vendas de veículos novos no Amazonas aceleraram

As vendas de veículos novos no Amazonas aceleraram em praticamente todas as categorias, em maio. Impulsionados por ônibus, motocicletas, comerciais leves e automóveis de passeio, os emplacamentos somaram 6.003 unidades, 22,44% a mais do que em abril do ano passado (4.903), conforme a Fenabrave. A comparação com o quinto mês de 2021 (4.602) mostrou acréscimo de 30,44%. O desempenho foi suficiente para repor o acumulado no azul, com 23.742 (2022) contra 19.391 (2021) unidades e incremento de 22,44%. Os números do Estado foram melhores do que os da média brasileira.

Empresários do segmento ouvidos pela reportagem do Jornal do Commercio estranharam os números e apontam que a demanda esfriou no mês passado. O entendimento é que as altas dos juros e da gasolina estão desestimulando as vendas, enquanto o corte do IPI é insuficiente para contrapor os reajustes constantes nos preços dos veículos. Segundo as fontes, o mercado ficou mais instável, com concessionárias superestocadas de modelos menos procurados. Mas, os produtos mais caros e de maior apelo comercial já contam com filas de espera de até seis meses. Em contrapartida, o mercado de seminovos escalou.

Os números são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, que se amparou nos emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), que levam em conta todos os tipos de veículos, incluindo automóveis convencionais, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas. Vale notar que os dados locais devem ser levados também sob a perspectiva do transit time (tempo de trânsito) entre faturamento e emplacamento, um hiato que pode durar 30 dias, em virtude da logística de translado entre as fábricas do Centro-Sul e as concessionárias no Estado.

Segundo a entidade, o Estado superou a média nacional. Com três dias úteis a mais, maio apresentou 338.462 unidades licenciadas, representando alta de 25,10% na comparação com o mês abril (270.549). O montante também foi 6,03% superior ao de 12 meses atrás (319.203). Ainda assim, o acumulado dos cinco primeiros meses do ano ficou negativo em 4,16% e não passou das 1.335.325 unidades. Diante dos efeitos do repique da Covid-19 na China na capacidade de oferta das montadoras, e dos impactos econômicos da guerra na Ucrânia na escalada da inflação, a Fenabrave informou que só irá rever as projeções para o ano no final do primeiro semestre.

Automóveis e motocicletas

Quatro das sete categorias listadas pela Fenabrave subiram na variação mensal. O melhor desempenho veio dos ônibus (92,86% e 14 unidades), seguidos pelas motocicletas (+23,43% e 3.893), comerciais leves (+23,17% e 521) e automóveis (+22,59% e 1.411). Em contrapartida, implementos rodoviários (-11,36% e 39), “outros veículos” (-4,76% e 40) – que incluem tratores e máquinas agrícolas –e caminhões (-4% e 72) pontuaram recuos. 

O quadro piora quando se leva em consideração o confronto com maio do ano passado: apenas as motos (+79,40%) aparecem com alta. Pelo décimo mês seguido, carros cederam lugar a motocicletas, no ranking de vendas do Amazonas. As motos continuaram na primeira posição, avançando de 38,63% para 60,20%, entre maio de 2021 e o mês passado. Em contraste, os automóveis voltaram a reduzir sua participação no bolo de vendas na mesma comparação, com 26,30% (2022) contra 40,40% (2021).

IPI e juros

O sócio diretor da Kodó Veiculos, Diogo Augusto Maia da Silva, informa que conseguiu acréscimo mensal de 10% em maio, mas salienta que o aquecimento serviu apenas para repor a perda anterior. Segundo o empresário, o desconto do IPI é insuficiente para compensar os reajustes mensais das montadoras, que costumam ser de 1% a 1,5%, em ritmo semelhante ao do IPCA. “Acredito que esse aumento [registrado pela Fenabrave] englobe vendas antigas e faturadas apenas agora pelas montadoras. Eu tinha pedido de até oito meses atrás, e que só agora teve retorno”, comentou.

A boa notícia é que a oferta voltou a se regularizar para alguns modelos, embora o contrário ocorra com os produtos mais procurados e com mais tecnologia incorporada. A má é que a alta dos juros e as restrições bancárias estão inibindo a demanda, justamente em um momento em que o setor tinha se preparado para driblar a falta de automóveis zero, com muitas concessionárias, que passaram até a incluir carros usados em seus estoques. 

“O movimento nas lojas foi péssimo no mês passado. O crédito está difícil, quem tem dinheiro está segurando, e quem tem carro só está aceitando troca. As vendas estão boas mesmo só para pessoas jurídicas e para os usados que, depois da valorização na época da escassez de oferta, passaram a ser oferecidos com descontos de 20% a 30% na tabela Fipe. Acho que esse ano vai ser difícil e só quem está há algum tempo no mercado vai conseguir se manter”, lamentou Silva. 

Seminovos em alta

A dinâmica se dá em sentido inverso para produtos de segunda mão. De acordo com o gerente regional de Seminovos do Grupo Revemar, Rubem Lima, maio foi um mês de “vendas agressivas”, levando a empresa a registrar alta mensal de 60% no segmento –o melhor resultado do ano. O principal motivo seria justamente o aumento relativo na oferta de automóveis zero e a redução dos preços dos veículos de segunda mão. 

“Tivemos quatro meses de mercado parado, mas a chave virou no mês passado. O desconto de IPI é apenas para carros novos, mas acredito que o consumidor percebeu que o preço dos seminovos ficou melhor. Tivemos um ano de aumentos na tabela Fipe, mas a situação mudou no mês passado”, avaliou.

O executivo informa que 80% da clientela compra por financiamento e que os meses anteriores foram de “muitas fichas negadas” pelos bancos. Mas, ressalva que a situação de crédito melhorou em maio, apesar dos juros. Lima também mostra otimismo para os próximos meses. “Só para você ter uma ideia, já registramos 13% do volume de vendas médio de um mês, nestes três primeiros dias úteis de junho”, afiançou, acrescentando que a divisão de produtos novos da empresa apresenta crescimento significativamente menor. 

Estabilização e incerteza

Em comunicado à imprensa, o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, considerou que o saldo de maio foi positivo, e que este foi impulsionado também pela disponibilização de veículos que estavam à espera de peças nos pátios das montadoras. “Não há movimento forte de retomada de oferta, nem de demanda. Mas, acredito que estamos chegando à certa estabilidade, o que já é desejável, considerando um ano bastante incerto como o que estamos vivendo”, ponderou.

No que se refere aos automóveis, Andreta Jr ressalta que a demanda tem sido atendida, mas o setor ainda não venceu completamente a crise de abastecimento global. “Embora os problemas sejam pontuais, é possível que haja espera, a depender do modelo. Além disso, há o próprio cenário econômico brasileiro que, por conta das eleições presidenciais, pode ter um ambiente mais volátil no segundo semestre”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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