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Arte amazônica de Buy e Helen

Buy Chaves e Helen Rossy escolheram Novo Airão para viver e se inspirar artisticamente na fonte inesgotável das belezas amazônicas

Evaldo Ferreira: @evaldo.am

O catarinense Buy Chaves era marinheiro. Um dia conheceu Manaus, gostou da cidade e não quis mais sair daqui. Um dia a parintinense Helen Rossy veio estudar em Manaus e resolveu ir ficando por aqui. Um dia Buy e Helen se conheceram, há mais de 30 anos, em 1990, e até hoje estão juntos. O que os uniu? A arte. Interessante que cada um trabalha num segmento artístico. Buy pinta quadros, Helen faz esculturas a partir de troncos e pedaços de árvores que ela encontra ao acaso. Juntos, os dois criam belas peças de mosaico.

“Na primeira exposição que participei, com o apoio do Jair Jacqmont, em Manaus, expus uma escultura feita com papel marchê. Lembro que fui a única mulher a apresentar um trabalho”, lembrou.

Com Buy o começo não foi muito diferente. Ele pintava seus quadros e saía com eles debaixo do braço atrás de compradores. No Universo das artes os dois se conheceram e começou ali a ligação que já dura mais de três décadas.

Novo Airão surgiu por acaso na vida do casal. Buy veio até a cidade junto com a equipe de produção de um documentário alemão, viu uma casinha de caboclo num terreno de frente para o rio Negro. Se apaixonou pelo local e pela visão do rio. Decidiu comprar a casinha e, em 1992, se mudou para a cidade junto com Helen.

Aos poucos, a casinha foi ganhando uma bela arquitetura, completamente artística. Tem uma sala. No andar superior, o ateliê de Buy. Mais um lance de escadas e se chega ao ateliê de Helen. Por fim, no alto, o quarto do casal. Para completar, todos os ambientes são decorados com a arte produzida pelos dois, ou com peças artísticas que eles adquiriram e acrescentaram aos espaços.

Esculturas utilitárias

“Está vendo essa cristaleira? É uma peça de arte, trabalhada, mas estava jogada no lixo. Então a trouxemos, restauramos, colocamos os vidros e aí está incorporada ao nosso espaço de artes”, revelou Helen.

A artista plástica gosta de lembrar que Buy foi seu principal incentivador na arte que ela produz até hoje e chama de esculturas utilitárias. São peças de decoração e utilitários como mesas, cadeiras, bancos, luminárias, entre outras, feitas a partir de troncos e pedaços de árvores.

Em décadas passadas, Novo Airão foi um importante pólo de construção naval onde eram fabricadas de canoas a grandes embarcações de recreio. A beira do rio abrigava vários estaleiros. Hoje a construção de barcos de madeira só é permitida se for com madeira certificada, tornando o produto final bastante caro e praticamente inviável, o que fez tal indústria desaparecer do município. Pois era nesses estaleiros que Helen conseguia a matéria-prima para as futuras esculturas utilitárias.

“Coletava as sobras de madeira, mais as sinuosas, e começava a fazer os móveis. Buy viu arte naquilo e disse que eu deveria mostrar aquele trabalho, em Manaus. Buy já era um artista reconhecido. A partir de então vi que aquele meu trabalho era arte e as pessoas estavam dispostas a pagar por ela”, disse.

Mas além dos estaleiros, o acaso também favoreceu o trabalho de Helen.

“Certa vez, acho que foi na grande vazante de 2010, andando pela beira do rio encontrei a casca de uma grande árvore, de mais de um metro de diâmetro, enterrada. Devia estar ali há décadas, com a vazante, apareceu. Chamei uns homens, eles desenterraram uma parte, de tão grande e pesada que era. Só em outra vazante desenterraram o resto. Hoje a grossa casca é uma peça de decoração da minha casa”, contou.

Mais do que em Manaus

Buy e Helen ainda moraram por sete anos, em Santa Catarina. Realizaram muitos trabalhos em algumas cidades catarinenses, mas Buy não queria mais saber do frio do Sul. Preferia o calor do Norte e de Novo Airão. Em 2013 voltaram em definitivo para a cidade.

Desde então o casal ampliou sua casa/ateliê onde cada metro é ocupado por uma obra de arte. No ateliê de Buy ele produz continuamente figuras de peixes, caboclos, indígenas, a floresta, uma arte meio expressionista.

“Meu estilo é não ter estilo”, acrescentou.

Helen está sempre à procura de peças de madeira para construir sua arte. Quando surge alguém interessado num mosaico, fazem juntos. Os artistas revelaram que sua casa/ateliê é permanentemente visitada por interessados em adquirir seus trabalhos, até mais do que em Manaus.

“Na realidade, quem nos procura mais são pessoas de posse que moram em Manaus. Elas vêm a Novo Airão passear, ou fazer turismo, e acabam adquirindo alguma peça, ou encomendando algum trabalho. Novo Airão é um ótimo lugar para se fazer turismo e se inspirar artisticamente”, concluiu Helen.

Quem quiser conhecer melhor o trabalho dos dois artistas pode visitar seus Instagrans @buychaves.arte (dele) e buyehelen (dela). Visitas à casa/ateliê podem sem agendadas pelo 9 8435-7331.

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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