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Aproveitar o que ia para o lixo

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Há dois anos a artista plástica Andrea Benzecry e o irmão, o designer Manoel Lira, resolveram investir na produção de móveis a partir do pinho retirado de paletes. “Andrea produz peças artísticas para decoração e os amigos sempre pediam que ela fizesse peças com paletes. Então ela pesquisou na internet e começou a produzir estantes, bares de parede e suspensos, e tudo vendia. Dessas peças menores para móveis como mesas, camas e sofás, foi um passo. Surgiu assim a nossa empresa, a Pynnus 092”, contou Lira.

“Hoje em dia tem muita gente fazendo móveis a partir de paletes. Antes as peças eram encontradas jogadas nas ruas, e ninguém queria. Isso acabou. Agora só conseguimos as madeiras comprando de fornecedores, geralmente indústrias. Em alguns casos o fornecedor chega a ter tantos paletes, que nos doa, mas não é sempre que isso acontece”, disse.

Lira concorda que essa prática é salutar para a natureza, pois hoje existe muita gente em Manaus transformando essa madeira, que antes, depois de não servir mais como palete, virava lixo. “Agora, pessoas com talento para o artesanato e trabalhar com madeiras, transformam esses pinhos, em alguns casos, em verdadeiras obras de arte, em móveis que poderão durar décadas sem virar lixo, ou mesmo peças de artesanato”, informou.

A demanda pelas peças feitas a partir de paletes pode ser medida na oficina da Pynnus 092. “Toda semana recebemos algum cliente, como agora, com o dono desse sofá que acabou de ficar pronto. Às vezes a Andrea usa seu lado artístico e utiliza outros pedaços de madeiras e até metais, reciclando-os e fazendo com que agreguem valor às suas peças”, lembrou. Informações: (92) 9 9247-4941; Instagram: @pynnus092.

A natureza como fonte de matéria-prima
A artista plástica Rosa dos Anjos começou nas artes, há quase 30 anos, utilizando matéria-prima descartada pela natureza. “Fazia esculturas em miniatura de animais da floresta, utilizando sementes, raízes e até mexilhões, para as asas dos pássaros”, recordou. “Depois, quando me profissionalizei, aumentei o tamanho das peças, algumas vezes, inclusive, em tamanho natural, de pássaros, peixes e outros animais amazônicos, agora feitas em madeira, na maioria das vezes vendidos para o exterior. Os turistas viam e compravam”, falou.

“Quando você anda pela floresta, vê quanto material a natureza descarta: troncos, raízes, galhos, cipós, que podem ser aproveitados e transformados em belas peças de decoração e utilitários”, ensinou.
Há dois anos, Rosa dos Anjos fez uma parceria com a serraria Mil Madeiras, localizada em Itacoatiara. “Eles realizam um trabalho social junto às comunidades da região. No meu caso, eu ministro oficinas ensinando artesanato nas comunidades e a Mil Madeiras me paga com madeira certificada que eles retiram da floresta. Me mandam a madeira bruta, às vezes com nó, buraco ou rachada, troncos e toras de piquiá, cedro, sucupira, macacaúba, itaúba, muirapiranga, angelim, entre outras, mas é essa madeira bruta que me interessa, porque a própria natureza, naquelas peças, já faz um excelente trabalho artístico. Eu só finalizo”, riu.

E a criatividade de Rosa faz com não só a madeira lhe seja útil. “De folhas secas faço abajures; de talas de buriti, luminárias; fibras de arumã e palhas de tucumã trançadas são transformadas em jogos americanos; sementes de tucumã e açaí, em biojóias. O interessante da natureza é que você pode utilizar essa matéria-prima, que ia apodrecer, e transformá-la em objetos úteis”.

Catando garrafas de vidro pelas ruas
Sheila Passos aprendeu com a tia, ainda criança, a fazer toalhinhas de croché. Das toalhinhas ela passou pros colares e, utilizando os mais diversos materiais, como EVA, PET, fios de nylon, linha de tricô, pinchas, tampinhas, papel e papelão, chegou às garrafas de vidro. “Há dois anos eu comecei a trabalhar com garrafas de vidro, porque vi que estavam começando a usá-las nas mais diversas formas”, explicou. “Prefiro usar as pequenas, de cerveja, porque são mais bonitinhas. Eu as transformo principalmente em jarros e vasos, e completo decorando com flores e outros enfeites, também artesanais. Faço por encomenda. Hoje virou moda essas garrafinhas serem dadas como lembranças nas festas de aniversário, e são decoradas de acordo com o tema, ou a cor que o solicitante desejar. Todo tempo recebo encomendas”, garantiu. Das garrafas, também surgem copos. “Esse trabalho com garrafas é excelente para acabar com a poluição ambiental que elas poderiam provocar. Eu vivo catando garrafas pelas ruas, as de cerveja, e não é fácil encontrar, porque já tem muita gente fazendo a mesma coisa”, afirmou.
Agora, as garrafas que estão na mira de Sheila são as PET. “Comecei a transformá-las em bonecas e todas que faço, vendem. Representam as personagens dos bois Garantido e Caprichoso, com roupas de croché e tudo. E com as PET dá pra se fazer o que a imaginação permitir: flores, bonecas, tapetes. Deixam de ir pro lixo e se tornam úteis”, concluiu.

Informações: (92) 9 9196-4690 e 3638-3603

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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