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Após perdas, setor de construção do AM vive recuperação gradual

Abalada pela crise econômica e institucional que antecedeu a pandemia, a indústria da construção do Amazonas perdeu 55,8% de seu contingente de trabalhadores, entre 2013 a 2017. Em um período um pouco mais curto, a quantidade de empresas ativas caiu 37%, de 768 (2014) para 500 (2017). De 2017 para 2019, contudo, o número de ocupações retomou terreno positivo, avançando 12,4%, ao mesmo tempo em que o Estado ganhava 43 novas pessoas jurídicas (+8,6%). É o que revela a PAIC (Pesquisa Anual da Indústria da Construção), do IBGE.

O setor de construção do Amazonas englobava 500 empresas ativas ao final de 2019, indicando estabilidade em relação a 2010, quando fora contabilizadas 503 companhias. Tomando como referência o período mais recente, em 2014, foram registradas 725 empresas no setor, mas, entre 2014 e 2017, o setor perdeu 268 empresas, uma redução de 37%. A recuperação veio nos dois anos seguintes, com o acréscimo de 43 novas pessoas jurídicas para a atividade, em nível local, gerando crescimento de 8,6% nesse quesito.

Estados vizinhos da Região Norte registraram desempenho melhor. O Pará, por exemplo, obteve destaque na participação de empresas ativas no setor da construção, conseguindo elevar sua fatia de representação de 35,7% para 37,7%, entre 2009 e 2019, graças à abertura de 25 novas construtoras, no período. Em relação ao número de empresas ativas, a participação do Amazonas na Região Norte manteve-se relativamente estável entre 2010 (23,01%) e 2019 (23,38%).

Há dois anos, o setor ocupava 19.254 pessoas, contingente 31,5% inferior ao de 2010 (28.016). Nesse período, esse setor perdeu 8.762 postos de trabalho. O auge da ocupação ocorreu em 2013 (38.717 trabalhadores), às vésperas da Copa do Mundo sediada no Brasil – inclusive em Manaus. Daquele ano até 2017, a perda de postos de trabalho chegou a 21.592 pessoas, ou 55,8% do total. Já entre 2017 e 2019, a Indústria da construção amazonense ganhou 2.129 postos de trabalho, 12,4% de crescimento.

Salários e custos

As empresas do Amazonas pagaram um total de R$ 532,1 milhões em salários, retiradas e outras remunerações a seus colaboradores, ao final de 2019. De acordo com o IBGE, houve um decréscimo de 6,73% na comparação com os valores de 2010 (R$ 570,5 milhões). A diferença foi maior para os custos de incorporação e das obras e/ou serviços, que alcançaram R$ 1,66 bilhão há 11 anos, mas diminuíram 29,52%, em 2019 (1,17 bilhão).

As construtoras geraram R$ 3,33 bilhões em incorporações, obras e/ou serviços da construção em 2019. O valor foi inferior ao de 2009 (R$ 4,17 bilhões). Em dez anos, o valor das incorporações ou obras do Amazonas perdeu representatividade na Região Norte, caindo de 23,3% (2009) para 21,5% (2019). Em valores absolutos, isso representou queda de R$ 834 milhões. A cifra voltou a aumentar entre 2017 e 2019, indo de R$ 2.99 bilhões para R$ 3,33 bilhões.

O Pará também ganhou representatividade na região Norte, nesse cenário, passando de 31,1%, em 2010, para 52,9% em 2019. Em valores absolutos, o salto correspondeu a uma diferença de R$ 2,6 bilhões. Amazonas, Acre, Rondônia e Tocantins foram os Estados da Região Norte que tiveram perdas no valor das incorporações, na mesma comparação. Com isso, a região Norte perdeu 1,2 ponto percentual de representatividade em nível nacional.

“Em uma década, a indústria da construção do Amazonas teve expressiva queda, tanto de faturamento, quanto de pessoal. Embora essa retração não tenha sido uma exclusividade do Estado, fez com que ele perdesse representatividade regional na atividade. Foi ao contrário do ocorrido com outros, como o Pará, que aumentou sua importância regional. No entanto, a partir de 2017, a atividade local voltou a crescer, em ritmo menor, mas constante. Isso aconteceu sobretudo no valor das obras e no número de pessoal ocupado”, analisou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.

“Positivo e animador”

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), Frank Souza, concorda que 2019 mostrou uma recuperação significativa para a atividade, que já enfrentava uma crise prolongada desde 2014. “Entre 2010 e 2014, tivemos uma ascendência grande de obras e nunca tivemos um volume de empreendimentos tão grande, no Amazonas e em todo o Brasil, quanto nesse período. O boom foi tão grande, que faltava mão de obra naquela época. Depois, o mercado foi desaquecendo”, lembrou.

O dirigente lembra, entretanto, que nos dois anos finais da série histórica analisada pelo IBGE, muitas empresas que não estavam no Amazonas começaram a se interessa em atuar no Estado, incrementando o mercado. “Esses números que mostram uma recuperação entre 2017 e 2019 são reais e animadores, tanto é que hoje já temos muitos empreendimentos para lançar”, completou.  

Ao falar dos anos seguintes aos abrangidos pela pesquisa, Frank Souza salienta que a pandemia aqueceu o segmento de obras privadas, produzindo efeito oposto no de obas públicas. O presidente do Sinduscon-AM observa que, de 2019 para cá, houve uma aumento significativo na demanda do setor imobiliário. Especialmente após a pandemia, que levou os consumidores a quererem melhorar seus espaços. O efeito negativo foi encarecer os insumos e desabastecer as empresas.

“Mas, a tendência é que o ocorram mais lançamentos em 2021 do que em 2020, com redução de estoque. Muitos empreendimentos ainda estão sendo executados, porque passam por entraves de licenciamento. As principais empresas nisso, porque há uma carência de imóveis no mercado. Sobre obras públicas, o arrefecimento da pandemia com o aumento da vacinação tende a deixar o governo federal com mais dinheiro para obras de infraestrutura. O cenário é positivo e animador”, finalizou.     

Região Sul foi a que mais cresceu

Entre 2010 e 2019, a região Sudeste permaneceu liderando em participação (49,6%) no valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção. A região Sul (18%), no entanto, ultrapassou o Nordeste (17,5%) e passou para a segunda posição do ranking. O Centro-Oeste (8,9%) e o Norte (6%) permaneceram na quarta e quinta posições, respectivamente. 

O Sudeste ocupava 49,3% dos trabalhadores da construção em 2019. Em dez anos, o Nordeste foi a região com a retração mais intensa na sua participação de mão de obra (de 22,7% para 19,7%), acompanhando o movimento de redução na participação do valor gerado em obras no período. O Norte também perdeu participação (de 7% para 5,6%). O Sul teve o maior avanço em termos de empregos, com sua participação saltando de 13,4% para 17,3%. O Centro Oeste, por sua vez, manteve-se praticamente estagnado entre 2010 (8,3%) e 2019 (8,1%).

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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