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Política de isolamento contribui para 235 mil desocupados no AM em junho

Amazonas tem 235 mil desocupados em junho

A crise da covid-19 elevou a taxa de desocupação no Amazonas de 12% para 15,1%, entre maio e junho. Com isso, a quantidade de amazonenses sem atividade remunerada saltou de 179 mil para 235 mil. A alta do desemprego seguiu em paralelo com o aumento da procura por trabalho. O número de trabalhadores com carteira assinada caiu e a informalidade ultrapassa a metade dos ocupados no Estado. 

Pelo menos 202 mil trabalhadores do Amazonas ainda estavam afastados do emprego em razão do isolamento social imposto pela pandemia –contra os 221 mil de maio. A quantidade de amazonenses trabalhando de forma remota caiu de 87 mil para 65 mil, na mesma comparação. Os dados estão na Pnad Covid19 e foram divulgados pelo IBGE, nesta quinta (23). O levantamento é uma versão da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada com apoio do Ministério da Saúde, e com metodologia diferente. 

A sondagem estimou que, entre os 4 milhões de habitantes do Amazonas, 2,98 milhões tinham 14 anos ou mais de idade e estavam em idade de trabalhar. A população na força de trabalho era de 1,56 milhão, sendo que 1,32 milhão estavam ocupadas e 235 mil desocupadas. A população fora da força de trabalho ficou estimada em 1,42 milhão. Houve um acréscimo de 1,3% entre os ocupados, mas o incremento na desocupação foi maior (+31,2% e +56 mil). A quantidade de pessoas na força de trabalho subiu 5% (+74 mil).

A taxa de desocupação cresceu 3,1 pontos percentuais em relação a maio, embora o nível de ocupação tenha se mantido constante em 44,4%. O número de ocupados que não procuraram trabalho, mas gostariam de trabalhar (2,28 milhões) avançou 1,78%. Ao mesmo tempo a quantidade dos que não procuraram trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho na localidade caiu 11,4%, de 560 mil (maio) para 496 mil (junho).

Em torno de 271 mil pessoas seguiram afastadas do trabalho, número menor do que o de maio (367 mil). Desses, 202 mil estavam nessa condição em virtude do distanciamento social e 69 mil, por outros motivos. Entre os afastados, 125 mil continuaram a receber remuneração e 146 mil ficaram sem renda. O grupo dos que deixaram de receber remuneração caiu de 60,2% para 53,8%, entre maio e junho.

Empreendedorismo e informalidade

Segundo o IBGE, entre os 1,32 milhão amazonenses ocupados na semana de referência da pesquisa, 501 mil trabalhavam por conta própria, 325 mil estavam no setor privado e com carteira assinada e 133 mil era militares e servidores estatutários. A maioria dos trabalhadores domésticos (37 mil pessoas) não tinha carteira assinada. 

A queda no contingente de empregados do setor privado com carteira assinada (11.000 pessoas) foi acompanhada por um aumento entre os ocupados “por conta-própria”, de 498 mil (maio) para 501 mil (junho). O mesmo ocorreu entre os trabalhadores familiares auxiliares: 108 mil (junho) contra 71 mil (maio). Em torno de 681 mil estavam ocupados na informalidade. O crescimento em relação a maio foi de 40.000 trabalhadores e fez a taxa subir de 49% para 51,5%.

Agricultura e construção

A maior parte dos amazonenses com atividade remunerada estava nas atividades de administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (238 mil), em junho. Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura responderam pelos empregos de 230 mil pessoas. Na sequência vieram comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (171 mil) e indústria geral (133 mil) – sendo que 112 mil estavam na indústria de transformação.

Entre maio e junho, a agricultura incrementou 27 mil postos de trabalho, crescendo 13,3%. A construção passou de 64 mil para 70 mil postos de trabalho, crescendo 9,3%. Alojamento e alimentação, passou de 86 mil para 110 mil trabalhadores (27,9%). Em contraste, indústria geral (-5,6%), comércio (-3,38), transporte e armazenagem (-5,8%) e outras atividades ( -11,7%) estiveram entre os que mais reduziram postos de trabalho. 

Flexibilização e incertezas

Em sua análise para o Jornal do Commercio, o geógrafo e supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, considerou que as alterações ocorridas em junho são naturais, já que o mês passado foi marcado pela implementação do retorno das atividades não essenciais de comércio e serviços, além de ter sido um período em que muitos flexibilizaram o isolamento por conta própria. 

“Com isso, a tendência da taxa seria subir, uma vez que alguns trabalhadores não iriam ter seu emprego novamente. No mesmo sentido conta própria e informal tendem a evoluir, como ocorreu. Ainda vai demorar muito tempo para que os números voltem a ter uma rotina mais consistente. Ainda temos uma massa de pessoas que estão recolhidas por conta da indefinição na cura do vírus”, avaliou.

Indagado sobre o papel da reabertura dos setores de comércio e serviços em Manaus na empregabilidade, assim como sobre a necessidade de as empresas se acostumarem a um “novo normal” de custos mais elevados e vendas incertas, o pesquisador avalia que esse novo momento até traz fatores positivos para a economia, mas ainda é insuficiente para impulsionar o mercado de trabalho, em razão das incertezas.

“A demanda, como já era esperado, é muito alta. Olhando pelo lado das empresas, sabe-se que não basta abrir as portas, é necessário retomar produção e vendas. Aí, nesse momento, entra o consumidor, que certamente está menos capitalizado para consumir. No final, sobra para o trabalhador que vai precisar de paciência para ter seu emprego de volta”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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