Após ter alcançado pico de crescimento em março (11.125 desempregados), o Amazonas retomou pelo segundo mês consecutivo o ciclo de queda na taxa de desemprego, fechando o mês de maio com 7.916 perdas nos postos de trabalho (4,67% a menos que o mês anterior). A vacância no preenchimento da mão-de-obra também foi reduzida em 22,33% em relação a maio do ano passado, segundo o levantamento mensal feita pelo Sine-AM (Sistema Nacional de Emprego do Amazonas), que constatou o acúmulo de apenas 393 vagas não-preenchidas frente às 506 em 2008.
O diretor estadual do trabalho e coordenador-geral do Sine-AM, Murilo Cunha, ponderou que, apesar da reação mais conservadora e aprofundada do que seria necessário para manter o ritmo de empregabilidade no Estado, em especial entre alguns agentes de setores produtivos, como os eletroeletrônicos, a crise internacional foi realmente assustadora, e ainda impõe à economia local o grave componente da imprevisibilidade que não pode ser ignorado. O executivo calculou que, por conta disso, o número de trabalhadores desempregados deve manter os 4% no ritmo de queda até o fim do primeiro semestre. “Com base nos números dos meses anteriores, é possível antever um panorama mais positivo até junho, momento em que a indústria e o comércio deverão reaquecer de olho nos negócio para a Copa do Mundo no próximo ano”, considerou.
Aumento do ritmo
De acordo com o levantamento, 1.688 pessoas procuraram o Sine-AM durante o mês de maio deste ano para concorrer em 950 vagas disponíveis no período. Apenas 557 obtiveram êxito, entretanto. No ano passado, em um universo pré-crise, segundo o Sine-AM, a disputa por um emprego formal foi bem maior. Considerando-se que havia 8.547 pessoas para 1.357 vagas, apenas 851 garantiram colocação.
Mas o ritmo de desemprego deve aumentar até o fim do ano e superar os dois dígitos percentuais, movimento que também será acompanhado da redução da renda dos trabalhadores amazonenses. Pelo menos segundo o professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e doutor pela PUC-RJ, José Márcio Camargo, que projetou uma elevação do desemprego por conta do ‘aumento persistente’ (SIC) da taxa que já esteve em 7,6% em dezembro de 2008 e chegou a 9% em março. “Os sintomas são efetivamente que a taxa de desemprego deve aumentar ao longo dos próximos meses. A minha avaliação é que essa taxa deve atingir os 11% da força de trabalho”, calculou.
Números são reflexo da crise econômica
Camargo explicou ainda que a desaceleração da economia e da geração de empregos começou a ser notada entre setembro e outubro do ano passado quando os registros do Ministério do Trabalho já indicavam a baixa do saldo positivo de vagas criadas. “Todos os sintomas levam a crer que estão sendo gerados poucos postos de trabalho no Brasil mesmo nesse início de ano e o Amazonas é apenas um reflexo disso”, complementou, dizendo que o balanço do Sine-AM no primeiro quadrimestre não recuperou as perdas de postos de trabalho do fim do ano passado.
O presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Gaitano Antonaccio, concordou que os reflexos da crise no comércio fez a evolução da mão-de-obra fechar números negativos, mas considerou que a retomada do ritmo da economia não tarda a se fazer mais clara. “O mundo inteiro está em recessão, o que levou à perda da renda do trabalhador. Mas a reação imediata dos setores privado e público com a adoção e implementação de ações de gestão responsável e de medidas anticíclicas também foi fator essencial para enxergar perspectivas positivas após esses dois bimestres de retração seguida”, disse.
Sobre o mesmo assunto, o diretor executivo da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Flávio Dutra, ponderou que a economia brasileira foi menos afetada pela crise internacional do que o esperado, apesar de o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ter confirmado que o Brasil chegou a entrar em recessão técnica, com dois trimestres seguidos de recuo da economia. “Aqui no Amazonas, o polo de duas rodas, principal vetor do ritmo de contratações da indústria, está se reaquecendo por conta da demanda interna. Esse é um dos fatores que nos faz acreditar que a economia brasileira aos poucos retoma o crescimento percentual dos meses anteriores à crise”, disse o executivo, acrescentando que este é um grande trunfo do país: contar com um mercado interno gigantesco e que se mantém em expansão, com a inclusão nos últimos anos de parcelas significativas de novos consumidores ao contingente de pessoas com recursos que permitem fazer girar as engrenagens da economia.