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Amazonas perde quase 15 mil vagas com carteira assinada

Amazonas perde quase 15 mil vagas com carteira assinada

Ainda impactado pela crise da covid-19, o Amazonas emendou, em junho, seu quarto saldo negativo mensal de empregos com carteira assinada, embora a tombo tenha sido muito mais baixo do que nos levantamentos anteriores. No total, 8.126 trabalhadores foram mandados embora, superando novamente as contratações (7.853). O recuo foi de 0,07%, graças à extinção de 273 postos de trabalho, um corte bem menos severo do que o de maio (4.846). O desempenho do Estado foi puxado para baixo por Manaus (-341 e -0,09%). 

Foi o mais baixo número negativo do Estado para a série histórica fornecida pelo “Novo Caged”, divulgado pelo Ministério da Economia, nesta terça (28). O Estado experimentou também a única queda relativa mensal na região Norte (+0,37%) e perdeu da média brasileira (-0,03%). A retração foi menos generalizada do que em maio, mas a maior parte dos setores promoveram cortes, sob os efeitos da crise, e a despeito da reabertura de lojas na capital.

O resultado do semestre foi ainda pior, levando o Estado a amargar o terceiro resultado negativo consecutivo em 2020, neste tipo de comparação – e novamente acima das médias regional (-1,52%) e nacional (-3,09%). De janeiro a junho, foram extintos 14.907 empregos celetistas, já que as admissões (+61.724) nem encostaram nos desligamentos (-76.631). Com isso, a variação no número de postos de trabalho em relação ao estoque do exercício anterior foi reforçada para baixo em 3,60%.

Entre os cinco setores econômicos listados pelo Caged, apenas a construção civil não fechou no vermelho (+401 vagas). Os números foram puxados para baixo pela área de serviços (-189), especialmente por administração pública (-119), atividades administrativas e serviços complementares (-144), educação (-113), alojamento e alimentação (-106). 

Comércio e reparação de veículos (-139), assim como agropecuária (-7) também eliminaram postos de trabalho. O saldo da indústria (-39) só não foi comprometido pela indústria de transformação (+16), já que os segmentos extrativo e de serviços públicos pontuaram números negativos. Os dados do “Novo Caged” divulgados à imprensa não incluem a variação mensal para os setores econômicos nos Estados, nem os desempenhos destes no acumulado.

“Cenário positivo”

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), Frank Souza, diz que a análise do perfil de contratações e demissões no setor aponta para a boa notícia de que o mercado está voltando e aponta inúmeros fatores que tem facilitado o crescimento. O dirigente lembra que a atividade já vinha com números positivos no ano passado e no primeiro bimestre de 2020, até a chegada da pandemia e a derrocada dos empregos, em março, abril e maio.

“Em junho, o crescimento retorna, demonstrando que todas as medidas do governo federal para pessoas físicas e jurídicas em crédito imobiliário fizeram com que as vendas não caíssem e novas contratações existissem. Vejo também que muitos brasileiros saíram da ciranda financeira e começaram a economizar e pensar em moradia mais digna. Isso fez com que as empresas voltassem a lançar. A construção civil contrata muito com pouco dinheiro e o cenário para 2020 é positivo”, avaliou.     

Abaixo da capacidade

Já o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, concorda que a reabertura do comércio e o retorno ao trabalho no PIM ajudou a minimizar a crise do emprego no Distrito, mas salienta que parte significativa das fábricas ainda trabalha em níveis muito abaixo da capacidade instalada e ainda mantém boa parte seu contingente em home office ou com jornadas reduzidas e suspensas.

“A flexibilização do comércio e o fato de o consumidor se soltar mais ajudou a melhorar, mas ainda temos muitas pendências no mercado, o que leva muitas empresas a trabalharem de forma reduzida. E tudo ainda é muito imprevisível. Muita gente já pergunta o que vai acontecer depois da pandemia. Acho que qualquer avaliação é prematura. A gente torce para que as coisas melhorem e que não haja recaídas nos números da pandemia e retrocessos na economia”, lamentou.

Auxilio e imprevisibilidade

Na mesma linha o diretor pleno e tesoureiro da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Johnny Yuma Azevedo Amazonas, concorda que a reabertura do atendimento presencial nos segmentos não essenciais do comércio de Manaus ajudou a dar um gás ao setor, após mais de dois meses de portas fechadas e salienta que as vendas foram aquecidas especialmente pelos recursos do auxílio emergencial.

“Junho foi um mês atípico, em que o varejo voltou com alguma força graças ao dinheiro que o governo injetou na praça. O problema é que a imprevisibilidade ainda é grande. O empresário fica na dúvida de como ficará a situação, quando esse benefício acabar, e a maioria acaba sendo conservadora. Até porque, tivemos muito prejuízo em abril e maio. Mas, acredito que julho e agosto devem dar um horizonte para as contratações, que são importantes para gerar renda e movimentar vendas”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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