O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), rebateu ontem as críticas da presidente Dilma Rousseff à oposição ao afirmar que o PT está “à beira de uma crise de ataque de nervos”. Aécio disse que Dilma foi protagonista de um evento partidário, ontem à noite, confundindo sua atuação com a de presidente. “Está muito cedo para um partido preocupado com o cenário eleitoral mostrar tanto desequilíbrio. Em relação às ofensas, a minha boa formação mineira me impede de respondê-la no mesmo tom”, afirmou o tucano.
Numa crítica ao presidente do PT, Rui Falcão, Aécio disse que o petista deveria falar sobre a crise de energia que atinge o país e as deserções no programa Mais Médicos e não usar seu discurso no evento para atacar a oposição.
“Assistimos de forma patética uma sucessão de neologismos desencontrados que remontam aos mais gloriosos tempos dos aloprados. Devem vir dossiês fajutos. O PT protagonizou não uma festa, um evento partidário, mas inspirado talvez em Almodóvar, assistimos ali um partido à beira de uma crise de nervos”, afirmou.
Críticas de Dilma
Dilma fez ontem duras críticas a opositores de seu governo, a quem chamou de “pessimistas” e “caras de pau” . Segundo ela, dizer que o modelo de governo do PT está esgotado “é mais do que uma mentira, mas uma agressão ao bom senso e à autoestima dos brasileiros”.
“Eles têm a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou”, afirmou Dilma ao discursar por 40 minutos no evento realizado em São Paulo para comemorar os 34 anos do PT e que serviu como lançamento da pré-campanha da presidente à reeleição.
“Esses pessimistas agora aproveitam alguns desequilíbrios da conjuntura internacional, muito difícil para todos os países, para dizer que o fim do mundo chegou. O fim do mundo chegou sim, mas chegou para eles, e isso faz muito tempo”, afirmou.
Apesar de não citar nomes, a fala de Dilma responde a Aécio e ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), prováveis adversários da presidente na disputa ao Planalto. Ambos vêm afirmando que o ciclo do PT se encerrou.
No mesmo evento, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que a oposição ao governo se divide em dois grupos que, segundo ele, “são especialistas em mofo” e “doutores em bolor”, apesar de fazerem discursos de mudança e renovação.
Sem citar partidos ou nomes, Falcão disse que as forças opositoras são “partes de um mesmo corpo” e “farinha do mesmo saco”, que representam o “neopassadismo” e o “novovelhismo”.
Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a fala da presidente mostra que Dilma “subiu no palanque” antes do período eleitoral. “Se ela parte para uma agressão de baixo nível, isso minimiza o cargo que ela ocupa. Isso é discurso de palanque mal arrumado. Ao invés de ser presidente, virou candidata”, atacou o senador.
Dilma diz que ‘pessimistas de sempre’ serão derrotados
Em uma nova crítica indireta à oposição, desta vez em discurso no interior de Mato Grosso, a presidente Dilma Rousseff disse hoje que os “pessimistas de sempre” serão derrotados.
Ela participou da abertura oficial da colheita da safra de grãos 2013/2014, em Lucas do Rio Verde (MT), que deve atingir o recorde de 193 milhões de toneladas. Dilma afirmou que o resultado representa “mais do que um momento de alegria”.
“É também a certeza no futuro desse nosso país, a certeza de que temos competência, capacidade e que aqueles pessimistas de sempre serão derrotados por essa força enorme que emana do nosso povo”, declarou a petista.
Ontem, durante comemoração dos 34 anos do PT, em São Paulo, Dilma já havia atacado, sem citar nomes, seus possíveis adversários na campanha presidencial deste ano: o senador Aécio Neves, do PSDB, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB. Chamou os opositores de “pessimistas” e “cara de pau”.
“Esses pessimistas agora aproveitam alguns desequilíbrios da conjuntura internacional, muito difícil para todos os países, para dizer que o fim do mundo chegou. O fim do mundo chegou sim, mas chegou para eles, e isso faz muito tempo”, discursou ontem a presidente, que também disse que “eles têm a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou”.
Burocracia ibérica
Em Mato Grosso, Dilma afirmou também que o Brasil precisa reduzir a burocracia e que o país é marcado pela tradição “do selo e do carimbo” herdada da colonização portuguesa. “Nós temos uma tradição de burocracia, que eu chamo a tradição do selo e do carimbo, que infelizmente é um pouco ibérica, sem falar mal dos nossos colonizadores”, afirmou Dilma.
A petista disse contar com as reclamações da plateia, formada por produtores rurais, de que “tem papel demais nesse país”, e declarou que a simplificação de processos não pode favorecer a corrupção nem afrouxar exigências de preservação ambiental.
“Nós temos que simplificar processos, não para diminuir a fiscalização, não para deixar malfeito acontecer, não para destruir o meio ambiente, mas, pelo contrário, para acabar com a multiplicidade das exigências desnecessárias.
Executiva vai decidir sobre coligações
O comando do PSDB aprovou hoje resolução que dá à executiva nacional da sigla a palavra final sobre coligações e palanques a serem formados para as eleições de outubro.
A decisão tem como objetivo fortalecer a candidatura de Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência e abre caminho para palanques duplos do PSDB em diversos Estados especialmente com o PSB.
Presidente da sigla, Aécio disse que o partido não vai “violentar” soluções naturais onde o PSDB tem aliança com o PSB, que tem como pré-candidato à Presidência o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O tucano admitiu que palanques duplos para o PSDB e o PSB vão acontecer em “vários Estados”, como em Minas Gerais onde o governo tucano tem o apoio dos socialistas.
“Em alguns casos, em uma coligação os membros de determinado partido farão campanha para o seu candidato à Presidência e os membros do PSDB ou partidos que a ele estejam coligados farão campanha ao seu candidato. Sem que haja impedimento de que ali, localmente, possam estar apoiando a mesma candidatura a governador. Isso não é invenção, é respeitar a lógica”, afirmou.
Aécio disse que a “violência” seria o PSDB tirar o PSB de algumas alianças, mesmo as duas siglas estando unidas em vários Estados. “O governador Eduardo concorda comigo”, afirmou.
Aécio e Campos firmaram um pacto de “não agressão” durante a campanha, mirando as críticas a presidente Dilma Rouseff, candidata à reeleição.
Com a resolução, todos os lançamentos de candidaturas ou formação de coligações nos Estados terão que passar pelo crivo do comando do PSDB.