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A vez dos mercados de aves, suínos e peixes

O consumo interno de carnes no Brasil segue um padrão diferenciado em relação ao restante do mundo. Enquanto a carne suína lidera o ranking (39% do consumo, segundo a FAO), seguida pelo frango (30%) e pelo bovino (24%), aqui, quem manda é a carne bovina, com o frango e o suíno em segundo e terceiro lugares, respectivamente.
Neste quadro, o consumo de peixes é ainda menos favorecido. Para se ter uma idéia, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o consumo interno hoje é de 7kg/hab/ano, menos da metade da média mundial, que é de 16 kg/hab/ano. O dado é também menor que o consumo mínimo do produto recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 12 kg/hab/ano.
Este ranking, no entanto, pode estar tomando um novo formato. Símbolo da implantação do Plano Real, o frango é hoje protagonista na mesa do brasileiro, que consome, anualmente, quase tanto quanto todo o continente europeu. De acordo com a FAO, em 2007, o Brasil consumiu quase 7 milhões de toneladas do produto, frente 7,4 milhões dos europeus (média de 38kg de frango por brasileiro).
E as previsões para as indústrias de frango são otimistas. O estudo “Projeções do Agronegócio Mundial e do Brasil de 2006/2007 a 2017/2018”, realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), aponta um crescimento de 3,3% ao ano no consumo do produto. Atualmente, a produção nacional gira em torno de 10,2 milhões de toneladas.
Já as produções suínas e de peixes, contudo, não compartilham desta realidade. No caso dos suínos, segundo o mesmo estudo do Mapa, o consumo no Brasil deve passar dos atuais 2,48 milhões de toneladas para 3,14 milhões em 2017/18, perdurando na terceira posição. Hoje, o consumo do produto no Brasil gira em torno dos 13 kg per capita por ano, a maior parte proveniente de produtos embutidos.
No entanto, hoje em dia existem muitas iniciativas que visam, justamente, mudar estas previsões para melhor. É nisto que aposta a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ACCS), que tem desenvolvido uma consistente campanha na busca por fomentar o consumo do produto in natura no mercado interno. Batizada como “Novos olhares sobre a carne suína”, a ação firmou parceria com redes supermercadistas e, por meio de treinamento das equipes dos açougues destes estabelecimentos, estão oferecendo nas gôndolas dos supermercados várias possibilidades de cortes, assim como acontece com a carne bovina.
Hoje, nestes supermercados, o consumidor tem a possibilidade de encontrar o filé mignon e a picanha suína, algo comum somente nas grandes regiões produtoras do Sul do Brasil. Em uma rede supermercadista parceira da campanha, o consumo dos produtos suínos aumentou 25% em apenas um ano, entre 2006 e 2007.
O setor aqüícola também trabalha pelo fomento no consumo interno. Um grande avanço para este mercado foi a assinatura do Decreto nº 2.869, publicado em 1998, que permitiu a abertura das águas de domínio da União para a exploração da aqüicultura, além do estabelecimento de uma linha de crédito específica para o financiamento de empreendimentos aqüícolas em todo o país.
As conseqüências destas ações estão nos números. Nos últimos cinco anos, a aqüicultura nacional vem apresentando taxas de crescimento anuais que superam a margem dos 20%, de acordo com a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) do Governo Federal. Outras ações promovidas pelo Seap, como o Programa Feira do Peixe, também ajudam a fomentar o setor pela comercialização direta do pescado. Com a distribuição de kits-feira, o projeto possibilita ao produtor vender seu produto diretamente ao consumidor, sem intermediários, oferecendo um produto mais barato e fresco.
As iniciativas são louváveis, mas ainda insuficientes para suprir as necessidades destes setores. É preciso um maior envolvimento da iniciativa privada e dos órgãos governamentais para estimular o consumo interno das carnes suína, de frango e de peixe. Os benefícios serão para todos,

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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