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A importância estratégica deste final de 2022 para o desenvolvimento do Amazonas

Enio Ferrarini

Assessor Econômico da Fecomércio AM

Nunca foi tão evidente e debatido no Amazonas a premente necessidade de encontrar e implementar modelos de complementaridade para a matriz econômica que nos trouxe até aqui. Pelos constantes ataques que esse modelo vem sofrendo por todos os flancos, coloca em dúvidas por quanto tempo ainda consegue nos levar adiante. 

 A história econômica é abundante em exemplos de cidades, estados ou países que alcançaram o desenvolvimento humano de seus povos investindo em educação, com foco no diferencial competitivo da vocação e potencial econômico de sua região.

Também há consenso do quão exitoso foi e ainda o é o modelo Zona Franca de Manaus na garantia da soberania nacional, na preservação da Floresta Amazônica, entre outros benefícios, mas como nada é perfeito gerou concentração econômica na capital e pobreza do interior. 

Talvez um dos maiores pecados deste modelo tenha sido o comodismo por excesso de êxito. Assim como ocorre com a “maldição da abundância”, fenômeno econômico em que países ricos em recursos naturais centralizam sua matriz econômica naquelas commodities e não conseguem atingir o desenvolvimento tecnológico, econômico, social e cultural.

A história econômica também demonstra que modelos econômicos estruturados em benefícios fiscais não se sustentam no longo prazo, a exemplo do “cinturão da ferrugem” nos EUA e Inglaterra, que deixou um rastro de declínio econômico e populacional em muitas cidades, outrora exitoso.

Este final de ano de 2022 é estratégico para nosso estado por ser um ano de eleições, no qual temos a oportunidade de promover um novo encontro entre o eleitor e os candidatos, que estarão sensíveis às demandas que nortearão nosso futuro. Ainda ostentamos o triste paradoxo de ser o maior estado do país com o maior potencial de riqueza, temos a segunda população mais pobre do país atrás apenas do Estado do Maranhão, segundo estudo do IBGE publicado em dezembro de 2021.

Hoje, podemos dizer que somos exemplo de vítima da “maldição da abundância” pelo excesso de riquezas naturais disponíveis e não exploradas, e talvez pelo excesso de êxito do modelo Zona Franca de Manaus, mas temos aí a grande oportunidade de investir pesado naquela que é a maior de nossas vocações, o turismo!

O turismo é, comprovadamente, uma atividade econômica transversal que se relaciona com mais de cinquenta atividades econômicas e maior capacidade de geração de emprego e renda. Diferente do modelo industrial atual que concentra mais de 80% do PIB do estado na capital, o turismo tem a capacidade de se espraiar e levar desenvolvimento econômico e social para todos os municípios do estado absorvendo mão de obra de todos os níveis.

A Amazônia é muito mais que um grande território e ainda é um mistério para grande parte do mundo. Carregando um forte simbolismo de floresta, preservação, biodiversidade, meio ambiente, ecologia e povos da floresta, a “Marca Amazônia” é mundialmente reconhecida e valorizada. Empresas no Brasil e no mundo desejam associar sua marca ou produto a “Marca Amazônia”, mas fica a sensação que nós, aqui do Amazonas, não enxergamos com a mesma importância os atributos da Amazônia que o resto do mundo enxerga.

Os turistas que viajam pelo mundo estão fartos da mesmice da construção humana. Sítios arqueológicos de antigas civilizações, museus, arquitetura clássica, parques temáticos. Cada vez mais consciente de seus valores e da importância da preservação do planeta para futuras gerações, o turista do século XXI, quer conhecer a arquitetura da natureza que praticamente só nós temos, tendo a certeza que este santuário está sendo cuidado e preservado. 

A Amazônia com sua magia, encantos, abundância, tradição dos povos da floresta, culinária, pesca esportiva, além de outros encantos que o mundo já oferece como história, arquitetura e museus é o sonho de desejo do mundo, só nós que ainda não percebemos.  

O que vemos hoje de positivo é o engajamento de múltiplas entidades do governo estadual e municipal, academia, entidades de classe preocupadas e focadas neste tema do desenvolvimento da matriz econômica do turismo. 

Um importante exemplo de amplitude nacional por sua capilaridade em todos os estados e municípios é o projeto Vai Turismo, uma iniciativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que reúne mais de 300 instituições publicas e privadas com o objetivo de propor, integrar e consolidar propostas para desenvolver e impulsionar o turismo no Brasil. 

As propostas são desenvolvidas em cada estado, para serem entregues aos candidatos ao pleito de 2022 e consolidadas em um projeto nacional já entregue aos candidatos à presidência da República.

De todo modo, fica o desafio. Toda a comunidade precisa estar engajada politicamente. Política não é apenas em ano de eleição ou o ato de votar. Como não pode ser mudado o passado deve servir de exemplo, mas nosso presente e nosso futuro são determinados mais pela política do que pelo resto do que fazemos em nossas vidas, razão pela qual devemos participar ativamente da política de nossa comunidade e nosso país. 

Fecomércio

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