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A importância do aconselhamento

O pai da psicologia analítica, Carl Gustav Jung, disse que quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta. Talvez tenha dito isso porque sabia que o mundo está cheio de ambigüidades e sinais que confundem a nossa percepção. Dessa forma, quando os elementos que nos cercam ganham escala e complexidade limitando a nossa capacidade de digeri-los, temos que fazer um exercício de introspecção para rever os nossos métodos, nossa linguagem e nosso julgamento. Caso contrário, corremos o risco de ficar aprisionados no limbo da inércia enquanto as coisas que deveríamos controlar se transformam num monstro de numerosos tentáculos. Essa paralisia de paradigma é hoje potencialmente danosa em face da acirrada competitividade empresarial.
Pesa sobre os ombros do administrador moderno uma sobrecarga de responsabilidades e decisões difíceis que têm que tomar diariamente, sendo que a maioria deles age no escuro apostando na sua intuição. É flagrante o fenômeno da alta concentração de prerrogativas no principal administrador, seja ele executivo ou proprietário de uma organização econômica. As limitações técnicas do staff combinadas com falta de uma cultura organizacional bem estruturada suscitam a desconfiança que leva a revisão das informações apresentadas. É Possível que esse comportamento seja fruto da idéia de que a pessoa no topo tenha uma orientação voltada para a sobrevivência do negócio enquanto os demais níveis estão atentos à preservação dos seus empregos. Ou seja, o instinto de defesa do território é o mecanismo direcionador das ações dos empregados. Conclui-se, então, que o rei está só e que o conjunto de informações que recebe é de algum modo filtrado com vistas à proteção de interesses.
Esse estado de coisas obriga o administrador a transitar pelas mais diversas áreas do conhecimento para se sentir seguro nas suas decisões, sendo que dificilmente conseguirá um resultado satisfatório. Um ou outro poderá desenvolver a capacidade de abraçar os processos inteiros de sua empresa em profundidade, mas um volume extremado de análise poderá resultar numa congestão mental e até problemas psiquiátricos.
Para ser resgatado do atoleiro, o gestor pode lançar mão dos serviços de um Conselheiro, uma pessoa em que encontre ressonância para os seus anseios e temores; que possa compartilhar suas angústias, dilemas e refazer a conexão com os mais variados subsistemas do seu negócio. A missão será ampliar o espaço na mente do administrador para as ambigüidades do mundo, sentimentos conflitantes e idéias contraditórias. Também, deverá reorganizar as estruturas mentais do administrador para que ele possa equacionar os problemas de forma a reduzir substancialmente o estresse e a fadiga. Outra importante tarefa é desobstruir os canais por onde percorrem os fluxos de informações e retratar o negócio ou a estrutura organizacional nas suas cores originais. O conselheiro deverá passear livremente pelas instalações da empresa, estabelecer contato com seus integrantes, analisar uma gama variada de informações e ter a capacidade de incorporar o espírito da organização.
Deduz-se, obviamente, que não é fácil encontrar um profissional que reúna as qualidades necessárias para o tipo específico de conselheiro aqui tratado. Os serviços tradicionais de consultoria não teriam o mesmo efeito por estarem encouraçados por formalidades técnicas e legais. A eficácia do trabalho só é obtida se for estabelecida uma relação de confiança com o aconselhado, o qual deverá acreditar na qualificação técnica, no caráter, na honestidade e na seriedade do trabalho do conselheiro. O conselheiro jamais poderá emanar sinais que despertem suspeitas de que seus conselhos estejam contaminados por algum tipo escuso de interesse.
Alguns administradores já tiveram a felicidade de contar com a ajuda de excelentes conselheiros, como por exemplo, um sócio, um amigo ou alguém que por algum motivo desenvolveu uma relação de confiança. É muito importante que o administrador seja capaz de encontrar nas pessoas que se relaciona o seu possível guia e mentor.

Este artigo é fruto da longa amizade com o brilhante empresário Adevair Vieira, com quem eu mais aprendi do que ensinei .

Reginaldo Oliveira

é consultor empresarial, palestrante, professor do ensino superior e especialista em capacitação profissional nas áreas de ICMS Básico e ICMS Substituição Tributária
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