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TRANSTORNOS ALIMENTARES

O acesso cada vez maior das pessoas ao universo midiático, principalmente às redes sociais, nas quais, como se sabe, todos costumam transparecer uma vida supostamente perfeita sob os mais diversos aspectos, é fator capaz de desencadear algumas autocobranças nocivas para a nossa saúde emocional, a partir de contemplações e comparações indevidas pelas quais muitas vezes nos deixamos levar – embora não devêssemos. 

É nesse cenário de ansiedade emergente que costuma nascer a obsessão por um corpo perfeito, ensejando o adoecimento e, em casos mais extremos, até mesmo a morte.

A exaltação da magreza e dos músculos, comumente associados à ideia do corpo perfeito, costuma ser o elemento propulsor dos chamados transtornos alimentares, entre os quais se apresentam com maior frequência a anorexia, a bulimia e o transtorno da compulsão alimentar (TCA).

O primeiro dos transtornos em evidência, a anorexia, caracteriza-se pelo pavor de engordar. Em consequência, o sujeito perde o referencial do padrão de normalidade, vendo-se sempre de modo distorcido, como se estivesse acima do peso ou na iminência de atingir o sobrepeso. Embora todos no entorno de quem se encontre acometido do referido transtorno possam perceber a pessoa muito mais magra do que deveria, para ela o seu peso e o seu comportamento de restrição alimentar são absolutamente normais.  

Costuma a anorexia manifestar-se principalmente na adolescência, com destaque à faixa etária entre 14 e 18 anos, sendo bastante raro seu aparecimento antes dessa fase, como também em adultos acima de 40 anos. O curso da doença é variável, alguns pacientes apresentando um único episódio ao longo da vida e recuperando-se totalmente, enquanto outros podem atravessar quadro crônico e até adotar a anorexia como estilo de vida, como se vê com relação a determinadas celebridades internacionais. Há ainda quem apresente flutuações, alternando ganho de peso e recaídas. A internação pode ser necessária para hidratação e nutrição do paciente, sendo importante destacar que, lamentavelmente, mais de 10% dos pacientes hospitalizados por anorexia chegam ao óbito.

A bulimia, ao seu turno, transtorno mais presente entre adolescentes e mulheres jovens, configura-se por episódios regulares de compulsão alimentar, seguidos de métodos compensatórios como indução de vômitos, uso de laxantes, diuréticos, jejuns e exercícios físicos excessivos. O paciente portador de bulimia também é muito rígido na avaliação do próprio corpo e peso. 

As crises de bulimia tendem a aparecer no decorrer de uma dieta restritiva ou após esta. Tal transtorno costuma ser duradouro, com o paciente mantendo o comportamento por vários anos. Seu curso pode ser crônico ou intermitente, alternando remissão e crises recorrentes.

Por sua vez, o transtorno de compulsão alimentar (TCA) constitui patologia de diagnóstico relativamente recente.  A expressão “comer compulsivo” surgiu na década de 1950, na Universidade da Pensylvania, cunhada por Albert Stunkard. As pesquisas então iniciadas acabaram sendo esquecidas até meados dos anos 1980, quando o trabalho realizado por grupo de pesquisadores da Columbia University concluiu pela existência de um transtorno alimentar – inicialmente denominado “pathological overeating syndrome”, depois conhecido como “binge eating disorder que trazia a compulsão como característica, mas se distinguia da bulimia. 

O paciente com TCA come compulsivamente, descontroladamente, e até apresenta crises bulímicas, porém sem o uso regular dos comportamentos compensatórios próprios da bulimia. Tanto o TCA como a bulimia são considerados “transtornos do impulso”, porque estão relacionados a comportamento marcado por reações rápidas, não planejadas, com foco em aspectos imediatos em detrimento das consequências de longo prazo. 

A boa notícia é que os três transtornos em relevo são perfeitamente tratáveis, por meio de psicoterapia, medicação, entre outras medidas. Da literatura especializada pode-se extrair que a terapia  cognitivo comportamental (TCC) tem apresentado os melhores resultados no viés da superação de tais patologias, embora o tratamento ideal deva envolver uma equipe multidisciplinar, incluindo, além do psicólogo habilitado para a TCC, também psiquiatra, nutricionista especializado em transtornos alimentares e educador físico. 

Não podemos esquecer, enfim, que a saúde física depende da saúde emocional. Estar bem consigo mesmo e manter a autoestima elevada são os primeiros passos para afastar a ideia de que o corpo perfeito, na subjetiva concepção que parece prevalecer nas mídias sociais, é requisito para ser feliz.  

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