10 de dezembro de 2024

Precisamos ser mais… (Final)

Dentre as tantas necessidades de que “Precisamos ser mais”, chegamos à parte final dessa série falando sobre a paciência, buscando na cultura local esse valor esquecido pela maioria das pessoas que vivem nas grandes cidades, nas metrópoles, em Manaus, no Brasil e no Mundo; um valor esquecido no mundo dos negócios, nas relações sociais, pessoais e familiares.

Por isso, dentre todos os ensinamentos dos indígenas, dos caboclos, dos ribeirinhos, dos pescadores, dos povos que vivem da região Amazônica, à paciência é a virtude que mais chama à minha atenção. É impressionante observar como eles possuem uma sabedoria de dar inveja em qualquer doutor, formado nas melhores universidades do mundo.

A paciência é uma virtude do homem nobre, guerreiro, corajoso. Uma virtude muito presente entre os indígenas, os caboclos, os ribeirinhos da Amazônia. Eles vivem de acordo com os conhecimentos adquiridos de seus ancestrais, de forma que não precisam de muita coisa para viver. O essencial eles possuem: amor à natureza. É incrível observar como eles são felizes. Parece que eles possuem à senha da felicidade humana!

Então eles vivem no paraíso? Nem sempre, pois essas pessoas sofrem todo tipo de privação, principalmente de saúde, trabalho e qualidade de vida. Provavelmente se eles tivessem acesso a esses direitos, certamente haveria um “equilíbrio no paraíso”, e só assim poderíamos dizer que eles vivem num verdadeiro “paraíso na terra”.

De toda forma, para expulsar os males e as dores da vida humana, eles são pacientes. Costumam usar o tempo de forma positiva, contemplando a passagem das horas, dos dias, das semanas, dos meses, dos anos, de acordo com o ritmo da natureza, sem pressa de viver à vida verdadeira; ao contrário da vida na cidade, que é uma correria, um estresse só!

No ambiente amazônico, caboclo, indígena ou ribeirinho, à vida acontece de forma natural. Nada é forçado. Pragmático. Aliás, o pragmatismo passa longe da vida na Amazônia. O natural, o amor em sua forma plena, é o que predomina. Mas eles não são ingênuos. Quem pensa assim se engana. São pessoas com altas habilidades intelectuais.

Parece mesmo que os caboclos daqui aprenderam com o filósofo grego Zenão de Cítio, fundador do estoicismo, que ensinava para os seus discípulos que “a paciência é a maior de todas as virtudes”. Sim, precisamos ser mais pacientes no trânsito, no trabalho, na família, nos negócios, no amor… Zenão já dizia: “O homem sábio é aquele que tem como virtude principal à paciência”.

À questão “Precisamos ser mais…” continua sendo um desafio para todos aqueles que se aventuram a desvendar o verdadeiro sentido da vida. Após tantas necessidades reconhecidas, tantos valores desejados, à vida não teria nenhum sentido se não fosse à certeza de que precisamos ser mais.

Enfim, precisamos ser mais em tantas coisas, principalmente no diálogo interior, na nossa inquietude profunda, no amor ao próximo, no respeito ao diferente, no trânsito, na igreja, na política, no trabalho, na escola, na família, no conhecimento, no amor, em Deus… E você, em que precisa ser mais?

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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