26 de julho de 2024
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Pequenas histórias de comida

Há muito tempo iniciei a escrever um livro sobre a origem dos pratos famosos. Não concluí porque a pesquisa demandaria recursos financeiros que não dispunha. E seria infiel se não pesquisasse as comidas orientais, sobre as quais tão pouco sei. Mas algumas coisas foram bem curiosas: 

A pizza nossa de cada noite é uma invenção dos Italianos, sim. Contudo eles usaram o tomate, originário do México, o trigo cuja certeza de origem não é tão clara, porém teria vindo da China, além do seu conhecimento milenar em preparar embutidos e queijos; 

A maionese (batatonese) seria uma invenção dos alemães, que usando a batata vinda do Peru a misturaram com creme feito à base de ovo, manteiga sal e banha de porco (originariamente); 

A feijoada é originária do Brasil, mas a ideia de preparar comida à base de suíno em caldeirão com feijão, já existia em Portugal. O Brasil usou o colorido com fins políticos. Para mostrar a mistura harmoniosa das raças usou o feijão preto, o arroz branco e a laranja amarela. O verde da couve seria uma propaganda da nossa floresta. As partes nobres do porco abatido ali mesmo, normalmente eram destinadas ao dono da fazenda, enquanto cabeças, pés e outras partes iam para a alimentação dos escravos;

O peixe assado, tão apreciado no Amazonas e boa parte do Brasil, é uma criatividade indígena. Na ausência de grelha, e a dificuldade de espetar, o índio usava , e usa, um galho de árvore partida ao meio que “abraça” o peixe para poder ser assado;

A história do pão pode ser pesquisada até na bíblia e merece um capítulo à parte;

Contudo o prato mais romântico, de maior conhecimento popular, sem dúvida é a paella. Originaria da Espanha que, como se sabe, tem uma intensa ligação com o mar, com seus frutos e produtos. O pescador saía ao mar e precisava ter uma pescaria farta para fazer frente aos custos e sobreviver. Contudo, selecionava os produtos de menor valor comercial e preparava uma comida. Mistura de polvos, mexilhões, lulas camarões e peixes menores eram misturados com arroz (sempre abundante) e o pescador preparava um prato para a esposa. Dai o nome: Pa Ella ( para ela); 

Este prato, a bem da verdade, guarda alguma semelhança com a brasileiríssima galinhada. No interior do Rio Grande do Sul até Minas Gerais sempre havia algum viajante que não conseguia chegar a nenhuma cidade e restaurantes eram raros. Ao pedir pousada na casa de alguém era comum as pessoas prepararem uma comida com o que tinham mais a mão: galinha. Na roça nunca faltava arroz, cebola, batata ou aipim. Na maioria das vezes, só uma galinha com arroz e alguns temperos era preparada numa panela e servida sem outra guarnição. Registre-se que as panelas não existiam em grandes números no início da colonização do Brasil.

Existem tantas histórias que seriam necessários vários livros para descrever a todas. O que podemos comprovar é que os pratos que realmente conquistaram o mundo são aqueles que se originaram mais da necessidade que de outra maneira. As pessoas com poucos recursos cozinhavam com aquilo que lhes era mais fácil. Nos ermos colonizados por brasileiros e estrangeiros, a preocupação maior era com o sal. Tudo o mais poderia ser produzido, pescado ou caçado. Durante todos os milênios desde a descoberta do fogo, o homem está fazendo do ato de cozinhar algo mais que apenas necessidade. Nunca esqueçamos que os líquidos são em igual número que as refeições sólidas. A enormidade de sucos, chás, bebidas alcoólicas ou não vem sendo aprimoradas a cada dia.

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