Sem entrar no mérito das polêmicas envolvendo o senador Fernando Collor, a situação nacional atual nos remete a seu governo, quando proclamou o projeto de levar o Brasil para o primeiro mundo.
Efetivamente, apesar do acervo de realizações e avanços obtidos pelo Brasil com JK e os militares, as primeiras medidas efetivas e objetivas para a integração internacional do Brasil ao mundo globalizado que surgia se devem à orientação de seu governo, que, mesmo interrompido, legou iniciativas que não puderam mais ser revertidas. A começar pelas privatizações, o chamamento à indústria automobilística a montar carros atualizados, o que nos permitiu ter as exportações desde então.
No combate à sonegação fiscal e proteção ao dinheiro da corrupção, da sonegação e da contravenção, tomou medida muito mais simples e eficaz do que o estado policial que rege hoje o sistema financeiro, em que um saque de dez mil reais no final do mês para pagar contas exige uma série de explicações, quando o dinheiro existente nas contas evidentemente tem origem conhecida pelos próprios bancos. Collor acabou com os títulos ao portador e fez uma anistia de 25%, sem expropriar ninguém.
No Brasil, decide-se liquidar um político, rotulando de alguma forma negativa e tenta-se apagar os feitos positivos. No caso, o até então mais jovem presidente que tivemos, e o primeiro em quase 30 anos eleito diretamente, chegou ao poder sem partido, sem máquina, com uma mensagem moderna, sem medo de enfrentar o patrulhamento das esquerdas. E formou um time de alto nível, é bom lembrar.
A mesma vontade popular e adesão ideológica vieram a se repetir com o atual presidente. Collor recebeu um país em inflação galopante, Bolsonaro o encontrou saqueado e aparelhado. Ambos chegaram ao Planalto tendo passado pelo Congresso.
Ocorre que anda faltando a mesma maturidade para consolidar uma maioria parlamentar que faça aprovar as reformas sem as quais vamos passar ao quinto mundo. Temos de olhar para a história. A derrocada de Collor e o equívoco na escolha do sucessor de Itamar custou ao Brasil uma série de governos de esquerda, afetando a democracia em diferentes ângulos – a começar pela vergonhosa aprovação da reeleição em causa própria, seguida do desastre petista.
As acusações mais recorrentes a Collor atinge todos os sucessores, exceto seu vice, que completou o mandato. E agora o presidente que vai para o segundo ano sem escândalos e com parte de seu ministério do melhor nível, como são os casos de Tarcísio Freitas, Teresa Cristina, Ricardo Salles, Almirante Bento e a boa gestão nas principais estatais.
Logo, quem não estiver tomado pelos ressentimentos ideológicos e frustrações de interesses pessoais, deve se unir para apoiar o programa positivo e o governo como um todo, a começar pelo presidente baixar a bola, evitando polêmicas desnecessárias, diria até que bobas.
Não podemos ficar ocupando noticiário com brincadeiras de gosto duvidoso sobre refrigerante, disputa sobre vacina que não existe, bate-boca entre atores representativos nos três poderes da República.
Vamos tentar realizar aquele sonho de Collor, que é de todos nós, de termos um país de melhor nível, pragmático, moderno e progressista. E acabar com as conspirações pela impunidade, o atraso e a quebra estabilidade.
Olhar o passado serve para aprender a não incorrer nos mesmos erros e também para ver que nem tudo feito no passado foi negativo.