O ensino público brasileiro é responsável pela formação de grande parte da sociedade local, desempenhando também um papel essencial na construção social do aluno. São nesses ambientes escolares que estudantes e corpo docente convivem diariamente, levando suas questões pessoais para dentro da sala de aula.
No Amazonas, temos a presença de dois espaços educacionais públicos, a Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e a UEA (Universidade do Estado do Amazonas). Recentemente, a UEA passou por um processo democrático que levou à escolha do novo reitor da universidade, que será responsável por atender a demanda dos alunos e criar um ambiente de acolhimento para estudantes, professores e técnicos. Entre muitas propostas dos candidatos, algumas questões nos fazem refletir sobre a atual situação do ensino público brasileiro e o que pode ser feito para aprimorar a educação local. Mas, para começar nossa reflexão precisamos ter uma visão ampla do setor como um todo.
Com um extenso território, o Brasil apresenta uma grande desigualdade na educação pública, tendo deficiências em zonas específicas do país. Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua de 2019, o Brasil conta com uma taxa de 6,6% de analfabetos com mais de 15 anos, cerca de 11 milhões de pessoas. Separando por regiões, a pesquisa revela que a região Norte concentra cerca 7,6% do número geral registrado, sendo o segundo maior percentual, atrás apenas do Nordeste.
As desigualdades socioeconômicas evidenciadas durantes os últimos anos nos desafia diariamente a criar planos de retomada de ensino de forma equilibrada para todas as classes. Numa universidade pública, por exemplo, temos todo e qualquer tipo de estudante, desde o mais rico ao mais pobre, desde aquele que mora no interior e precisa atravessar o rio para estudar com os demais colegas até aquele que possui um carro de última geração. Esse é o desafio que enfrentamos atualmente.
Olhando para trás, mais precisamente para o ano de 2019, algumas ações em específico que prejudicavam o funcionamento do ensino público superior causaram revolta por parte de estudantes e corpo docente. No início daquele ano, o Ministério da Educação bloqueou recursos de institutos federais, além da suspensão de concessão de bolsas de mestrado e doutorado. O contingenciamento de gastos gerou revolta e vários municípios do Estado participaram de atos de manifestação.
Assim como as demais regiões brasileiras, os estudantes amazonenses se colocaram à frente de um bem maior, priorizando a sua educação e a educação das gerações posteriores. A preocupação com os projetos desenvolvidos na universidade estadual move alunos e professores, sendo pautas que constantemente são levantadas em discussões com responsáveis técnicos. O fortalecimento de programas acadêmicos discentes, assim como a reavaliação de recursos destinados às unidades do interior tornaram-se prioridades na rede pública que vem sendo ameaçada nos últimos anos.
Apesar de todos os problemas, a última década tornou-se primordial na mudança positiva de cenário na educação pública brasileira. Estratégias adotadas até aqui nos fazem ter esperança em mudar o que vem sendo apontado como deficiência e impulsionar os projetos que estão beneficiando cada vez mais os estudantes da rede.
Como exemplo, podemos citar o Fundeb. Criado em 2007, o Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica) é responsável por financiar a educação básica no país. Concentrando a porcentagem dos recursos que vêm de impostos ou transferências estaduais, o Fundeb usa esse investimento na rede de educação brasileira, sendo responsável por distribuir a renda na manutenção e infraestrutura das escolas. Desde a adoção do Fundeb, o âmbito educacional melhorou em muitos aspectos, mas ainda precisa ser readequado ao espaço geográfico de nosso Estado.
O processo democrático eleitoral da Universidade Estadual do Amazonas me elegeu como o novo reitor do Sistema Estadual de Ensino. Após ouvir os estudantes, professores e técnicos que atuam no ambiente, a gestão irá levar a frente as reivindicações levantadas durante as conversas, mantendo a promessa de transformar a universidade em um ambiente eficiente e respeitável.