15 de outubro de 2024

Nosso trânsito

Alguns costumam dizer que quem dirige em Manaus consegue dirigir em qualquer lugar. Isso está longe de ser um elogio. Esse texto tenta mostrar algumas situações que estão longe do padrão aceitável de comportamento, onde esperamos bom senso, responsabilidade e respeito. 

Muitos por aqui não dão a preferência. Quando o motorista enxerga o triângulo de cabeça para baixo e com bordas vermelhas, pode tirar o pé do acelerador. Esta placa significa que se deve reduzir a velocidade e dar preferência ao motorista que trafega em outra via. Mas nem sempre obedecem. 

Apenas dois exemplos: ao passar pela sede da Semed, perto do viaduto do antigo Detran, existe um “dê a preferência” para quem vem pela Darcy Vargas ou para quem vai dobrar à direita para entrar na Recife. Muitos abusos. 

Na saída do viaduto da Darcy Vargas, quem deseja dobrar à direita para pegar a Djalma Batista também enfrenta muitas dificuldades, pois quem vem da Constantino na direção do Amazonas Shopping sequer desacelera. Só redutor de velocidade para conter. 

Abusos nas Estradas da Ponta Negra, do Turismo e do aeroporto, só pra ficarmos em três exemplos. Altas velocidades, mudanças de faixas sem ligar o pisca alerta, não dão passagem quando percebem que você quer mudar de faixa, ultrapassagens perigosas, abuso e agressividade ao jogar luz alta pressionando por uma ultrapassagem, o que pode levar a acidentes, pessoas feridas e óbitos. 

Isso sem falar nas pessoas não habilitadas dirigindo, e muitas vezes embriagadas ou sob efeito de drogas. Aí entram as blitze (para Pasquale) ou blitz (para a Academia Brasileira de Letras). Está aí uma intervenção que pode irritar os motoristas sem documentação, mas que são muito bem-vindas pelos cidadãos de bem. 

Em Fortaleza elas ocorrem com mais frequência. Vem da Santiago do Chile um exemplo que não esqueço: montaram uma blitz pra todo mundo ver bem na passagem de quem estava num grande bar do momento. Quem saísse bêbado ou sem documento seria preso. E lá não tinha essa de engravatado ou filhinho de papai. 

Ligado a isso encontramos nas redes sociais pessoas avisando grupos e amigos que em tal lugar estaria ocorrendo uma verificação policial, tentando proteger os errados e expor os inocentes. A própria sociedade deve repudiar esse tipo de coisa. 

Percorram atualmente a Estrada da Ponta Negra e vejam como ficaram as faixas demarcadas na pista: estreitas e perigosas, tudo isso pra apertar as três faixas e sobrar espaço para a criação das ciclovias. Ora! Também somos favoráveis que se criem as faixas para bicicletas, mas não expondo quem dirige numa pista perigosa, podendo se ver pressionado por um caminhão e outro carro grande, principalmente nas curvas e na faixa do meio. 

O que me chama a atenção é o cruzar dos braços dos moradores dali, que convivem diariamente com o perigo. Fui à Ponta Negra numa quinta-feira, às 11h, e convivi com o perigo até o fim da tal ciclovia. 

Fazer média com os ciclistas forçando a barra em cima de pistas já sobrecarregadas é desserviço à sociedade. Tem uma ligação entre a Paraíba e Recife onde isso também acontece. Hoje somente um carro pode trafegar, gerando retenção. O difícil é ver algum ciclista usando essas faixas, a exemplo do que ocorre em São Paulo e Fortaleza, gerando muitas reclamações. Querem construir faixas? Que não sejam puxadinhos. 

Ainda sobre abusos, muitos motoqueiros que fazem entregas extrapolam na velocidade e do barulho. Não cuidam das descargas e acham bonito rasgar os ouvidos dos moradores com ruídos abusivos, que deveriam ser fiscalizados e proibidos pelas autoridades e empresas contratantes.  

Augusto Bernardo

é auditor fiscal de tributos estaduais da Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas e educador. Foi um dos fundadores do Programa Nacional de Educação Tributária (atualmente nomeado de Educação Fiscal).

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