26 de julho de 2024
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Inércia funcional

A pandemia, principalmente neste momento em que vivemos um pico de casos e mortes, causados pela irresponsabilidade social das festas de final de ano, vem causando as mais diversas sensações nos cidadãos. O medo é o maior problema que tem atormentado as pessoas, frente a um problema que ataca as pessoas independente de classe, de cor, de status e até mesmo do nível de cuidado que a pessoa venha atentando.

Temos também a sensação de derrota, a situação daqueles que perderam não apenas o emprego, porém perderam TUDO, inclusive a família, morta pelo vírus, tornando-os verdadeiros mortos-vivos a buscar um motivo para continuar a viver. Não é fácil para quem não passou pela situação, além de perder uma pessoa querida da família, abrir a geladeira e não ter ABSOLUTAMENTE NADA para colocar à mesa para comer ou prover seus filhos no almoço.

Existe também a sensação positiva, quando assistimos aos diversos momentos de SOLIDARIEDADE que afloram a cada momento. Os seres humanos entenderam finalmente o que significa ser HUMANO, olhando para o lado e reservando um pouco de tempo, de paciência e principalmente de recursos para atender aos que estão à beira do caos. Ações que vão desde uma simples doação de dinheiro até a distribuição de comida à frente de hospitais ou à campanha de carona aos anciãos sem condições de se locomover aos locais de vacinação, mostram que ainda é possível acreditar no ser Humano.

Até agora, no entanto, venho falando nos seres humanos comuns, pessoas físicas, seres anônimos que atuam por simples boa vontade. Onde estão, no entanto, os homens públicos, ou pelo menos que deveriam ser públicos, principalmente os parlamentares, que durante o PICO DA CALAMIDADE se acovardaram no esconderijo do recesso parlamentar e não fizeram absolutamente nada? Sua função seria em primeiro lugar VOLTAR À LUTA, sair do seu estado de letargia e voltar ao trabalho para defender aqueles que os elegeram e que deveriam estar representando. 

Após a volta do recesso, talvez até por obrigação, alguns parlamentares resolveram fazer propostas para enfrentar a situação caótica que estamos vivendo. No entanto às vezes a emenda saiu pior que o Soneto. Uma deputada amazonense resolveu apresentar uma Proposta de Lei para “baixar o preço da cesta básica! ”. Meu Deus do Céu, será que ela sabe o que realmente significa uma cesta básica em seu conceito econômico? De que maneira ela imaginou que seu projeto milagroso iria baixar o preço da cesta básica? O governo determinaria que TODOS OS COMERCIANTES SERIAM OBRIGADOS A DIMINUIR O PREÇO DOS ITENS CONSTANTES NA RELAÇÃO DE PREÇO DA CESTA BÁSICA? Seria a volta do tabelamento de preços, que por sinal é um poder federal e não estadual.

Quando apresentarem suas propostas, os parlamentares deveriam buscar pelo menos o conceito daquilo que estão propondo, para não incorrerem nos micos que vez por outra acontecem. Demoram tanto a agir e quando o fazem tratam suas funções de maneira leviana ou simplesmente completamente ignorante. É uma das explicações do atraso intelectual e cultural de um país com tanto potencial como o Brasil, porém que a cada dez anos dá uma atrasada de pelo menos cinco anos. Fica muito difícil crescer quando temos um país onde os formuladores da legislação podem ser analfabetos.

O povo está morrendo, os profissionais da saúde estão à exaustão e ao invés de ficar tentando jogar a responsabilidade da crise para o presidente da República e para o Ministro da Saúde, deveriam os parlamentares assumirem a sua própria responsabilidade, gerando um caráter devido à função e acreditando que estão no serviço parlamentar para proteger a população e não a um grupo de coronéis.

Ainda acredito no Brasil, na capacidade de nosso país e do nosso povo e, até mesmo na possibilidade de políticos sérios, uma exceção, virem a tomar as rédeas deste grande gigante adormecido, matando a inercia funcional que viraliza o serviço público brasileiro e nosso sistema parlamentar e jurídico. Deus continua sendo brasileiro e haverá de permitir que tudo isso aconteça. 

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