Estamos no meio da maior crise por que já passou no estado e o nosso país pelo menos nos últimos 50 anos. Saúde, economia, sociedade, política. Vidas humanas que precisam ser protegidas!
A pandemia de coronavírus acentuou as desigualdades sociais, que foram amenizadas pelo auxílio emergencial que o Governo Federal providenciou pagamento até dezembro passado.
Ocorre que a chamada segunda onda de Covid chegou antes da vacinação ser garantida para a maioria dos brasileiros. E no Amazonas foi muito mais do que uma onda, um verdadeiro tsunami, com epicentro na nossa sofrida capital, que no período de 30 dias sofreu um acréscimo de mais de mil mortes … Óbitos causados por esse vírus traiçoeiro associado à falta de oxigênio e de condições de tratamento hospitalar adequado para centenas de pessoas, que estão nos corredores de unidades de saúde ou em suas próprias casas, por falta de leitos em hospitais.
A calamidade voltou a se expandir rapidamente para o interior do estado. Diz-se que o poder de contágio do vírus aumentou muito por conta da mutação ocorrida em nosso estado e que pode se expandir para o restante do país. O pior ainda não passou, continuam a acontecer gestos de imprevidência e perigo por parte de pessoas que não valorizam a vida como bem maior a ser defendido. E há críticas severas contra autoridades que, segundo diversos analistas, poderiam e deveriam ter se antecipado às condições críticas de desabastecimento de oxigênio e à demora de nosso país em acessar fornecedores alternativos de vacinas, sem depender apenas parcerias Butantã/China e FioCruz/Oxford/India/Inglaterra. Critica-se inclusive o que seria a falta de prioridade da vacinação protetora da vida do povo brasileiro, que somente agora parece ter se tornado prioritária.
Além da doença, do sofrimento por ela causado, temos uma calamidade social associada: desemprego e fome! Se não houver uma urgente conscientização e ação das chamadas “autoridades” dos 3 Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), nos três níveis (União, Estados e Municípios) para reinstituir o auxilio emergencial para os mais pobres e vulneráveis, poderá ocorrer no Brasil uma grande convulsão social! A dificuldade de percepção de muitos membros da elite brasileira é óbvia. Povo com fome não consome! Não paga impostos! Mas pode furtar, roubar e se revoltar, por necessidade!
É hora de acordar! Se a elite não o fizer – e me refiro principal mas não exclusivamente aos detentores de funções públicas – e remunerações relevantes- nos Três Poderes, é provável que os angustiados desempregados se desesperem. Trata-se de enorme risco para o “andar de cima” da sociedade, mas também para a denominada “classe média”, situada na escala intermediárias entre os pobres e os ricos do país!
É preciso criar um grande Fundo de Solidariedade, com a contribuição de parte dos salários dos melhor aquinhoados no Setor Público, cujo exemplo pode iniciar pelos membros e servidores dos três poderes com remunerações muito acima da média dos servidores públicos do país. Podem ser estabelecidas faixas de contribuição, com período definido até a imunização ser finalizada. Para este Fundo também podem vir parte das verbas de gabinete e outros recursos financeiros não prioritários nesse momento de grave crise, além de contribuições voluntárias, inclusive de magnatas e de empresas cuja saúde financeira lhes permita e participar desse esforço, à exemplo das que já tem prestado importantes auxílios.
Posso estar sonhando e até ser chamado de lunático, mas estou apenas falando o óbvio ululante, que poucos desejam admitir: os que tem mais recursos precisam abrir mão de parte deles para auxiliar os que estão desprotegidos, pelo menos até que a vacina chegue para todos os que dela necessitam!
O Fundo de Solidariedade pode também contar com recursos orçamentários, mas o bom exemplo deve vir de cima. É uma grande oportunidade para o segmento político recuperar parte da credibilidade, bem como para melhorar a imagem dos Poderes da República. E, principalmente, uma chance para os que estão no topo do poder político e econômico de fazerem um sacrifício real em prol daqueles que, de fato, precisam de socorro.